A grande verdade, com todo o respeito, é que eu estou cagando para a sua opinião. Eu não vivo disso, portanto, não tenho o menor interesse, necessidade ou vocação para falar aquilo que você quer ouvir, falo, tão somente, o que penso. Meu único compromisso é com o Atlético e o meu sentimento por ele. Diferentemente dos digital influencers Atleticanos, eu não preciso e não tenho compromisso com a audiência ou algo do tipo.
De cara devo dizer que, na minha visão, esses camaradas muito mais atrapalham do que ajudam. Aliás, por experiência de comunicólogo, afirmo que a crise vende muito mais do que qualquer outra coisa. Chega até ser engraçado o quanto esses caras são voláteis. Mudam de opinião conforme o termômetro das redes sociais, ou mesmo pela passionalidade, que por mais difícil que seja de se controlar, não agrega nada nos momentos de crise. Crise se resolve com a cabeça, não com coração.
Obviamente, tanto no caso citado acima, quanto nos próximos que citarei, me refiro a uma maioria. Bem nociva, diga-se, mas, ainda assim, não se trata da totalidade. Fechado o parênteses, voltemos ao que importa.
Desprezo quase que totalmente a opinião torcedores de Twitter. Está cada vez mais claro que eles se baseiam exclusivamente nas redes sociais. É impressionante, mas em momentos como esses, em jogos como de ontem, ou partidas do Campeonato Mineiro, aquelas que não valem porra nenhuma, sempre vemos lá as mesmas caras, as mesmas que não abandonam nunca.
Algumas destas chegaram a serem criticadas nas redes sociais por tentar fechar um pacto com o time até o final do ano. Porra, o que vocês queriam? Queriam que parasse de apoiar até ter uma seleção? Merda, agora é que o Galo precisa da gente. Velho, ir lá ficar gritando “Eu acredito” com aquele time de 2013 é fácil para caralho, agora é a hora da verdade. A gente se gaba de ser a mais apaixonada, de ser a mais argentina do Brasil é por momentos como em 2004, quando a gente tirou a porra do time do rebaixamento na garganta, na última rodada contra o São Caetano. Lotar final de Libertadores, final de Copa do Brasil, semifinal de Sul-americana, filho, isso até as Marias fazem. Isso é mais do mesmo.
O que faz, e sempre fez, do Galo diferente, assim como alguns outros times do Brasil, mas principalmente o Galo, é o que a gente fez na série B. Era o que a gente fazia antes da Libertadores: lotava todos os jogos, com uns times feio para cacete, tirava o time do rebaixamento e ganhava jogo na garganta, e até quando caiu, caiu de pé.
Jornalista, digital influencers e nego que surfa na Maré das redes sociais, indo e vindo conforme a opinião dos outros, velho, não dá mais para aguentar. Tenha argumentos, sustente-os, tenha um mínimo de convicção e não mude a cada jogo por conta de um resultado, ou por conta de opinião alheia. Simples assim. Ou se o fizer, até porque mudar de opinião PODE ser saudável, faça de forma sustentada, com mea culpa, racionalmente, sem a porra do “eu avisei”. Porque não avisou porra nenhuma, e quando estava bem ou se escondia, ou dizia pensar diferente, porque quem brinca de “eu avisei”, na verdade estava torcendo contra a poder falar “eu avisei”. Está interessado em clique, seguidor, está pouco se fodendo para o Galo. Só para ressaltar, mais uma vez, falo da maioria, o que é bem diferente da totalidade, que fique bem claro.
O que não isenta o fato de o desempenho estar em queda livre, dos últimos 10 jogos e dessa coisa toda. Tudo está na conta e, talvez, ou melhor, só por isso, é que estamos em crise, com treinador demitido e que o tamanho da revolta ultrapasse o que deveria ser, claro, se considerássemos única e exclusivamente os três últimos jogos.
Mais uma vez, voltando a ontem, o que mais me irritou, me deixou sem acreditar mesmo, foi que o time estava jogando bem, surpreendentemente bem, muito melhor do que eu imaginava. Até comentei com um amigo: o problema é que quando você está melhor contra o time tecnicamente superior, você não pode perder gol. Tem que guardar. E o Galo não guardava, mas o time estava bem.
