Este era o apelido, enquanto ainda era jogador, de um dos maiores, senão o maior, treinador da história do Atlético: Telê Santana. Confesso que desde o jogo contra o Athletic, retomei um fiozinho de esperança de que o Cuca, possivelmente em função da pressão, pode calçar as sandálias da humildade e aproveitar algum legado do Sampaoli.
O jogo na Venezuela foi
tenebroso, e, apesar do empate entre La Guaira e Cerro, imagino que, decerto,
foi uma partida muito abaixo dos paraguaios, porque o time venezuelano é fraco.
Contra o time de São João Del Rey, é verdade, o Atlético não esteve bem. Mas houve
uma mudança clara e evidente de mindset: da bola isolada para a bola no chão.
Era normal que o impacto fosse
ser grande, que o time não voltasse voando. Mas, enquanto na Venezuela Cuquinha
gritava à beira do campo “põe na área”, no sábado Cuca gritava “Franco, faz um-dois”.
Ótimo, por mais que nas entrevistas a soberba se mantenha, dizendo que o jogar
contra o La Guaira daquela maneira foi necessário, na prática, que é o que
importa, mudou. A convicção do chuveirinho não existia mais.
Contra o América de Cali, em que
se pondere tudo o que é necessário se ponderar em relação ao adversário, o Galo
fez a melhor partida sob o comando do Cuca. Ainda distante do time de Sampaoli,
é verdade, mas, até sofrer o gol, jogou bem. Diga-se, distante é uma palavra
que vem bem a calhar. O Atlético voltou a tocar a bola, a ser intenso e até
marcar pressão. Mas, se tem uma coisa que o jogo posicional do Sampaoli fazia e
que o Cuca ainda não conseguiu chegar perto foi a tal compactação. Espero que
venha com o tempo, mas o time do Galo ainda parece jogar muito distante. Aquela
aproximação de outrora entre Keno e Arana, ou dos meias com os volantes ainda
parece inexistir.
Alguns podem até achar que a mudança
de escalação é o que foi crucial para a evolução do time. E, em certa medida,
discordo. Com todo o respeito, o único fundamento em que o Mariano é melhor que
o Guga é no jeito de pegar na bola. E se, no primeiro tempo, o Savarino estava
meio sumido, era justamente porque ninguém, nem o Mariano, chegava perto
dele... a bola menos. Igor Rabello teve uma atuação excelente, a melhor dele
com a camisa do Galo, embora o Réver tenha mais qualidade de passe, tem menos
vigor.
No meio, minha opção seria por
Franco no lugar do Tchê Tchê, que vinha até bem, mas quase pôs três pontos a
perder por um erro infantil. Zaracho e Nacho, nem se fala. Como jogaram. E o
Nathan, ao entrar em campo, foi essencial: deu o passe para o Hulk sofrer o
pênalti e fez a falta (em que foi expulso) em um lance crucial (erro do Tchê Tchê).
O Hulk tem se mostrado bom dentro
da área, embora ache que o Vargas seja incompreendido. Acho que ele tem uma
movimentação muito inteligente no ataque, mas, neste momento, o trio titular é
Savarino, Hulk e Keno.
Há um motivo para falar dessas
atuações individuais: o fio de esperança, passa pela humildade, e, depois de um
bom jogo, na metade para o fim do segundo tempo, o preciosismo autoral pareceu
tomar conta das substituições do Atlético. Se tinha o Franco e o Allan no banco,
porque colocar o Dodô e subir o Arana para o meio? Por que todos, menos o Tchê
Tchê, podem sair? Por que ele ficou os 90 minutos? Por que demorar tanto para colocar
o Franco no jogo?
Bom, o lado bom é o que time voltou a jogar e parou com o levantamento absurdo de bolas na área. Em tempo: é hora de aproveitar com moderação, porque no momento, a esperança ainda é só um fio. O que queremos é que esse fio de esperança se concretize e que o Atlético usufrua do grande potencial que tem, que faça o saudoso Telê ter orgulho.