sexta-feira, 19 de julho de 2013

Carta aberta aos jogadores do Galo

Prezados jogadores do Glorioso Clube Atlético Mineiro,

Sabemos que vocês têm a consciência que ganhar do Olimpia em casa por dois ou mais gols, nunca foi e nem será uma tarefa hercúlea. Também nem foi ou será como tirar doce de criança. Nós e vocês sabemos que jogando bola, com calma, paciência sem ser tomados pela ansiedade, chegaremos ao nosso objetivo, no Mineirão, no Independência ou em qualquer outro lugar do mundo, afinal somos mais time, aliás muito mais time, que o Olimpia.

Sabemos disso tudo, mas, ainda assim, gostaríamos de pedir-lhes que joguem a partida de quarta como a última de suas vidas. Não queremos, porém, que isso se transforme em pressão, em nervosismo, ansiedade ou um peso em seus ombros. Deixem isso para a gente. O que pedimos é que joguem com raça e gana, nada mais. É um pedido que fazemos de coração, cientes de toda a situação. Cientes de que, independentemente do resultado, devemos muito a vocês, e que cada um de vocês também devem muito ao Atlético.

Sabemos que as alegrias e emoções que já vivemos este ano são inenarráveis e, se tem uma coisa que a torcida do Atlético não tem, é ingratidão. Sabemos que tão ou mais importante que o ponto final é o caminho e este, até então, tem sido memorável, digno de roteiro de cinema. Não se preocupem, não se enervem e não carreguem este peso para o campo. Saibam que, lutando, aconteça o que for, vocês serão aplaudidos.

Ainda assim, pedimos que joguem os jogos de suas vidas, disputando cada bola como se fosse a última, ganhar a todo custo. Pedimos de novo semblante da partida contra o Newell’s, em que nós e os adversários víamos em nos olhos de cada um de vocês que vocês não iriam perder, que os jogadores argentinos não iriam passar, que, não importaria o que acontecesse, a bola não entraria na meta do Galo. Queremos que vocês joguem futebol, sem medo, pressionando o Olimpia, acuando os paraguaios, não deixando que eles respirem um segundo sequer.

Não peço que disputem cada bola como um prato de comida, porque sei que, há muito, vocês tem a vida ganha. E, ao contrário de muitos, acredito que cada centavo de seus salários é merecido, porque o que você nos proporciona não tem preço. Não peço para vocês jogarem por suas carreiras, já que a maioria está bem encaminhada. Não peço por jogarem por amor a camisa, já que sabemos que são profissionais e que muitos não têm o Galo tatuado no coração. Sabemos que muitos de vocês não sabem o que é ser atleticano, embora, estou certo, já sabem que existe alguma coisa diferente nesta nação apaixonada em preto e branco.

Poderíamos repetir o lema “jogai por nós”. Por nós que, muitas vezes, mesmo sem ter condição, se reinventa para conseguir comprar um ingresso.  Por nós que superamos a dor, as dificuldades, as doenças, as diferenças, tudo para ver o time em campo. Poderíamos lembrar que vocês já são heróis de muita gente e que, de certa forma, já estão na história do clube. Saibam que, para muita gente, são o único motivo de alegria. Saibam que todos nós vivemos a tensão de todos os jogos junto com vocês e que os apoiaremos sempre, carregando o time nos braços se preciso.Não pedimos para jogarem por isso, ou pela incrível sensação de dar ao outro, muito menos rico, com a vida muito pior, uma alegria impagável, um sorriso ímpar, lágrimas de emoção e felicidade. Isso não tem preço, mas, ainda sim, não sei se para vocês esse já é um motivo para darem a vida em campo.

Pedimos, então, que vocês joguem pela glória. Glória de serem eternizados por uma nação, apaixonada, louca, maluca, doente, que ama o Galo só pelo prazer de ser atleticano. Saibam que se vocês conseguirem essa glória poderão prender e soltar em Belo Horizonte, serão adorados como verdadeiros semi deuses. Seus nomes estarão gravados na história, em lugares, em pessoas. Joguem para ter o nome de vocês perpetuados por várias gerações. Hoje, ou daqui a 100 anos, toda essa nação saberá quem foram os heróis, verdadeiros anjos que deram alegria a esta nação tão sofrida, que ama o Galo sem pedir nada em troca. Vocês têm a chance de se tornarem ídolos eternos, se tornarem estátuas, nome de ruas, estádios, salas de imprensa, serem idolatrados por onde forem daqui à eternidade. Joguem sabendo que muitas das crianças que nascerão depois deste feito, levarão seus nomes. E que daqui a cem anos, quando eles conversarem com seus netos, dirão que o nome que levam é a justa homenagem aos homens que, para nós, se tornaram heróis.

Estejam certos que se pudéssemos estaríamos em campo com vocês, e que, a cada bola roubada, a cada chute no gol estarão chutando com milhões de pés, os pés de cada torcedor alvinegro, no céu ou na Terra. Mas todo esse peso é nosso. E a nossa parte faremos. Transformaremos a vida do Olimpia em um inferno desde que chegarem à BH. Pressionaremos o juiz e, se necessário for, ganharemos no grito. Faremos do Mineirão um caldeirão, apoiaremos até a garganta sangrar, acreditamos em vocês, sabemos do potencial que vocês têm. Se não der, o que acho pouco provável, saberemos reconhecer a luta. Por isso, pedimos que joguem, joguem o que sabem. Arrisquem, disputem cada bola. Porque eles podem marcar nosso esquema, mas não podem marcar nossa genialidade, nosso ímpeto e nossa alma. Joguem com calma e paciência, sabendo que cada gol sairá em seu tempo, de maneira ordeira, sem desespero. Deixem o nervosismo e a ansiedade conosco. Façam o gol parecer grande na frente de vocês, se façam ainda maiores diante de cada olimpista em campo.

Pedimos, imploramos, suplicamos que, mesmo que a tarefa não seja hercúlea, que suem sangue, como se fosse a última partida de suas vidas, que se doem 200, 300 por cento, ainda que os 100 já fossem suficientes. Vocês sabem que o Galo é diferente de tudo o que vocês já viveram, e que “Aqui é Galo”. Vocês estão a um passo de fazerem história, de se glorificarem diante de uma nação. Se fosse para ser fácil, não era Galo, então, entre sangue, suor e lágrimas, acreditamos em vocês.