Aí veio a merda, a desgraça do gol mais ridículo que eu vi, sei lá, nos últimos 15 anos. Como um goleiro toma um gol daquele? Eu, anão, engessado, pegava aquela bola. Cara, nessa hora fode tudo de vez, porque o time já tá farol baixo por conta do jogos e do desempenho, a pressão já está gigantesca, o time lá, cortando um dobrado para jogar relativamente bem, até melhor do que o adversário naquele momento, e vem um filha da puta de um goleiro e faz aquilo? O time desaba. Não dá, não dá.
O segundo veio em mais uma as peripécias do amigo do Bob Esponja. É incrível como ele é fraco. O cara tem raça, disposição, parece ser muito gente boa, mas é muito ruim. Não dá, não dá, não dá, não dá! Ele entrega pontos. Poderia ser um empate com Flamengo, provavelmente não seria, mas a vitória contra o Vasco era certa, bem como a chance de reação contra o Grêmio (poderia acabar o primeiro tempo 1x1), mas o Patric não dá.
Da arquibancada me incomodou, principalmente a corneta na veia, que vão só porque já tá pago, o fato de quando o Galo reduziu o placar os caras começaram a xingar e vaiar. Não era a hora. Vaiar, xingar, gritar olé depois do 4x1, por mais que não faça e seja contra, até dá para entender. Mas na hora que reduziu o placar era hora de tentar, na garganta, o empate. Só que ali, meu velho, era muito Nutella para pouco raiz.
A segunda, e essa vai doer, é que eu me pergunto: para parte da torcida, se fosse o Donizete ou Pierre fazendo a mesma coisa, a reação seria a mesma? Porque eu acho que diriam que o cara fez isso porque tem sangue na veia, tal e tal. Está errado, tem que ser punido. Seja quem for.
Vamos subindo a hierarquia dos responsáveis. Defendi e critiquei Rodrigo Santana, inúmeras vezes. Critiquei porque achava que ele tinha complexo de URT. Defendi porque achava que ele tinha capacidade de montar um time conforme o aniversário. Três pontos fundamentais para o entendimento da situação, que merecem parágrafos isolados:
O primeiro é que as duas coisas são verdades. Tanto o complexo de URT, quanto a maleabilidade. Acontece que quando a água bate no pescoço, a confiança cai, a pressão aumenta, o cara vai naquilo que ele considera mais seguro, uma zona de conforto. Natural, humano. Vocês acham, por exemplo, que se o Atlhetico Paranaense não tivesse sido campeão da Copa do Brasil o Tiago Nunes ia ficar de boa e continuar tentando aquela serva de jogo que rendeu o gol do Bruno Henrique? Quando a corda no pescoço, amigo, nego faz o que acha mais fácil mesmo.
Segundo ponto. Você pode ter o melhor esquema do planeta terra, e eu falei isso no pós-jogo contra o Flamengo, mas se você tem um Patric, se seu goleiro franga bizarramente, se você tem caras que entregam a porra da paçoca, não vai funcionar. Não vai. Claro que o esquema do Rodrigo está longe de ser o melhor do Planeta Terra.
O terceiro, que valeu também para o Larghi, é que perdemos um grande de auxiliar, que poderia ser um bom treinador no futuro. Não sei se precisava da demissão talvez mudar o cargo, sei lá.
Sobre a demissão, confesso que não tenho opinião 100% formada. De fato, ela é mais justa que a do Thiago larghi, da qual eu fui muito contra. Disseram que ele perdeu o vestiário, vai saber. Não sei se aconteceu com Rodrigo. Se aconteceu realmente não tem condição de manter. Mas a minha preocupação é a reposição. Tem que pensar no próximo ano, porque essa de tampão dá merda. Você contrata o cara, ele faz o serviço mais ou menos e aí você fica comprometido com ele - vide Oswaldo.
A grande questão, e isso uma premissa universal, é que por caminhos iguais não se chega em lugares diferentes. O Maionese nada mais é do que um Santana com grife, o assistente do Micale. É sair do complexo de URT para o complexo de 15 de Campo Bom. O Cuca é melhor que ele, mas como eu falei depois do jogo contra o Flamengo, hoje em dia, é muito mais um mito sebastianista do que uma realidade.
Ele é um cara problemático, sempre foi, sempre será. Brigou com o Felipe Melo, com o Daniel Alves, montou parcialmente o elenco do São Paulo e mesmo assim não deu certo. Eu estou cada vez mais convencido de que o momento dele no Galo é resultado de uma conjuntura de fatores que ele precisa para trabalhar bem e mostrar o que sabe.
