A crise está
instaurada no Galo. Já tem quase uma semana que não ganhamos a Libertadores. Um
verdadeiro absurdo!
Brincadeira à parte, ainda olho no espelho repetindo para
mim mesmo: sou campeão da Libertadores. Não consigo acreditar, não consigo
parar de comemorar, não consigo parar de emocionar ao rever aqueles pênaltis, não consigo fechar os olhos e ver outro lugar que não o Mineirão na madrugada de quarta para quinta. Somos
campeões, nada mais que CAMpeão das Américas, isso, simplesmente isso. CAMpeão. Sinto, porém, que falta alguma coisa. Não é a
taça, que está em Lourdes. Não são as faixas, que vamos receber na quarta. Não
faltam as passagens para o Marrocos. Mas ainda falta alguma coisa. Não sei o
quê. Melhor, acho que sei. A festa, festa oficial, com trio elétrico e tudo o
que merecemos.
Talvez, com
essa festa, possa voltar a dormir em paz, possa voltar à preocupar com o
Campeonato Brasileiro ou começar a pensar em Copa do Brasil, apesar da cabeça
estar em Marrocos. É muita alegria ainda guardada, é muito grito atravessado na
garganta, é muita emoção. Não havia no mundo torcida que merecia mais que a
nossa, não havia no mundo time que merecesse mais que o nosso e, finalmente, somos campeões da América. Não é pedir muito uma festa. Finalmente estamos libertos da dita maldição
de Telê, que andou 25 dos 67 km prometidos após o Campeonato Brasileiro de 1971, finalmente estamos libertos dos arrotos esdrúxulos de 42 anos sem títulos. Estamos libertos de tudo. Cada torcedor, cada jogador, junto com a instituição
não são mais os mesmos depois daquela madrugada do dia 24 pro dia 25. E isso
merece uma festa.
Merecemos a
festa, pois somos mais que campeões, muito mais. O sentimento é de plenitude,
sentimento que muitos nunca haviam sentido antes. Um sentimento, que, me
perdoem os outros, só um título do Atlético pode gerar. Só uma torcida que
passou tudo o que passamos sabe o que é isso. Não há como explicar ou traduzir
para qualquer outro torcedor o que é ser atleticano e qual sentimento o atleticano
esta vivenciando. Por isso continuaremos festejando, festa, que, me perdoem,
não tem data para acabar. Por isso
ficamos até à tarde do dia seguinte na praça 7. Por isso vamos lotar o Marrocos
e pintá-lo de alvinegro, como fizemos com BH. Por isso nos tornamos fizemos as
mais diversas promessas, alguns largaram os vícios, outros assumiram a fé que
nunca tiveram e, por esse título, garanto, tudo isso valeu a pena. Essa nação,
para a qual o dia 25 é místico, o preto e o branco sagrados, que sofreu, que
vibrou, que jogou junto, que orou, chorou, prometeu e fez tudo pelo Galo merece
uma festa.
Na memória, no
imaginário, nos sonhos, continuam as imagens daquela madrugada impar e
inesquecível para todos os atleticanos, sobretudo para nós, que estávamos lá,
vendo nosso sonho se realizar. Agora falta a festa, e que seja inesquecível como o jogo e grandiosa como
foi a do centenário e da volta à série A. Desta vez, porém, com um
sentimento diferente. O sentimento de Campeão, de melhor das Américas, de ter
provado que nós podemos. Quem sabe assim
a ficha caia e eu possa voltar à cabeça para outro lugar, fechar os olhos e ver
algo para além do Mineirão, na madrugada do dia 25/07.