Está difícil
escrever qualquer coisa hoje. Aliás, está difícil pensar, concentrar, fazer
qualquer coisa. O dia deveria começar às 21:30. O corpo e a mente já estão no
jogo do Atlético. Jogo que vai parar BH. BH, porque o Galo não é o Brasil na
Libertadores. O Galo é o Galo e pronto e, como sempre, contra tudo e todos. O
primeiro adversário é o perigoso Olimpia em seu caldeirão, o Defensores del
Chaco em Assunção. Embora seja fato que o Atlético tenha mais bola, mais
investimento e mais organização, não se despreza um gigante tricampeão da
América, campeão mundial e que está, merecidamente, na final. Este é o principal
adversário do Galo, mas não é o único. O próprio Olimpia, além da bola, joga com a
catimba contra o Galo, proibindo o treino no estádio e limitando os
ingressos da nossa torcida em Assunção em menos de 10%. Terá troco. Mas isso é só o começo.
A Conmebol,
que, olha a ironia, fica em Assunção, é o segundo obstáculo. Não há razões para
negar ao Galo o jogo no Horto, especialmente levando-se em conta que, pelo
regulamento, o próprio Defensores Del Chaco, estádio em que será o primeiro
jogo, tem a capacidade inferior aos 40 mil, que ela Conmebol diz exigir. O clube
paraguaio vendeu 31 mil ingressos, cerca de 10 mil a mais do que pode ser vendido
no Independência. A justificativa? Nenhuma válida. E nem a CBF teve foça para
intervir. A Conmebol não mediu esforços para tirar os brasileiros da final da
competição e não medirá para impedir um brasileiro de ser campeão. Afinal, são
9 finais consecutivas com brasileiros e 3 títulos seguidos. Óbvio que a tendência seja, o Brasil tem a
melhor economia e o maior investimento em futebol. Essa batalha anti-Brasil me lembram um cuidado que temos que ter: a arbitragem. Contra o Newell’s, aqui
em Belo Horizonte, já vimos o que estão dispostos a fazer. O próprio
Corinthians, por quem não tenho nenhuma simpatia, foi, literalmente, tirado da
Libertadores pelo árbitro. E esse é o nosso terceiro adversário. Dos mais
perigosos, diga-se. Alguém poderia avisar à Conmebol que o Atlético é o Galo na
Libertadores, não o Brasil. Talvez ajudasse.
O próximo adversário é a Minas Arena, aquele lixo
que administra o Mineirão, que nos faz sentir saudades imensas da ADEMG. Segundo
consta, por retaliação ao Galo, que se recusou a ser explorado pelo consórcio, eles estão negando a vender camarotes e ingressos premium da Minas
Arena. Não sabem no vespeiro que estão mexendo, vespeiro tão grande que, ao que
tudo indica, o governo intervirá neste caso. Até porque, a justificativa ridícula do consórcio desrespeita o código de defesa do consumidor, que não permite venda casada. Não há Minas Arena para desafiar o
Atlético.
O principal
adversário do Atlético, porém, é o próprio Atlético. É psicológico e histórico.
O Galo não pode entrar no clima de oba oba, não pode vacilar no primeiro jogo,
como na semi final, não pode esconder o futebol que sabemos que tem, não pode
se deixar levar pelas pressões dos adversários fora do campo, não pode
acreditar na mística do Horto, não pode sentir-se como nós, torcedores. Time que quer ser campeão tem que ser assim, acreditar até o fim, agarrar-se em qualquer coisa. E eles podem estar certos, que no Horto, no Mineirão ou no inferno a massa estará com eles nessa batalha contra tudo e todos.
Mas nem tudo é contra o Galo. Eu acredito
que a história é cíclica, e que agora é hora dela se repetir, após um ciclo de 21 anos. Em 1992 os
Cara-Pintadas iam às ruas protestar; 21
anos depois, o povo voltou às ruas. Em 1992 o Atlético de Madrid venceu a final
da Copa do Rey da Espanha sobre o Real Madrid; 21 anos depois os Colchoneros madrilenhos, venceram seus maiores rivais em uma nova final de Copa do Rey. Em 1992, Atlético e Olimpia decidiram um torneio
sul-americano. Em 1992, Atlético e Olimpia jogaram uma partida no Defensores del Chaco, outra no Mineirão. Em 1992, o Atlético era campeão sobre o Olimpia, contra tudo e todos.
Hoje, 21 anos depois, contra tudo e todos, como foi nossa história desde 1908, e como os outros fatos anteriores, espero que a história seja cíclica.