Eu acreditei.
Acreditei tanto, que ainda não acredito. Parece paradoxo, mas, o atleticano vai
me entender. Confesso, a ficha ainda não caiu, ainda não acredito, ainda tenho
medo de acordar e descobrir que era apenas um sonho. Às vezes olho para o
espelho querendo acreditar: somos campeões da Libertadores, ganhamos a
Libertadores da América 2013, contra tudo e todos, a América é nossa. À noite
ainda é difícil dormir. A adrenalina continua no sangue. Ao fechar os olhos,
ainda vejo aquela bola explodindo na trave e a gente explodindo na arquibancada.
Lembro das lágrimas caindo no meu rosto, lembro de abraçar as pessoas ao meu
redor, gente que eu nunca vi e, provavelmente, não voltarei a ver, como se fossem meus
irmãos. Compartilhávamos a mesma alegria, aliás, ainda compartilhamos.
Foi difícil,
mas valeu a pena. Valeu a pena esperar. Valeu a pena comprar ingresso com
cambista contra The Strongest e nas oitavas contra o São Paulo. Valeu a pena
viajar para a capital paulista e não conseguir ingresso e ter que ver pela
televisão a primeira derrota do Galo na Libertadores. Valeu a pena ir e voltar
do sítio, no meio de um feriado, só para ver o Galo jogar contra o Tijuana. Valeu a
pena pagar 10 reais na maldita máscara do pânico. Valeu a pena sentir o coração
parando de bater um segundo naquele pênalti aos 47 do segundo tempo. Valeu a
pena ficar sete, sim sete, horas na fila para comprar ingresso para o jogo
contra o Newell’s. Valeu a angústia de ver o Bernard perder um gol incrível em
Rosário. Valeu quase morrer atrás do gol na disputa de pênaltis contra a equipe
argentina. Valeu as mais de quatro horas na fila e toda a dificuldade para
comprar ingresso para final, mesmo sabendo que entraríamos perdendo por 2x0. Valeu a pena gastar cada centavo com cada um dos
10 ingressos dos 10 jogos que fui (só não fui na estreia). Valeu a pena as noites sem dormir. Valeu a pena pegar o
trânsito infernal para chegar ao Mineirão. Valeu a
pena o sofrimento para entrar no Mineirão, pular a catraca mesmo
com o ingresso na mão, por pura incompetência da Minas Arena. Valeu cada
segundo angustiante na final, especialmente os 41 minutos que separaram o primeiro do segundo gol.
Nós
atleticanos, e ninguém além de nós, sabemos o que passamos. Nós atleticanos, e
ninguém além de nós, sabemos que não há palavras no dicionário para descrever o
que estamos sentindo. O coração ainda não voltou ao normal, tampouco, a cabeça
acredita no que está acontecendo. É uma sensação incrível, indescritível, uma
das melhores de nossas vidas. A taça é nossa, só nossa, e de um jeito que só
poderia acontecer com o Galo, jeito que nem o melhor roteirista hollywoodiano seria capaz de sonhar. Nós
atleticanos, e ninguém além de nós, merecíamos tanto essa conquista. Nós atleticanos, e
ninguém além de nós, tivemos tanta fé na vitória. Fé que começou do nada, porque hoje já não
parece que há dois anos Cuca estreava no clube com 6 derrotas consecutivas e
que permaneceu no clube após a goleada mais sofrida da nossa história. Mas
assim se fazem campeões, com fé e trabalho. Nós atleticanos, e ninguém além de
nós, sabemos da nossa importância no título, mas nós atleticanos, e ninguém além
de nós, somos e seremos eternamente gratos aos nossos mais novos heróis.
Ainda
tomado pela emoção, e sem conseguir me fazer entender à ninguém que não torça contra o vento, encerro dizendo: parabéns à nós e muito obrigado aos que tornaram
nosso sonho real.