O estóico jogo contra o Flamengo, seja na ansiedade pré-jogo, seja na alegria pós-embate
me impediu de escrever sobre um tema cujo todo atleticano deveria se atentar. A
dispensa de três jogadores pela confusão no Paraná. Na verdade de um jogador,
Jô.
Dos outros
dois tenho muito pouco a dizer. O André, um investimento absurdo, aliás, um
gasto, pois investimento pressupõe retorno, teve alguns lapsos de importância
quando chegou e fez meia dúzia de gols que até ajudaram o Galo a não cair e foi
artilheiro do Mineiro de 2012. Ou seja, nada. Já o Emerson Conceição foi
fundamental. Fundamental para várias derrotas do Atlético. Nada mais a declarar.
Mas não o
Jô. Não discuto a decisão, acho correta, mas lamento muito e devo dizer sou muito grato a
tudo que ele fez. Acho, inclusive, todos deveríamos ser gratos ao “Bitelão
Alvinegro”, como apelidou Eduardo Madeira, locutor da 98. De fato, e até nisso
o R10 é diferente, faltou ao camisa 7 o timing de sair. Sair por cima, na hora
certa, sem dar tempo de alguns esquecerem seus feitos, ainda que ele tenha sido o responsável por jogar sua própria história por terra.
O problema
do Jô, inclusive, não está em campo. O campo é reflexo de problemas pessoais
sérios relativos ao comportamento. A questão não é esportiva, chega ser médica. Gostava do Jô como jogador, a
capacidade de fazer pivô, de ganhar bolas aéreas. Ele não é daqueles centroavantes
que, se não faz o gol, é o pior em campo. Ele se movimenta, corre e se esforça.
Independentemente
disso, mesmo não tendo nem como discordar da decisão diretoria, todos devemos
gratidão ao camisa 7. O Jô, quando chegou do Inter, desacreditado, se
aproveitou de uma lesão do André para entrar e não sair mais do time. Mesmo
perdendo muitos gols, fez tantos outros importantes.
Em 2012,
não esqueçam, Jô foi o centroavante vice-campeão brasileiro. Foi dele o gol de
empate contra o Fluminense naquele épico 3 x 2. Ele é o maior artilheiro do
Atlético na Libertadores em todos os tempos. Se fomos campeões da Libertadores,
o artilheiro da competição tem parte importante nisso.
Óbvio que
jogando com R10, Tardelli e Bernard, as coisas se tornam mais fáceis. Mas, no
baile contra o São Paulo no Horto, aquela vitória por 4x1, três foram dele. O
camisa 7 alvinegro estava no lugar certo na hora certa no início do segundo
tempo da grande final. Oportunista, sem deixar de acreditar, ele se jogou na
bola mal cruzada por Rosinei e mal cortada pela zaga e abriu a retranca
olimpista.
Não há razões
para sermos ingratos. Eu, que sempre tive esperança na recuperação, hoje torço
apenas se cuide fora de campo e prossiga na sua carreira. Afinal, é muita coisa
para um jogador que, aos 15 anos, estava no elenco profissional do Corinthians
campeão Brasileiro.
Hoje, não
há de se fazer nada além de agradecer pelos serviços. Sempre serei grato aos
jogadores que, de alguma forma, foram importantes naquela decisão. E ele,
certamente, foi um dos essenciais. Aliás, até na despedida ele prestou um
serviço ao Galo: levou com ele, aí sim, dois eternos encostos. Por tudo Jô,
então, obrigado.