terça-feira, 6 de agosto de 2019

E se...

Antes do Clássico eu ouvi um torcedor dizer: "e se o Galo toma 1 x 0 do Botafogo no primeiro tempo? Já pensou o sufoco que seria". Vontade de mandar à merda ficou na garganta. O se não joga, nem a favor nem contra. E se o lance que o Vinícius errou no ataque contra o Cruzeiro por preciosismo gerasse um gol no contra-ataque? E se a bola do Fábio Santos entra? E se o juiz do Campeonato Mineiro não inventasse o escanteio que originou o gol deles? E se o Tanque Ferreira não tropeça na bola em 2013? Então, à merda com esse complexo de vira-lata.

Em campo, Rodrigo Santana e o time foi muito bem. A escalação do time do Galo foi acertada e deu muito certo. Vinícius e Cázares foram escolhas boas, com a mudança de posicionamento do Elias e, claro, mais uma exibição de gala do Jair. E domingo, no Horto, tive mais uma prova da minha teoria dos camisas 10. Todos sabem que sou defensor do Cazares, mas no Clássico, até pessoas que são perseguidoras dele elogiaram a atuação dele mais do que eu. De fato, acho que ele não foi tão bem, o que é compreensível após o tempo parado. Por outro lado, vendo os melhores momentos, vi que a maior parte deles, enquanto o 10 esteve em campo, passou pelos seus pés. Inclusive no lance do gol.

E o time foi taticamente quase que perfeito. Rodrigo Santana se mostrou um excelente estrategista, que sabe variar o jogo conforme o adversário. Ele sabia - e aprendeu na marra - que o Cruzeiro não gosta da bola, mas do contra-ataque. O que ele fez? Deu a bola para o Cruzeiro. Eles, sem saber o que fazer com ela, mal atacaram. Enquanto isso, nos contra-ataques, fomos perigosos. Aliás, chegamos muito mais que eles, mesmo tendo menos posse.

Há de se observar, que para que isso ocorresse, foi necessário a atuação quase que impecável dos atletas - com e sem a bola, sendo esta última algo muito difícil para o torcedor notar. Quem gosta de futebol, acompanha futebol, joga futebol e vê o jogo no estádio, consegue perceber que o futebol é jogado muito mais SEM do que COM a bola. E nisso o Galo foi perfeito. Os laterais fizeram o simples, sem comprometer. A zaga, as torres gêmeas, foi perfeita. Rever ganhou todas e o Igor Rabello demonstrou o porquê foi contratado. Que partida espetacular!

Elias cresceu mais uma vez no clássico. Fez o trabalho sujo de marcação, dando liberdade aos meias e sustentação defensiva. Cazares, apesar de eu achar que poderia ter sido melhor, foi importante ao chamar a marcação e roubar a bola, sem contar na aceleração do jogo. O Vinícius, ao seu estilo, carregador de bola, também deu muito trabalho e dividiu a atenção da marcação com o camisa 10. Com os dois juntos, o time fica menos previsível.

A dupla de ataque, apesar das críticas, foi, taticamente, muito bem. Ricardo Oliveira brigando no meio e participando da defesa e do início das jogadas (veja o gol do Vina). O Chará, por sua vez, foi o GRANDE TRUNFO do Rodrigo. Todo mundo sabe - e está cansado de saber - que o colombiano joga muito mais pela direita. Então por que cargas d'água ele foi parar na esquerda? Simples. Ele matou o Orejuela. Com o Chará na esquerda, o lateral do Cruzeiro não jogou, foi amarelado rápido e o poder ofensivo deles por aquele lado foi nulo. Será que sem o Chará isso aconteceria?

E o melhor para o final. Mais uma GRANDE atuação. Para mim, disparadamente, o melhor em campo. Que MONSTRO! No Horto alguém fez a previsão: esse cara será o 8 da seleção. Se continuar a jogar assim, será mesmo. Lembra o Gilberto Silva em seus melhores dias. Cabeça erguida, posicionamento perfeito, toque de bola e frieza. Que descoberta... E imaginem, ano que vem, ao lado do Blanco?

Bom o Clássico passou e foi ótimo, o Rodrigo deu um nó no Mano. Além disso,  afundamos eles na crise e continuamos no G4, comendo pelas beiradas. Agora é só parar de perder pontos bestas, como contra o Fortaleza e Goiás, para mantermos lá no topo, até porque o próximo jogo da Sul-Americana ainda está longe. E, só para constar, ELES TREMEM MESMO. NORMAL!