quinta-feira, 14 de maio de 2015

Despindo as emoções, porque nem sempre o melhor vence.

Começo com um parêntese e uma pergunta: vocês ouviram mais foguetes quando o Cruzeiro passou pelo São Paulo, ou quando o Galo foi eliminado pelo Inter? Pois bem, ou a torcida colorada em BH está marcando presença ou realmente o tombo dos gigantes repercute mais do que o sucesso dos medíocres. Até porque, vamos ser francos, qualquer um dos dois que jogaram a preliminar às 19:45, perderiam para qualquer um dos dois que se enfrentaram às 22:00. A questão da preliminar não era saber quem sairia, e sim quando cada um sairia.

Isto posto, devo dizer que existem derrotas e derrotas, porque perder ou ganhar é do jogo, a forma é que faz toda a diferença. E o melhor não ganhou no Sul. O time fechou a primeira etapa com 70% de posse de bola, jogou bem, assustou os Colorados que, apesar da festa, aumentaram enormemente o já grande respeito, quase temor, que tinham pelo Galo. Eles passaram um verdadeiro cagaço, com perdão da expressão, até sumir com as bolas do campo eles sumiram numa atitude claramente Guarani de Divinópolis. Acontece.

Derrotas como aquela para o Atlético Nacional na Colômbia são frustrantes, pela falta de raça e de vontade de ganhar. Derrotas como a para o Atlas, apesar de não ter faltado empenho, são temerárias pelo futebol - falta de - apresentado. A eliminação de ontem, não. Saímos, mas de cabeça erguida. Não houve má vontade, nem mau futebol. Pelo contrário, o time lutou até o fim, suou e honrou a camisa e, na maior parte dos 180 minutos jogou bem, aliás, bem melhor do que o Inter.

Mas isso é futebol. Ontem de cabeça quente, confesso que ontem xinguei em pensamento umas cinco gerações do Dátolo, e que depois cheguei a ter pena dele. Hoje, contudo, de cabeça fria, após uma noite pessimamente dormida, é verdade, enxergo com mais clareza e frieza que não foi só dele a culpa da eliminação. Ele cometeu um erro infantil e comprometedor, de fato, mas não foi só isso, todos ganham e perdem juntos. Aliás, os dois melhores jogadores da campanha do título da Copa do Brasil comprometeram nas partidas contra o Inter. A entregada do Marcos Rocha com 2 minutos que nos tirou a vitória certa no Horto e desestabilizou o time, e a entregada do Dátolo que nos tirou o empate igualmente eminente e certo.

Entretanto, os outros três gols sofridos no confronto foram igualmente ridículos. No segundo do Inter no Horto, o Leo Silva, achando que a bola ia sair, deixou o jogador deles cabecear para o meio da área. Lá em Porto Alegre, no início do jogo a zaga ficou em linha enquanto o lateral atacava. Na frente de um camarada como D’Alessandro se postar em linha significa enfiada de bola nas costas, e alguém na cara do Gol. Já aos 46 do primeiro tempo, após um milhão de chances de tirar a bola, o Galo deixa a criança nos pés do D’Alessandro e nem Donizete, nem Douglas Santos, nem Thiago Ribeiro, nem Jemerson nem Dátolo conseguiram tirar a bola do cara. Um cara como o D'Alessandro faz muita diferença, é como o Guilherme, que fez muita falta.

Ainda assim, perdemos dois caminhões de gols, um aqui e outro em Porto Alegre. Bolas na trave, não sei quantas. Aquela do Luan... Ali era a classificação. Ainda assim, poderia ter sido diferente, não tivesse o juiz ontem anulado, sem a menor razão de ser, um gol do Jemerson; ou não ter visto um pênalti claro no Jô – mais claro ainda tendo em vista o critério usado na falta que anulou o gol do Galo – e ou se tivesse sido honesto nos acréscimos.

Não faltou raça, não faltou garra, não faltou suor e nem futebol. Despido de emoções, não há como negar que o time jogou bem. Contudo, não é por ter caído de pé, sem merecer, que os problemas serão mascarados. O Dátolo, por exemplo, por mas que eu ache uma puta sacanagem colocar a desclassificação somente nas costas dele, não vem repetindo as atuações do ano passado. Aliás ele não atua bem como protagonista e o grande erro foi colocá-lo com a 10, como um 10 e ele ter acreditado nisso. Mesmo este ano, a melhor atuação dele, contra o Cruzeiro, só aconteceu depois da entrada do Guilherme.

