A pergunta de fato é importante: qual a hora de mudar de treinador? José Trajano a repetia com certa frequência nos bons tempos do Linha de Passe da Espn Brasil. Após a trágica exibição do Galo contra um paupérrimo La Guaira, foi a vez de Heverton Guimarães fazê-la.
Há muita coisa para se pesar: o
tempo é necessário, mas outros, como foi o Sampaoli, conseguiu de cara... Qual
será a regra? A regra é que não há regra, há bom senso. E neste momento, por
conta de vaidade, está faltando isso tanto ao Cuca quanto a diretoria.
A diretoria não quer admitir que
contratou errado – e, de fato, o fez. Cuca não admite se submeter a um estilo
de jogo que não o seu. Se o treinador der o braço a torcer e recuperar o jogo
posicional, teremos alguma evolução, caso isso não ocorra, a diretoria vai
escolher mandá-lo embora para ontem ou morrer abraçada com ele.
O problema não é jogador,
tampouco raça. Isso é coisa de torcedor, quando não sabe identificar exatamente
o que está acontecendo, ou está cego de paixão. Vamos a lógica: você faria um rali
de Ferrari? Usaria uma Land Rover em uma corrida de F1? Óbvio que, tendo o
mínimo de bom senso, a resposta é não.
O Galo fez isso!
Vamos pensar, então, com a cabeça.
O trabalho do Sampaoli foi avaliado pela imensa maioria de pessoas com o mínimo
de Q.I e caráter como muito bom. Apesar de ter sido o terceiro, o título nunca
esteve tão próximo. A diretoria, então, sabiamente, tinha a sua permanência
como Plano A. Até então, perfeito.
Ele não ficou. Aconteceu, bola
para frente. Usemos, novamente a cabeça: tínhamos como plano A a continuidade
do Sampaoli, logo, para manter o planejamento minimamente coerente, precisamos
contratar um treinador que, das duas, uma:
1 – Tenha o mesmo estilo de jogo –
o posicional, de toque de bola curto, muita posse e marcação pressão; inspirados
em Bielsa e Guardiola.
2 – Alguém humilde o suficiente para não querer re
começar o trabalho do zero e sim dar continuidade com implementação paulatina de novos conceitos – como fez o Lisca no América do Conceição, ou como faz o Crespo no São Paulo do Diniz.
O Atlético o que fez? O pior
possível: contratou um treinador que não lembra, nem de perto, o conceito de
jogo posicional e tampouco é humilde o suficiente para não querer ser autoral.
E não adianta culpar os atletas (e olha que estão se esforçando para perder o
grupo), porque eles fizeram exatamente o que comandante pediu: puseram a bola
na área...
E não é apenas a escolha do
treinador: o elenco foi montado pelo e para o Sampaoli. É um time posicional,
afeito às bolas curtas e tabelas rápidas, jogadores franzinos, ágeis e inteligentes.
Cuca gosta de ligação direta e chutões. Hulk à parte, quem mais disputa bola no
alto do meio para frente? Sério, para isso não precisava de gastar R$ 200
milhões. Gastava R$ 200.000 e trazia o Rubens da Tombense e fica 90 minutos
cruzando.
Alguém, antes que seja tarde,
precisa colocara a vaidade de lado. Ou a diretoria admite o erro e vai ao
mercado (opções não faltam: Jose Pekerman Leandro Zago (que deveria ser
assistente para fazer a transição), Gabriel Heinze, Villas Bôas... Ou, ao
menos, exijam do Cuca que ele repense sua tara por autoria. O que não é viável é
ver um time derreter, piorar jogo após a jogo. E, digo mais, a classificação
para as oitavas deste elenco milionário, por conta disso, já está em risco...