segunda-feira, 21 de outubro de 2019

É isso o que eu quero ver

O Galo de ontem é o que eu quero ver. Não é nenhum primor de técnica, ou de organização tática, tampouco é o Galo que espero para 2020. Mas foi, do campo à arquibancada, um time aguerrido, com a cara do Atlético.

Em campo, cada bola era disputada como um prato de comida. Os caras brigavam, às vezes literalmente. Algo que, há tempos, não via. E fazia tempo mesmo que não testemunhava os caras discutindo com o adversário, indo para o empurra-empurra, competindo, não vendendo barato nenhuma bola. Espírito de luta.

E aí preciso falar especificamente de três atuações. A primeira, do Guga. Foi absolutamente perfeito, sobretudo na marcação, em que, geralmente, é muito deficiente. O anão venezuelano, sensação do Santos, ficou no bolso do lateral atleticano. Quem foi Soteldo...

A segunda foi daquele que, para mim, foi, disparadamente, o melhor em campo: Nathan. O jovem meio campista está mostrando a qualidade que fez o Chelsea tirá-lo dos falsos. Organizando a saída de bola, marcando e dando uma puta qualidade no passe. Aliás, já tem pelo menos um mês que o Nathan tem sido o melhor o jogador do Atlético, sobretudo no meio de campo.

O terceiro é o Di Santo. O cara é argentino puro sangue: briga por todas as bolas, dá carrinho na própria mãe e, mesmo que não tenha técnica apurada, dá um baita trabalho aos zagueiros adversários.

Mas todos os outros correram muito, suaram muito, vibraram muito e brigaram muito. Além disso, evidentemente ajudada pelo primeiro gol relâmpago, a sintonia entre time e arquibancada era outra, era a que conhecíamos de outrora.

Não adianta: o Galo nunca foi e nem vai ser time modinha, ou de playboy. O Galo é historicamente da favela. Faço questão de lembrar 2015. Na semifinal do mineiro, empatamos o primeiro jogo no Horto. As Marias tinham vantagem no Mineirão. Não bastasse, elas abriram o placar no inicio do jogo. Nós, apenas 10% do estádio, os silenciamos CATEGÓRICAMENTE. No fim, com dois gols do Pratto, avançamos à final
Um áudio de um cruzeirense vazou: "até o povão dos caras é favelado, até os ricos deles são favelados. Só com 10% eles nos calaram. Os caras não param".

Essa torcida raiz estava fazendo falta, ela ganha jogos, empurra o time, é um jogador a mais. Com aquela torcida de ontem, impossível os caras não correrem. Aliás, se todo domingo fosse assim, ainda estaríamos no topo da tabela.

O domingo foi mesmo mágico: VAR não prejudicou, Galo não fez pênalti, não passou sufoco, matou o jogo no primeiro tempo, passou por cima de uma arbitragem muito ruim, Patric não entrou. Agora, querer que o Maicon Bolt ganhe na corrida de alguém é ser Cavaleiro do Apocalipse.

De toda forma, em um ano que a nota de corte será mais baixa, só faltam 7 pontos para começar a pensar em 2020. E vamos que vamos.