É muito
recalque. É muito ódio no coração. Esse despeito, que na verdade é muito
respeito, é porque os cruzeirenses não estavam preparados para uma conquista do
Galo. Isso tudo porque, agora, eles perderam o argumento dos títulos que tanto
gostavam. Evidentemente, é verdade, que não são todos, conheço alguns que, se
não felizes, engolem seco para reconhecer. Mas uma parte extremamente
considerável alimenta um recalque que eu nunca tinha visto. E é impressionante,
verdadeiramente incrível, como eles se preocupam com isso. O respeito pelo Galo
é imenso, tão imenso que eles tentam, em vão, negar para eles mesmos nossa
grandeza. Grandeza que não dependia do título da Libertadores, mas que se
acentuou imensamente após nossa conquista.
O recalque vai
do título à catarse belo-horizontina após a vitória. Catarse que todos nós
saberíamos que aconteceria. Sinceramente, nessas horas, ainda mais do que nas
outras, dou graças à Deus por ser atleticano e não conseguir entender esse sentimento de
ódio e esse recalque. E não é só torcer contra, porque isso eu entendo. Não sou
de zoar ninguém quando meu time ganha, nem quando o adversário perde, mas
estaria mentindo se dissesse que não torci pelo Estudiantes em 2009, ou pelo Alianza
Lima em 1997. Mas nenhum dos resultados mudou minha vida, afinal, não foram
jogos do meu time. Eles pensam de maneira diferente.
Será que a derrota
para o Estudiantes ainda dói tanto? Será que eles perceberam que ganhar da
gente de 6 foi o pontapé inicial para este título? Será que eles temiam tanto o despertar do Galo? Será que o argumento acabou? Não sei, mas a coisa já está
ficando patética. No dia seguinte ao título, fui à academia pela tarde com a
camisa do Galo. Não falei nada com nenhum torcedor rival, embora tenha
conversado com os atleticanos. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, um
cruzeirense veio e me disse: “foi comprado, aquela escorregada foi muito
suspeita”. É calar para não render, mas ria por dentro. Uma compra extremamente
bem feita, primeiro pelo investimento espetacular, segundo pela atuação
fantástica dos adversários. Que atores são os jogadores e comissão técnica do
Olimpia! O pacote que compramos foi com emoção, com direito a disputa de pênalti e pênalti a nosso favor não marcado. O último
cobrador deles, então, um gênio, pois mirar aquela bola na trave daquele jeito... Coisa de Pelé. E olha que ainda esqueceram de avisar ao goleiro olimpista que o jogo estava comprado.
Enfim, patético.
Dias depois,
quando ainda estava comemorando, e vou continuar comemorando enquanto eu for o atual
dono da América, título que vi no estádio, a pauta mudou. “O Atlético
não mereceu, foi muita sorte. Quase perdeu para o Tijuana, para o Newell’s e para
o Olimpia. Não venceu o melhor, o time não jogou bem. Resumi, ainda rindo por dentro, que era sorte
de campeão. Aliás, isso pouco importa. A taça é nossa. Além disso, eles mesmos se desvalorizam, afinal, em 1997 eles ganharam com uma
campanha pior que a nossa. O próximo argumento foi: “também, não pegou o Boca,
nem o Corinthians e que a final foi contra o Olimpia do Paraguai. Pegar o Newell’s é fácil, se fosse o Boca não virava”. Deus,
quanto recalque. Primeiro, Boca e Corinthians estavam lá, mas um eliminou o
outro e o que passou foi eliminado pelo Newell’s, time que nós tiramos. Que
culpa temos se eles não foram competentes o suficiente para cruzar nosso
caminho, e se nós fomos competentes o suficiente para não passarmos pelo
caminho deles precocemente? Novamente eles se desvalorizam. Enfrentamos na final
um time tricampeão da Libertadores e campeão do mundo, enquanto eles, na última
conquista, ganharam de um time peruano.
O desespero é
tanto que eles não percebem que estão se desvalorizando. Afinal, no clássico,
com o fim do argumento deles, para se auto afirmarem cantaram para o Galo uma
música que começa, mais ou menos assim: “não ganha nada...”. Se a Libertadores
de 2013 não é nada, todas as outras, inclusive às de 1976 e 1997, também não
são nada. Então, nada por nada, somos ambos nada. Não preciso desvalorizar as Libertadores do Cruzeiro para valorizar a minha. E não adianta falar dos clássicos de 2013, afinal, no ano de 2113, quem for falar de futebol
brasileiro de 2013 vai dizer: "O Clube Atlético Mineiro foi, naquele ano, o
Campeão da América." Não importa o tanto que eles comentem as notícias do
Atlético na Internet – e podem reparar que quase 100% dos comentários nas
notícias do Galo são deles querendo nos diminuir. Olha que Isso é porque eles são os
líderes do Brasileirão, imagina se estivessem mal. Até da festa eles sentiram inveja. Eles não estavam
preparados para o Galo campeão. É a vida, e não adianta. Podem sentir o
recalque que for, o sentimento da conquista do atleticano só será compreendido
pelo atleticano e ninguém mais. E quanto mais eles se preocupam com a gente, mas nos engradecemos. Apesar disso tudo, para provar que não temos nenhum
ressentimento, hoje ainda vamos ajudá-los vencendo o Botafogo no Horto.
Só mais uma
coisa: o importante é que em 2013 a plaquinha, que foi para a base da taça
Libertadores da América, tem o escudo do Galo e os dizeres Clube Atlético Mineiro. A propósito, se tiverem com saudade da taça, podem visitá-la até o dia 19 de Dezembro na
sala de troféus do Galo.