Vou repetir integralmente o que eu disse àquela oportunidade. Ouvir tanto o Cuca quanto do Kalil Bola da Vez torna muito claro que o Kalil era o escudo do Cuca. Diferentemente dos outros presidentes de clube, inclusive do Atlético, que contratam treinadores para se esconderem atrás deles, Kalil o caminho faz o movimento exatamente inverso - contrata por convicção e assume a responsabilidade. O Cuca diferentemente desses treinadores que nasceram para ser escudos, como o Felipão e Mano precisa, precisa do respaldo.
É transparente na entrevista que o Kalil Fanfarrão sempre foi um personagem que ele usava para chamar a atenção para ele, desviar o foco dos problemas, do elenco, do treinador. Ao contrário do que muita gente pensa, ele nunca entrou no vestiário, para ele aquele ambiente era sagrado entre jogador e o treinador. Ele respeitava os limites de todo mundo e contava com a confiança de todos com aquele estilo paizão.
Cuca disse literalmente que transmitia suas decisões difíceis por meio do presidente. Quando tinha de tomar uma decisão que desagradasse aos atletas, ia atrás do respaldo do Kalil. Voltava aos atletas para comunicar a decisão como se tivesse sido tomada pelo presidente e ainda se colocava como defensor dos jogadores, dizendo que tentou dobrar o presidente, mas que ele estava irredutível. Então os caras jogavam por ele, e tinham o Kalil como paizão, que bate e assopra. Esse cenário não existe mais.
Acho fundamental definir uma filosofia e buscar alguém que se enquadra nela, talvez até um estrangeiro. O que não dá é trocar 6 por meia dúzia. No que tange à direção, acho que ela cometeu dois pecados muito importantes: o primeiro foi falar demais e transmitir a ilusão de que com política austera de longo prazo resultados esportivos viriam em curto prazo. Foram populistas e pagam o preço.
O segundo erro foi preocupar demais com sucesso esportivo do rival nos últimos dois anos e que todos sabiam que acabaria na merda que está cantando por lá. Mas, por conta deles, houve relaxamento da austeridade, investimentos mais ousados absolutamente desnecessários. Se fosse menos populista, não teria problema.
Sinceramente, nada em Martinez e Hernandez me chamou atenção. O que eu vi do Hernandez, aliás, me parece fraco, mas realmente não dá para olhar o cara com em tão pouco tempo. Cansamos de ver jogadores que começaram mal e viraram, e aqueles que pareciam promissores e estagnaram.
Sem contar que time arrumado faz toda a diferença. Se você pegar o time do Athletico Paranaense e botar a camisa do Galo, seria só porrada. Se fizéssemos as mesmas contratações a imprensa bateria com força. Queria ver se viesse para cá Wellington, Thiago Heleno... Ou mesmo no Inter com Ritchely e Bruno Silva. time arrumado, faz jogador jogar.
Acho que é o momento do diretor de futebol realmente falar e botar a cara. O presidente não entende de futebol, então melhor ficar quieto. Cometeu os seus erros, principalmente ao contratar o Alexandre Gallo. Acho que corrigiu bem com Rui Costa e Chávare, mas leva tempo desmantelar as cagadas.
É hora de pensar muito bem na escolha do treinador e apoiar, apoiar e apoiar. É o que eu já disse: só falta o Santos no final de semana que vem para passar as pedreiras. E se você conhece o Galo, sabe muito bem só a gente, só na garganta, é que podemos virar esse quadro.
De cara devo dizer que, na minha visão, esses camaradas muito mais atrapalham do que ajudam. Aliás, por experiência de comunicólogo, afirmo que a crise vende muito mais do que qualquer outra coisa. Chega até ser engraçado o quanto esses caras são voláteis. Mudam de opinião conforme o termômetro das redes sociais, ou mesmo pela passionalidade, que por mais difícil que seja de se controlar, não agrega nada nos momentos de crise. Crise se resolve com a cabeça, não com coração.
Obviamente, tanto no caso citado acima, quanto nos próximos que citarei, me refiro a uma maioria. Bem nociva, diga-se, mas, ainda assim, não se trata da totalidade. Fechado o parênteses, voltemos ao que importa.
