quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Não esperavam o Galo campeão

É muito recalque. É muito ódio no coração. Esse despeito, que na verdade é muito respeito, é porque os cruzeirenses não estavam preparados para uma conquista do Galo. Isso tudo porque, agora, eles perderam o argumento dos títulos que tanto gostavam. Evidentemente, é verdade, que não são todos, conheço alguns que, se não felizes, engolem seco para reconhecer. Mas uma parte extremamente considerável alimenta um recalque que eu nunca tinha visto. E é impressionante, verdadeiramente incrível, como eles se preocupam com isso. O respeito pelo Galo é imenso, tão imenso que eles tentam, em vão, negar para eles mesmos nossa grandeza. Grandeza que não dependia do título da Libertadores, mas que se acentuou imensamente após nossa conquista.

O recalque vai do título à catarse belo-horizontina após a vitória. Catarse que todos nós saberíamos que aconteceria. Sinceramente, nessas horas, ainda mais do que nas outras, dou graças à Deus por ser atleticano e não conseguir entender esse sentimento de ódio e esse recalque. E não é só torcer contra, porque isso eu entendo. Não sou de zoar ninguém quando meu time ganha, nem quando o adversário perde, mas estaria mentindo se dissesse que não torci pelo Estudiantes em 2009, ou pelo Alianza Lima em 1997. Mas nenhum dos resultados mudou minha vida, afinal, não foram jogos do meu time. Eles pensam de maneira diferente.

Será que a derrota para o Estudiantes ainda dói tanto? Será que eles perceberam que ganhar da gente de 6 foi o pontapé inicial para este título? Será que eles temiam tanto o despertar do Galo? Será que o argumento acabou? Não sei, mas a coisa já está ficando patética. No dia seguinte ao título, fui à academia pela tarde com a camisa do Galo. Não falei nada com nenhum torcedor rival, embora tenha conversado com os atleticanos. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, um cruzeirense veio e me disse: “foi comprado, aquela escorregada foi muito suspeita”. É calar para não render, mas ria por dentro. Uma compra extremamente bem feita, primeiro pelo investimento espetacular, segundo pela atuação fantástica dos adversários. Que atores são os jogadores e comissão técnica do Olimpia! O pacote que compramos foi com emoção, com direito a disputa de pênalti e pênalti a nosso favor não marcado. O último cobrador deles, então, um gênio, pois mirar aquela bola na trave daquele jeito... Coisa de Pelé. E olha que ainda esqueceram de avisar ao goleiro olimpista que o jogo estava comprado. Enfim, patético.

Dias depois, quando ainda estava comemorando, e vou continuar comemorando enquanto eu for o atual dono da América, título que vi no estádio, a pauta mudou. “O Atlético não mereceu, foi muita sorte. Quase perdeu para o Tijuana, para o Newell’s e para o Olimpia. Não venceu o melhor, o time não jogou bem. Resumi, ainda rindo por dentro, que era sorte de campeão. Aliás, isso pouco importa. A taça é nossa. Além disso, eles mesmos se desvalorizam, afinal, em 1997 eles ganharam com uma campanha pior que a nossa. O próximo argumento foi: “também, não pegou o Boca, nem o Corinthians e que a final foi contra o Olimpia do Paraguai. Pegar o Newell’s é fácil, se fosse o Boca não virava”. Deus, quanto recalque. Primeiro, Boca e Corinthians estavam lá, mas um eliminou o outro e o que passou foi eliminado pelo Newell’s, time que nós tiramos. Que culpa temos se eles não foram competentes o suficiente para cruzar nosso caminho, e se nós fomos competentes o suficiente para não passarmos pelo caminho deles precocemente? Novamente eles se desvalorizam. Enfrentamos na final um time tricampeão da Libertadores e campeão do mundo, enquanto eles, na última conquista, ganharam de um time peruano.

O desespero é tanto que eles não percebem que estão se desvalorizando. Afinal, no clássico, com o fim do argumento deles, para se auto afirmarem cantaram para o Galo uma música que começa, mais ou menos assim: “não ganha nada...”. Se a Libertadores de 2013 não é nada, todas as outras, inclusive às de 1976 e 1997, também não são nada. Então, nada por nada, somos ambos nada. Não preciso desvalorizar as Libertadores do Cruzeiro para valorizar a minha. E não adianta falar dos clássicos de 2013, afinal, no ano de 2113, quem for falar de futebol brasileiro de 2013 vai dizer: "O Clube Atlético Mineiro foi, naquele ano, o Campeão da América." Não importa o tanto que eles comentem as notícias do Atlético na Internet – e podem reparar que quase 100% dos comentários nas notícias do Galo são deles querendo nos diminuir. Olha que Isso é porque eles são os líderes do Brasileirão, imagina se estivessem mal. Até da festa eles sentiram inveja. Eles não estavam preparados para o Galo campeão. É a vida, e não adianta. Podem sentir o recalque que for, o sentimento da conquista do atleticano só será compreendido pelo atleticano e ninguém mais. E quanto mais eles se preocupam com a gente, mas nos engradecemos. Apesar disso tudo, para provar que não temos nenhum ressentimento, hoje ainda vamos ajudá-los vencendo o Botafogo no Horto.


Só mais uma coisa: o importante é que em 2013 a plaquinha, que foi para a base da taça Libertadores da América, tem o escudo do Galo e os dizeres Clube Atlético Mineiro. A propósito, se tiverem com saudade da taça, podem visitá-la até o dia 19 de Dezembro na sala de troféus do Galo.