quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Covid, Autuori, Everson e a Bipolaridade atleticana


 

Estava querendo escrever faz um tempo, mas tempo é algo que me falta. Aproveito uma micro-folga nesta semana e a derrota de hoje para emendar os assuntos que me incomodavam desde a série de quatro jogos sem vitórias, antes da redentora goleada contra o Flamengo (que nem devia contar, já que se trata de nosso segundo maior freguês).

Odeio perder, odeio mesmo. No estádio, então, fico até consumido pelo ódio. Mas, principalmente em um momento como este, temos de ser o mais racional possível. Tentar analisar o jogo como analisaríamos de um outro time qualquer. À época disse: o Inter perdeu para o Goiás com um a menos, empatou com o Coxa. O Flamengo, além de sofrer goeladas para adversário diretos, ganhou um ponto dos seis possíveis contra o Atlético de Goiás. Palmeiras perdeu em casa para o Coritiba. O São Paulo, em casa, empatou com Bahia e Bragantino (que perdeu dois pênaltis) e perdeu para o Vasco. Destes, qual o torcedor começa a questionar as chances de título após um resultado negativo? O do Galo!

Repito, que daquela sequência de resultados negativos, um, de fato, foi incômodo, foi bizarro e muito anormal: a virada contra o Bahia em Salvador. No mais, péssimos resultados, mas não de todo surpreendente. É normal para o estilo do Atlético encontrar mais facilidade contra times que vão para cima dele. No caso do jogo contra o Palmeiras, o placar não condiz com que foi o jogo. Aconteceu que o Atlético perdeu gols e o Palmeiras não. Se o Galo tivesse perdido aquele jogo de 3x2 talvez contasse mais o que foi o jogo do que o 3x0. Mas futebol é isso.

Aí a bipolaridade: no jogo seguinte, muita gente até assustada, apreensiva com o jogo e, com o dedo de Dom Sampa, o Galo enfia 4 nos Mulambos, que só não foram 5 porque o juiz, inexplicavelmente, não marcou pênalti em Marrony no último lance.

Rodada seguinte, e o Galo alcança o feito inédito de bater os Gambás na Arena Mãos ao Alto, passando, inclusive, por sobre a arbitragem, naquele erro colossal que mudou o jogo, embora, o Atlético tenho corrigido o pecado da arbitragem na marra.

Era a hora do maldito jogo adiado. E aqui, o mesmo recado que servia para gente, serve para o São Paulo: jogos a menos não querem dizer vitórias. Do mesmo jeito que na tabela falávamos deste jogo, os falsos também falavam ao questionar sua classificação. Sempre que ouço falarem da posição do Botafogo e do Ceará, ouço falarem: com jogos a menos... Sendo que, em ambos os casos, são jogos contra o São Paulo. Ter três jogos a menos não significa ter 9 pontos a mais.

Enfim, voltando ao nosso jogo a menos, que momento inoportuno para ser marcado: em meio de uma data Fifa, com uma convocação desnecessária e, de última hora, um surto de Covid que ainda provou que o protocolo do Atlético é melhor do que o da CBF: não fosse o nosso protocolo, poderíamos escalar 5 jogadores contaminados hoje.

Bom, tínhamos 5 titulares. Um deles, o Everson. Ele é um goleiro desgraçado de ruim? Não, de forma alguma. Mas o Rafael é infinitamente superior. E não: a habilidade com os pés não compensa a diferença com as mãos. E se, óbvio, o Rafael não faz lançamentos como o Éverson, estava longe de ser uma desgraça e comprometer. Fazia o simples.

Agora, ainda assim, ainda que com 5 titulares, mesmo sendo inexplicável a predileção pelo Hyoran no lugar do Nathan, nome a nome, a vitória era factível. Já adianto que de pontos positivos, os meninos Tallison e Calebe. Na zaga, além de um desentrosamento claro, houve um problema que já sinalizei aqui em outras circunstâncias: a troca de zagueiro de lado. Futebol não é vídeo game que você coloca os dois melhores zagueiros em qualquer lado e eles funcionam. Há zagueiros que jogam bem pela direita e mal pela esquerda e vice-versa. Igor Rabello e Réver jogam pela direita, Gabriel e Alonso, pela esquerda. E reparem: os piores jogos do Réver e do Rabello foram na esquerda. Isso não é à toa. Em paralelo, com apenas um volante e marcação alta, a zaga pesada que só, ficava de frente com os atacantes o tempo inteiro: em tempo, Jair, de quem sou fã, esteve mal.

Apesar disso, o Atlético, mal, jogou e criou mais. Mas isso não adianta. Aliás, o Atlético conseguiu perder 6 pontos para o Paulo Autuori (parece que eles está para o Galo como estamos para o Flamengo) do mesmo jeito: no contra-ataque. É bem verdade que, nos três primeiros, no jogo contra o Botafogo, foi um verdadeiro massacre do Galo, o que hoje não aconteceu – nem poderia.

Agora são 10 dias com desfalques (se não houver mais, por conta do tempo de incubação) e três jogos. Este time vai treinar e dar conta. O lado bom que é jogamos contra o Botafogo, aqui, Goiás, que mesmo fora já é o bônus track, e o Ceará, este sim um joguinho mais chato.

Gosto de lembrar também que surtos de Covid serão praticamente inevitáveis em todos os times. Entre os líderes, o Flamengo já teve; Atlético e Palmeiras estão tendo; Inter e São Paulo ainda não. Temos é que passar por essa crise fazendo o maior número de pontos possível e, contra tudo e contra todos, não desistir.