Desprezo quase que totalmente a opinião torcedores de Twitter. Está cada vez mais claro que eles se baseiam exclusivamente nas redes sociais. É impressionante, mas em momentos como esses, em jogos como de ontem, ou partidas do Campeonato Mineiro, aquelas que não valem porra nenhuma, sempre vemos lá as mesmas caras, as mesmas que não abandonam nunca.
Algumas destas chegaram a serem criticadas nas redes sociais por tentar fechar um pacto com o time até o final do ano. Porra, o que vocês queriam? Queriam que parasse de apoiar até ter uma seleção? Merda, agora é que o Galo precisa da gente. Velho, ir lá ficar gritando “Eu acredito” com aquele time de 2013 é fácil para caralho, agora é a hora da verdade. A gente se gaba de ser a mais apaixonada, de ser a mais argentina do Brasil é por momentos como em 2004, quando a gente tirou a porra do time do rebaixamento na garganta, na última rodada contra o São Caetano. Lotar final de Libertadores, final de Copa do Brasil, semifinal de Sul-americana, filho, isso até as Marias fazem. Isso é mais do mesmo.
O que faz, e sempre fez, do Galo diferente, assim como alguns outros times do Brasil, mas principalmente o Galo, é o que a gente fez na série B. Era o que a gente fazia antes da Libertadores: lotava todos os jogos, com uns times feio para cacete, tirava o time do rebaixamento e ganhava jogo na garganta, e até quando caiu, caiu de pé.
Jornalista, digital influencers e nego que surfa na Maré das redes sociais, indo e vindo conforme a opinião dos outros, velho, não dá mais para aguentar. Tenha argumentos, sustente-os, tenha um mínimo de convicção e não mude a cada jogo por conta de um resultado, ou por conta de opinião alheia. Simples assim. Ou se o fizer, até porque mudar de opinião PODE ser saudável, faça de forma sustentada, com mea culpa, racionalmente, sem a porra do “eu avisei”. Porque não avisou porra nenhuma, e quando estava bem ou se escondia, ou dizia pensar diferente, porque quem brinca de “eu avisei”, na verdade estava torcendo contra a poder falar “eu avisei”. Está interessado em clique, seguidor, está pouco se fodendo para o Galo. Só para ressaltar, mais uma vez, falo da maioria, o que é bem diferente da totalidade, que fique bem claro.
Com relação à ontem, a verdade é que do goleiro à arquibancada foi tudo uma merda. Mas, sejamos justos, não foi tão inesperado assim. Antes da sequência tenebrosa Palmeiras, Flamengo e Grêmio, todos, quase sem exceções, sobretudo na imprensa, diziam que se fizesse um ponto estava no lucro. É que conseguimos esse ponto na primeira partida. Depois disso eu ouvi gente dizer que qualquer coisa dali para frente seria lucro. Mas as pessoas e as opiniões são voláteis. O sentimento depois do empate, talvez por euforia, apesar de dizerem que o que viesse era lucro, era de que poderia conseguir mais. No frigir dos ovos, era o que se esperava, e, é claro que, por outro lado, a partir de agora teremos menos adversários do quilate desses três, porque, mal ou bem, pegamos na sequência os três melhores times do Brasil.
Mais uma vez, voltando a ontem, o que mais me irritou, me deixou sem acreditar mesmo, foi que o time estava jogando bem, surpreendentemente bem, muito melhor do que eu imaginava. Até comentei com um amigo: o problema é que quando você está melhor contra o time tecnicamente superior, você não pode perder gol. Tem que guardar. E o Galo não guardava, mas o time estava bem.
Aí veio a merda, a desgraça do gol mais ridículo que eu vi, sei lá, nos últimos 15 anos. Como um goleiro toma um gol daquele? Eu, anão, engessado, pegava aquela bola. Cara, nessa hora fode tudo de vez, porque o time já tá farol baixo por conta do jogos e do desempenho, a pressão já está gigantesca, o time lá, cortando um dobrado para jogar relativamente bem, até melhor do que o adversário naquele momento, e vem um filha da puta de um goleiro e faz aquilo? O time desaba. Não dá, não dá.
O segundo veio em mais uma as peripécias do amigo do Bob Esponja. É incrível como ele é fraco. O cara tem raça, disposição, parece ser muito gente boa, mas é muito ruim. Não dá, não dá, não dá, não dá! Ele entrega pontos. Poderia ser um empate com Flamengo, provavelmente não seria, mas a vitória contra o Vasco era certa, bem como a chance de reação contra o Grêmio (poderia acabar o primeiro tempo 1x1), mas o Patric não dá.