Ele precisa que alguém seja o protagonista para ele, vindo de atrás, quase como um volante apareça bem. Seja o Guilherme, fosse o Tardelli, ele precisa de alguém que chame a responsabilidade e o deixe apenas como mais um, aí sobra espaço. E o Levir está, sem querer, queimando o jogador, mantendo-o no time titular. É hora de poupá-lo, colocá-lo no banco e aproveitá-lo em ocasiões esporádicas, fora de casa, principalmente.  É verdadeu que ele não foge às responsabilidades, nunca se omite, não deixa de trabalhar ou lutar. Estou certo que ele vai recuperar a confiança e dará a volta por cima, mas é hora de recuperar a confiança, porque confiança no futebol é tudo. 

Mas, embora o time tenha jogado bem, não é só o Dátolo que caiu de produção. Sou fã dele, ele tem a cara do Galo, mas de uns jogos pra cá o Leandro Donizete tem esquecido de jogar bola e só batido. Ele tem errado muitos passes, e, quando ele vai mal prejudica o time demais. É mais ou menos como o Rocha: quando vai bem você nota o quanto o time inteiro melhora. Ontem,inclusive, o Donizete, além de errar muitos passe, recebeu tolamente um cartão amarelo antes dos 10 minutos só para dar uma bica no D’Alessandro. O Thiago Ribeiro é um que não se justificou ainda, e, diferentemente do Carlos, que estava muito mal no ataque, não marca ninguém. Por fim, e isso fica claro, o Atlético precisa, urgentemente, treinar cruzamentos e bolas paradas, sobretudo ofensivas. É difícil ver um cruzamento certo, ao menos com os pés...

No geral, contudo, o time está indo bem. Tem muita carência nas reservas das laterais, sobretudo na esquerda – que aliás, tem um titular muito irregular -, mas ganhou reforços importantes dentro do grupo. O Maicosuel, tenho de dar o braço a torcer, está merecendo mais uma chance no time titular. Jogou bem sábado, esteve bem ontem. É uma boa alternativa para o lado esquerdo. Tenho até medo, mas devo admitir também que o Patric está merecendo um pequeno voto de confiança como um reserva para eventualidades, um Carlos César da vida. Bola para ser titular ele nunca vai ter, nem para ser um reserva confiável, desses usados constantemente. Não há como negar, porém, que, dentro de suas limitações – e são muitas – ele não foi mal nos dois últimos jogos. Ganhamos ainda o Jô e, com ele, uma opção a mais de estilo de jogo. Ganhamos também o Giovanni Augusto, que, escrevam, será muito útil. 

É como eu disse: o Galo está jogando bem. Foi eliminado por um acidente de percurso, por um time expressivo, mas saiu de pé, com vergonha na cara e brio. É hora de levantar a cabeça, porque o ano está longe de acabar e temos uma oportunidade ímpar de ganhar o Brasileirão. Vendo os times e os jogos da primeira rodada, vislumbrando o futuro, os favoritos do Brasileirão, por mais que forcem Palmeiras e Santos, não fogem muito aos times que disputaram a Libertadores. E, dos três eliminados ontem, um tem condição de sair de pé, sem sentir o golpe: o Galo. Corinthians e São Paulo nem chegaram à final do estadual. O Corinthians foi eliminado pelo Guarani do Paraguai e os tricolores estão levando o time com a barriga baseado em uma ou duas atuações mais ou menos que tiveram.

É hora de aproveitar o fato de, principalmente, o Inter, estar na Libertadores. É hora de erguer a cabeça e ir com tudo no Brasileirão, criar uma distância boa enquanto tem gente se poupando para a Libertadores, outros para a Copa do Brasil e outros curtindo a ressaca. Quem assistiu aos jogos deste fim de semana sabe: Palmeiras, Santos, Fluminense, Vasco, Flamengo e Grêmio não são times páreos para o Galo neste Brasileirão. Nem no papel, nem no campo. É hora de esquecer o passado e pensar no futuro, focar e disparar neste Brasileirão.

Eu acredito, vejo grandes e reais as possibilidades deste caneco ser nosso. Parem e pensem: quem ameaça no Brasileirão? Então! Se o Atlético mantiver essa regularidade de atuação, prosseguir com o trabalho, vai ser campeão. Vamos sair da fila. Nem falo em Libertadores, porque, este ano, com este time, com o futebol que está jogando, sinceramente, a não ser que algo mude radicalmente, estar entre os 4 é obrigação. Falo em ser campeão, em levar mais uma taça para casa, a mais difícil delas.


Bola pra frente, eu sigo acreditando. É hora de lutar com o time por esse título, para sair dessa fila. Não vamos nos esquecer que todos os jogos são finais, começando por esse final de semana em Brasília. Afinal, das taças que sonhei em ver e viver o Galo levantando, só falta o Brasileirão...