De antemão, digo que a derrota
para o Cruzeiro no Domingo, apesar de ser péssima para o ego, foi excelente
para abaixar a bola dos jogadores. Por outro lado, não pode servir para
criticar o planejamento do clube e as pessoas que lá estão, pois estas têm
muito crédito. Não é fácil pegar um time quase rebaixado, humilhado por um 6 X
1 e torná-lo vice campeão brasileiro. Evidentemente o time não vai jogar bem
sempre, e, tampouco, ganhar sempre. Acrescento ainda que algumas derrotas,
emblemáticas, são benéficas à história do clube por mais que nós torcedores não
percebamos.
A vitória do Galo de 4 X 0 sobre
o Cruzeiro em 2007, por exemplo, no jogo marcado pelo gol que o Fábio tomou de
costas, foi a melhor coisa acontecida na história recente do nosso rival.
Depois daquele jogo, o segundo time de Minas Gerais, acordou, passou um bom
tempo sem perder para gente e com campanhas boas. O mesmo digo, concordando com
o Kalil, daquele maldito 6 X 1. Não fosse aquela palhaçada, a torcida não teria
acordado, não teria ficado de costas no início do Mineiro de 2012 e jogadores,
dirigentes, comissão técnica não teriam tomado vergonha na cara e o 2012
poderia ter sido bem diferente. Desde então todos os clássicos foram, como se
espera, equilibrados, decididos no detalhe e, na maioria, vencidos pelo time
que jogou melhor, mas sem folga.
Com isso quero dizer que a
derrota de Domingo não deve atrapalhar a boa fase e a confiança do time, sim,
ainda estamos em boa fase, ainda estamos confiantes. Caso contrário, jamais
escreveria sobre este tema. Ao meu ver, as críticas devem vir quando o time
está bem, caso contrário, são prejudiciais. Não vem ao caso. Hoje vou brincar
de corneta. Algumas coisas que não consigo compreender. Talvez, e bem
provavelmente seja, apenas minha opinião, mas de vez em quando é bom
desabafar.
E vou começar pela parte
positiva. Primeiramente a melhor coisa do início do ano: a contratação do Diego
Tardelli. Excelente contratação, a cereja do bolo, que deixa alguns
cruzeirenses até com despeito. Problema deles. Se o Tardelli jogar metade do
que fez na passagem anterior, com o Ronaldinho armando, vai fazer gol atrás
de gol. É nossa esperança de balançar as redes. As outras contratações, apesar das milhões
críticas, em sua maioria, foram interessantes. Para compor elenco, mas
interessantes. Rosinei, ainda acho que vai ganhar uma vaga de titular no meio
de campo. Apesar de não saber sua real condição, bola ele tem. Gilberto Silva,
além de ser ídolo, mesmo não tendo a mesma vitalidade, continua com a classe de
sempre, saindo bola como poucos e pode ser bem útil ao elenco. Morais, que não
joga há muitos meses, é muito bom jogador e pode ser uma boa opção para aquele
lado direito do Galo. Por fim, o Alecssandro que, na pior das hipóteses, é um
reserva de respeito para fazer sombra aos titulares do Galo. Boas contratações.
Entretanto não são o suficiente
para montar um elenco forte para disputar para ganhar todas as competições em
2013. Comecemos pelo Araújo. Concordo que o Cuca tem muito crédito, afinal seu
trabalho tem sido excelente. Mas gostaria de uma explicação para essa
contratação. Acho até paradoxal. Ora, no final do ano passado, o Kalil disse,
no caso do Ricardo Goulart, que não disputaria aposta. Bom, não que o bom jogo
que o jogador fez contra a gente Domingo já o credencie como uma boa
contratação, evidentemente. Mas se é para pagar mais de 100 mil mensais em uma
aposta de 38 anos, melhor investir em uma de 22, seja ela quem for. E o Araújo
começou provando que isso tinha sentido. Domingo foi um a menos no
clássico.
Também não quero acreditar que a
melhor contratação do nosso rival este ano, o Éverton Ribeiro, foi oferecido ao
Galo. Não estou com a síndrome de Kalil de cobiçar os jogadores do outro lado
da lagoa, mas desde o ano passado, com a saída do Danilinho, tenho falado que
tanto o Éverton Ribeiro quanto seu ex companheiro de clube, Rafinha, cairiam como
uma luva naquela posição. O Éverton Ribeiro, que é um excelente jogador, já foi para o Cruzeiro. Mas e o
Rafinha? Melhor do que o Éverton, há muito tempo no Coxa, o jogador certamente
seria tentado a vir disputar uma Libertadores, ao lado de Ronaldinho Gaúcho e entrar para uma vitrine mais expressiva do futebol.
Sinceramente, a cereja do bolo foi muito bem vinda, mas creio que, enquanto a
negociava, a diretoria poderia negociar com outros jogadores que poderiam fazer
parte do grupo do Atlético, o que parece que não foi feito. O time, infelizmente, está previsível. Se marcarem
o Ronaldinho, o time começa a dar chutão em busca do Jô, que, se estiver em um
mal dia e não conseguir fazer o pivô, como foi na última partida, ameaça muito pouco a meta adversária. E no banco, poucas opções para mudar o jogo do meio para frente. Precisamos de jogadores capazes de variar as
jogadas e mudar uma partida. Vamos disputar pelo menos 4 competições, e para
chegar em condições de vencê-las, temos que ter um grupo forte, pois um time competitivo, já temos.
E não é só o Araújo, que foi um a
menos Domingo, que eu não entendo. Com todo respeito ao profissional, se é
verdade que o Atlético recebeu uma proposta de 2,5 milhões de euros pelo
Serginho, não vendê-lo foi a maior das burradas. Apesar de ser um jogador
dedicado, raçudo e até fazer em alguns momentos algumas jogadas importantes,
ele não é jogador para o Atlético e a torcida sabe disso. O Serginho, apesar de
toda sua vontade e disposição, não consegue acertar um passe de meio metro. E,
apesar de tudo, devo confessar que o próprio Richarlysson me agrada mais e já mostrou mais
futebol no Galo do que o atabalhoado Serginho. Além disso, o Galo continua perdendo gols
inacreditáveis, principalmente o Jô, a quem costumo defender como um jogador
taticamente importante. Estranho ainda como, já no início do ano, tanta gente
está no DM. Não é normal.
Desabafos à parte, confio muito
no time do Galo, que tem potencial, desde que tenha humildade e jogue bola.
Como próprio Tardelli disse em sua chegada, não adianta ter bons nomes, tem que
jogar bola. E, como disse no início, essa derrota de Domingo, emblemática,
apesar de termos que suportar os rivais, tem que ter a serventia de todas as
derrotas emblemáticas: descer do salto e voltar a jogar futebol. Repito que, hoje, o meu dia de corneta, só acontece porque o time está bem, porque confio no time. O momento
da crítica é quando o time tem confiança suficiente assimilar suas falhas e se
mostrar ainda melhor. Lembremos que futebol não se ganha na boca, no nome e antes da hora. Futebol se ganha dentro das quatro linhas. E vamos Galo, porque, semana que vem começa a
libertadores. E é isso que nos importa.