O estádio sempre foi minha segunda casa. Em dia de jogo, se quisesse
me encontrar era fácil: Independência ou Mineirão, sozinho ou acompanhado, eu
estaria lá.
Até que veio essa maldita pandemia... A última vez que estive
naquela que é minha segunda casa foi no dia 07 de março de 2020. Naquela tarde,
o Galo venceu o freguês do CSA (que nos deve royalties) por 2 x 1, com aquele
golaço do Otero. Inclusive, ainda tenho, na minha carteira de estádio (é uma
específica que dá uma sorte do caramba), duas fichas de chope da esplanada do Mineirão!
De lá até hoje foram 570 dias sem voltar ao meu segundo lar.
A data da partida contra o River era o dia da minha aula na pós-graduação,
portanto não pude ir e fiquei assistindo enquanto, de rabo de olho, via a aula
de quarta...
Então, vocês não imaginam a minha alegria em saber que a semifinal
seria em uma terça-feira, dia que eu não tenho aula. Não medi esforços e não sosseguei
até conseguir o bendito ingresso. Aceitei aquele estupro nasal que é o exame de
COVID sem reclamar, tudo para hoje, depois de 570 dias, quinhentos e setenta
dias, quase dois anos, voltar ao estádio.
Sinceramente, não sei como estou trabalhando hoje, como
estou conseguindo fazer qualquer coisa. Acho que a ficha ainda não caiu e será,
decerto, a primeira noite mais ou menos normal desde que a pandemia começou:
jogo do Galo, e eu lá...
Só de pensar, arrepio. Me lembro dos grandes momentos que
vivi no Mineirão, da Libertadores de 2013, das épicas viradas de 2014! Meu
Deus, hoje tem Galo, e hoje tem eu lá gritando até a garganta sangrar (estou
economizando voz). Acho que ainda não acredito. Parece loucura, mas é a
primeira vez que verei in loco uma série de jogadores que já assisto há
tempos como o manto alvinegro! É como se o mundo, enfim, voltasse, ainda que
devagar, a girar para o lado certo.
E que hoje, mais uma vez, façamos a diferença. Aliás, quem
for tem que ir para isso! Ser o décimo segundo jogador do início ao fim, aconteça
o que acontecer.
O Galo mode está on, não penso em mais nada e que chegue
logo às 21:30, porque para mim até o Natal já passou!
Vamos Galo!