Estava ocupado demais
para escrever, mas não para acompanhar o Galo. Estive presente nos últimos 5
jogos no Horto e, obviamente, vi todas as outras partidas, inclusive a de ontem. E,
sobre o revés diante do Corinthians, o que se há de dizer é que existem
derrotas e derrotas.
Existem derrotas, como
aquelas para o Flamengo, nas quais patético é elogio para o futebol
apresentado, e causa uma revolta absurda por perder para um time infinitamente
inferior tecnicamente. Algumas, como a diante do Goiás e Sport, são
simplesmente “incomentáveis” e implacáveis, tamanha a apatia demonstrada em
campo. Outras, como as contra o São Paulo, meras fatalidades, aquelas em que
você lamenta profundamente os gols perdidos... Enfim, derrotas e derrotas.
A de ontem é uma
daquelas derrotas que não são surpreendentes, pelo contrário, fazem parte do
planejamento. Afinal, ninguém vai ganhar todos os jogos, e, na “Arena Mãos ao
Alto” contra a Gambazada, um time, apesar de mal treinado, muito bom,
não é nenhum absurdo. Contudo, ontem especificamente, apesar de todos esses
fatores, a derrota foi injusta. A começar pelos números. O Galo chutou o dobro
das vezes, ficou muito mais com a bola, foi quem procurou o jogo e foi melhor.
O adversário
aproveitou-se, em casa, do contra-ataque e achou um gol em uma bobeira do Jemerson,
única do jogo. Mas antes de falar das falhas do Galo, que, óbvio, aconteceram,
vamos lamentar o lamentável. A gente sabe como funciona os jogos contra
o Corinthians. Com todo o respeito, eu tenho muitas dúvidas com relação à posição
do Romero quando recebeu a bola para fazer o cruzamento do gol. Muitas dúvidas
mesmo. Só não as sanei por completo, confirmando a minha suposição primeira,
porque, quando o lance é para os Gambás, a câmera de impedimento some. Nenhum
replay em ângulo aberto apareceu... Vai saber.
E não foi só isso. O
juiz, pelos dois lados, é verdade, não marcava quase nenhuma falta, deixou o
pau cantar e não deu nenhum cartão em lances que paravam contra-ataques,
sobretudo os do Galo. O Corinthians sobre aproveitar melhor dessa pancadaria. Quando
os jogadores do Atlético partiam com a bola dominada, era porrada na certa.
Faltou aos atletas do Galo a inteligência de perceber isso e soltar as bolas
mais rápido, sobretudo ao Marcos Rocha e o Tardelli. Era fato: não ia ter
falta, então para que correr com a bola e levar porrada?
Mas vamos aos
defeitos atleticanos, afinal, mesmo com esses pontos lamentáveis, há erros para
se corrigir. O time sentiu, e muito, a falta do Rafael Carioca na saída de
jogo. O Galo ficou muito tempo com a bola em lugares improdutivos, principalmente na defesa, rolando de
um lado para o outro, sem infiltrar. Faltou velocidade de jogo, intensidade e verticalidade, um pouco o jeito “Galo Doido”, do Cuca. Não foi só isso. Excluindo as
bolas paradas do Marcos Rocha, o Atlético não acerta um cruzamento. Incrível. São
bolas e mais bolas rifadas na área ou colocadas nas mãos do goleiro.
Acrescente a isso o
fato de o Luan e o André terem perdido gols que, simplesmente, não se perde.
Principalmente o do Luan. Faltou calma para finalizar e deixar o resultado mais
justo e condizente com o que foi o jogo. Falando em finalizações, falta ao Galo
justamente isso: chutar. O time, parece, tem vontade de fazer gols de dentro da
área, entrando com bola e tudo. Contra um time bem fechado como o
Corinthians, isso complica. Em um dado momento da partida, após um arremate do
Tardelli, o Levir Culpi virou ao seu auxiliar e disse: “qual a dificuldade em
tocar a bola”. Em casa, eu respondi: “qual a dificuldade em tentar chutar a gol?”.
E não é falta de qualidade. Donizete, Rocha, Tardelli, Guilherme, todos são
jogadores com bom potencial de chute.
Por fim, alguns
jogadores atuaram abaixo do nível normal. Enquanto o Conceição e Claudinei, por
exemplo, estiveram absurdamente acima de sua capacidade, Donizete, Marcos Rocha,
Guilherme, Luan, Carlos e Tardelli foram abaixo do normal, o que é
compreensível. O anormal e contestável é colocar o André no jogo. Mesmo o Jô
estando mal, se não for para alterar o esquema, tirando o jogador fixo da área,
melhor não mexer. O André não tem acrescentado absolutamente nada no time.
Em um balanço geral,
porém, o time jogou bem e o resultado foi mentiroso. Saímos ainda com a certeza
absoluta não só que podemos entrar no G4 como, principalmente, que é tranquilamente
possível passar pelo Corinthians/Apito na Copa do Brasil.