segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Santo de casa



Eu queria entender essa mania louca do atleticano de sempre ver o copo meio vazio, sem contar, claro, na capacidade surreal de dar combustível aos outros para criar crises desnecessárias e dar munição àqueles que estão se esforçando muito para jogar contra.

Antes de falar do jogo, não há como deixar passar batido a bobagem feita pelo vice-presidente. Diga-se, gostava muito dele, mas, não sei se em um lapso, uma crise existencial, fez uma bobagem gigantesca e, o que é pior, não assumiu. Age como se estivesse certo. Já diria a minha avó: roupa suja se lava em casa.

A publicização do descontentamento, sobretudo com indiretas, estilo fofoca de colegial, era absolutamente desnecessária. Era tudo que a mídia do eixo queria. E, sério mesmo, nunca vi se incomodarem tanto com um time como se incomodam com o Galo. A rapidez com a qual criaram uma matéria sobre a desnecessária crise para colocar no Esporte Espetacular, em horário nobre, foi espantosa.

Sobre o jogo, me espanta a capacidade das pessoas de sempre verem o copo meio vazio. Saindo na frente, foi o melhor possível? Claro que não. Mas, diferentemente do jogo do meio de semana, o time brigou muito, teve uma expulsão injusta e ainda assim conseguiu o empate. Só para relembrar, esse mesmo Ceará ganhou em casa do Flamengo. Ainda não jogou contra o São Paulo, e tem sido adversário duro de ser batido.

Gostei muito do time no primeiro tempo. Deu para notar que o Atlético tem um estilo, uma cara, independentemente de quem esteja em campo. Lembrando, 10 desfalques, incluindo o cara que chegou para decidir: Vargas. O meio de campo inteiro reserva. Era de se esperar que o Ceará viesse para cima, como veio. Erramos e levamos a virada. Então, o lance decisivo do jogo: a expulsão absurda do Borrero. Se aquilo foi para expulsão, o lance no Keno era para o quê?

Quem vê agressão no lance do Borrero nunca jogou bola nem na educação física. Ele nem fez nenhum tipo de movimento com o cotovelo, usou o corpo e trombou. Acontece. Mas era contra o Galo... E não adianta vocês quererem me falar que isso não influencia no resultado do jogo. Com um menos e perdendo, o time lutou e chegou ao empate em um pênalti claro. Se ele não desse, aí podíamos desistir mesmo do futebol.

Aqui, um parêntese muito necessário. Quando o Galo sofreu o gol da virada, minha avó, de 95 anos, saiu da sala, puta de raiva. Ao fim da partida ela voltou, e não há como não relatar o diálogo:

- Empatou?

- Empatou!

- Ainda bem. Fui lá dentro rezei para a santa e pelas almas do purgatório para ter um pênalti pro Galo, pra gente empatar.

- Empatamos de pênalti!

- Sabia que a santa não ia me deixar na mão!

Eu, que não sou religioso, até arrepiei. Ela, como não podia ser diferente, sentiu-se como se ela mesmo tivesse cobrado o pênalti.

Voltando ao assunto, a síntese do jogo é que não foi o melhor possível, mas foi longe de ser ruim. O time brigou, jogou contra o VAR e ganhou um ponto de um adversário que tem atrapalhado a vida de todo mundo, ainda mais em casa.

Há uma outra coisa que me incomodou bastante ontem: as críticas ao Zaracho. Gente, o cara estava sem jogar há 7 meses. Vocês têm noção do que é isso? Nada mais natural que ele oscile, faça bons e maus jogos. Jogar bola, já deu para ver que ele sabe.

Vamos continuar com o Galo, ver o copo meio cheio e parar de alimentar a mídia do eixo. #VamosGalo