Da arquibancada me incomodou, principalmente a corneta na veia, que vão só porque já tá pago, o fato de quando o Galo reduziu o placar os caras começaram a xingar e vaiar. Não era a hora. Vaiar, xingar, gritar olé depois do 4x1, por mais que não faça e seja contra, até dá para entender. Mas na hora que reduziu o placar era hora de tentar, na garganta, o empate. Só que ali, meu velho, era muito Nutella para pouco raiz.
O time também sente isso. Aí veio a outra do amiguinho lá do Bob Esponja, que marca bem para caramba, e tomamos mais um. Aí já era, ferrou tudo. Para completar, a expulsão do Cázares. Eu já tinha visto o pisão antes mesmo do VAR. E não é para tentar defender o indefensável, continuo achando que precisamos dele, mas o jogador profissional não pode fazer o que ele fez. Também não acho que ele matou as chances de reação. Àquela altura elas já estavam mortas.
Mas precisamos ponderar duas coisas. A primeira é que, e todo mundo que joga bola sabe disso, às vezes quando dá tudo errado a gente apela, sente ódio mesmo, vontade de quebrar o cara. Até na arquibancada às vezes eu falo: já que perdeu o quebra a porra do cara. Mas eu não sou profissional. Eu não sou pago para isso e ele não pode fazer aquilo em hipótese nenhuma e tem que ser punido. A irresponsabilidade dele é notória, mas essa eu não coloco nessa na conta. Coloco na cabeça quente, ou da falta de cabeça mesmo, sobretudo em um time psicologicamente muito abalado, em frangalhos, que deve preferir jogar fora do que em casa.
A segunda, e essa vai doer, é que eu me pergunto: para parte da torcida, se fosse o Donizete ou Pierre fazendo a mesma coisa, a reação seria a mesma? Porque eu acho que diriam que o cara fez isso porque tem sangue na veia, tal e tal. Está errado, tem que ser punido. Seja quem for.
Vamos subindo a hierarquia dos responsáveis. Defendi e critiquei Rodrigo Santana, inúmeras vezes. Critiquei porque achava que ele tinha complexo de URT. Defendi porque achava que ele tinha capacidade de montar um time conforme o aniversário. Três pontos fundamentais para o entendimento da situação, que merecem parágrafos isolados:
O primeiro é que as duas coisas são verdades. Tanto o complexo de URT, quanto a maleabilidade. Acontece que quando a água bate no pescoço, a confiança cai, a pressão aumenta, o cara vai naquilo que ele considera mais seguro, uma zona de conforto. Natural, humano. Vocês acham, por exemplo, que se o Atlhetico Paranaense não tivesse sido campeão da Copa do Brasil o Tiago Nunes ia ficar de boa e continuar tentando aquela serva de jogo que rendeu o gol do Bruno Henrique? Quando a corda no pescoço, amigo, nego faz o que acha mais fácil mesmo.
Segundo ponto. Você pode ter o melhor esquema do planeta terra, e eu falei isso no pós-jogo contra o Flamengo, mas se você tem um Patric, se seu goleiro franga bizarramente, se você tem caras que entregam a porra da paçoca, não vai funcionar. Não vai. Claro que o esquema do Rodrigo está longe de ser o melhor do Planeta Terra.
O terceiro, que valeu também para o Larghi, é que perdemos um grande de auxiliar, que poderia ser um bom treinador no futuro. Não sei se precisava da demissão talvez mudar o cargo, sei lá.
Sobre a demissão, confesso que não tenho opinião 100% formada. De fato, ela é mais justa que a do Thiago larghi, da qual eu fui muito contra. Disseram que ele perdeu o vestiário, vai saber. Não sei se aconteceu com Rodrigo. Se aconteceu realmente não tem condição de manter. Mas a minha preocupação é a reposição. Tem que pensar no próximo ano, porque essa de tampão dá merda. Você contrata o cara, ele faz o serviço mais ou menos e aí você fica comprometido com ele - vide Oswaldo.
A grande questão, e isso uma premissa universal, é que por caminhos iguais não se chega em lugares diferentes. O Maionese nada mais é do que um Santana com grife, o assistente do Micale. É sair do complexo de URT para o complexo de 15 de Campo Bom. O Cuca é melhor que ele, mas como eu falei depois do jogo contra o Flamengo, hoje em dia, é muito mais um mito sebastianista do que uma realidade.
Ele é um cara problemático, sempre foi, sempre será. Brigou com o Felipe Melo, com o Daniel Alves, montou parcialmente o elenco do São Paulo e mesmo assim não deu certo. Eu estou cada vez mais convencido de que o momento dele no Galo é resultado de uma conjuntura de fatores que ele precisa para trabalhar bem e mostrar o que sabe.
Vou repetir integralmente o que eu disse àquela oportunidade. Ouvir tanto o Cuca quanto do Kalil Bola da Vez torna muito claro que o Kalil era o escudo do Cuca. Diferentemente dos outros presidentes de clube, inclusive do Atlético, que contratam treinadores para se esconderem atrás deles, Kalil o caminho faz o movimento exatamente inverso - contrata por convicção e assume a responsabilidade. O Cuca diferentemente desses treinadores que nasceram para ser escudos, como o Felipão e Mano precisa, precisa do respaldo.
É transparente na entrevista que o Kalil Fanfarrão sempre foi um personagem que ele usava para chamar a atenção para ele, desviar o foco dos problemas, do elenco, do treinador. Ao contrário do que muita gente pensa, ele nunca entrou no vestiário, para ele aquele ambiente era sagrado entre jogador e o treinador. Ele respeitava os limites de todo mundo e contava com a confiança de todos com aquele estilo paizão.
Cuca disse literalmente que transmitia suas decisões difíceis por meio do presidente. Quando tinha de tomar uma decisão que desagradasse aos atletas, ia atrás do respaldo do Kalil. Voltava aos atletas para comunicar a decisão como se tivesse sido tomada pelo presidente e ainda se colocava como defensor dos jogadores, dizendo que tentou dobrar o presidente, mas que ele estava irredutível. Então os caras jogavam por ele, e tinham o Kalil como paizão, que bate e assopra. Esse cenário não existe mais.
Acho fundamental definir uma filosofia e buscar alguém que se enquadra nela, talvez até um estrangeiro. O que não dá é trocar 6 por meia dúzia. No que tange à direção, acho que ela cometeu dois pecados muito importantes: o primeiro foi falar demais e transmitir a ilusão de que com política austera de longo prazo resultados esportivos viriam em curto prazo. Foram populistas e pagam o preço.
O segundo erro foi preocupar demais com sucesso esportivo do rival nos últimos dois anos e que todos sabiam que acabaria na merda que está cantando por lá. Mas, por conta deles, houve relaxamento da austeridade, investimentos mais ousados absolutamente desnecessários. Se fosse menos populista, não teria problema.
Com relação às contratações, particularmente entendo que está longe de ser a maior atribuição do diretor de futebol, muito pelo contrário é a menor das funções dele. Segundo é que temos uma faca de dois gumes. Não há paciência, torcida e imprensa são muito imediatistas e até contraditórios porque se você contrata cara de nome, falam que medalhão não dá certo. Se você contrata desconhecidos, perguntam com quem eles chuparam laranja... Vocês querem os meninos da base? Olha, eu vi um jogo da base do Galo no sábado, do sub-20, que se for aquilo, fodeu.
Sinceramente, nada em Martinez e Hernandez me chamou atenção. O que eu vi do Hernandez, aliás, me parece fraco, mas realmente não dá para olhar o cara com em tão pouco tempo. Cansamos de ver jogadores que começaram mal e viraram, e aqueles que pareciam promissores e estagnaram.
Sem contar que time arrumado faz toda a diferença. Se você pegar o time do Athletico Paranaense e botar a camisa do Galo, seria só porrada. Se fizéssemos as mesmas contratações a imprensa bateria com força. Queria ver se viesse para cá Wellington, Thiago Heleno... Ou mesmo no Inter com Ritchely e Bruno Silva. time arrumado, faz jogador jogar.
Acho que é o momento do diretor de futebol realmente falar e botar a cara. O presidente não entende de futebol, então melhor ficar quieto. Cometeu os seus erros, principalmente ao contratar o Alexandre Gallo. Acho que corrigiu bem com Rui Costa e Chávare, mas leva tempo desmantelar as cagadas.
É hora de pensar muito bem na escolha do treinador e apoiar, apoiar e apoiar. É o que eu já disse: só falta o Santos no final de semana que vem para passar as pedreiras. E se você conhece o Galo, sabe muito bem só a gente, só na garganta, é que podemos virar esse quadro.