sexta-feira, 19 de abril de 2013

O mestre Cuca brincando de professor pardal


Estava em São Paulo no dia do jogo. Eu, como milhares de outros atleticanos que fomos à São Paulo e outros milhares que moram lá, não conseguimos ingressos, mesmo tendo indo na véspera da partida. Não importa. Cada qual a sua maneira, conseguimos ver o jogo. Antes não tivéssemos conseguido. A pior atuação do Atlético em 2013, nem sombra daquele time que encantou a América nas rodadas anteriores da Libertadores. Culpam os desfalques de Bernard e Tardelli, a entrada do Serginho, ou a do Neto Berola. Pessoalmente, com todo o crédito que ele tem, culpo o Cuca, que, como se fosse o Levir Culpi, amarelou e mudou o time.

Uma das principais criticas que sempre fiz ao excelente Levir Culpi era que o time jogava muita bola, jogava bem, jogava para frente o campeonato todo. Na hora da decisão, ele amarelava, recuava, mudava o jeito do time jogar e ganhou a fama de "Levice", pois, sem exceções todas as vezes em que ele fez isso, perdeu o jogo decisivo. Em 1999 Humberto Ramos fez o mesmo. Sem poder contar com o Marques na decisão contra o Corinthians, em vez de colocar o Adriano, que era mais avançado, que parecia mais com o Marques, ele colocou o Linconl. Um meia de criação, mas que jogava mais distante do gol.

Quarta feira o Cuca fez isso. Inventou. Na verdade tem tentado essa invenção nos três últimos jogos. Nenhuma das vezes deu certo. A invenção de três volantes. O Atlético 2013 é talhado para ser ofensivo, para atacar, para jogar com quatro homens avançados, como o time titular faz. A primeira vez que ele tentou, no primeiro tempo do jogo contra o Boa, o time foi muito mal. Só melhorou quando um dos volantes saiu para a entrada de um meia, no caso o Morais. Contra a Caldense e o São Paulo, não deu tempo. Perdemos. O próprio Serginho contra o time de Poços de Caldas não havia jogado nada fazendo a mesma função que o Cuca queria contra o São Paulo, em que, evidentemente, fez menos.

Entendo que se o time perde um ou mais titulares, troca-se as peças e não o esquema. Infelizmente o Cuca, que, repito, tem crédito sobrando, quando perde as peças tem mudado o esquema de jogo. Apesar de muitos o odiarem, para mim a conta era simples: antes do Tardelli chegar, quem era o titular na direita? Guilherme. Logo, quando o Tardelli não puder jogar, quem está mais preparado para ocupar a posição? O Guilherme. Além disso, era um jogo que o Atlético PODIA perder, então o Cuca não precisava ter medo de ousar e colocar o time mais à frente, mais parecido com o time titular. Principalmente, não precisava ficar tão tenso. Um jogo, apesar da exaltação da imprensa paulista, horroroso de ambas as partes.

Além disso, e do fato de todo time ter jogado muito abaixo da média, creio que o Cuca também mexeu mal e montou mal o banco. Por partes, não sei se é só eu, mas não só tenho muita esperança no Morais, como gostei muito de todas as participações dele em campo. Acho que, pelo menos, no banco, ele merecia ficar em um jogo da Libertadores. Entendo ainda que a mudança no intervalo promovida pelo Cuca, foi fatal para a derrota. Nada, absolutamente nada, contra o Alecssandro, pelo contrário. Mas ele e Jô juntos, sinto muito, não dá. Um deles fica sempre deslocado, e quarta foi o Jô o “fora de posição” . Literalmente sacrificado na ponta, jogando, evidentemente, muito mal, pois não é a dele. Aliás, o primeiro gol do jogo, que foi determinante para o resultado, uma vez que a partida certamente seria um 0 X 0 chato não fosse aquele pênalti, saiu de uma bola perdida pelo Jô na ponta direita. Errado é o Jô estar na ponta direita. O Neto Berola, que, diferentemente da maioria da massa, creio ser um bom jogador, não devia ter entrado quarta. Ele estava sem jogar por contusão há muito tempo e já entrou em uma bela fogueira. Não era para ele nem estar no banco.

Mas, como disse, quarta podíamos perder. Agora o campeonato é outro, cada jogo vale a vida na competição e tenho plena confiança não só que o Cuca aprendeu a lição, como que passaremos pelo São Paulo. Vai ser até mais gostoso, ganhar de times difíceis, especialmente agora que voltamos a ser os “cavalos paraguaios” e o São Paulo o Jason, o melhor time do mundo. É só não bobear fora, porque no Independência, com todo o respeito aos adversários, é tudo nosso. E vamos rumo ao título, afinal, foi apenas uma derrota, uma derrota contra um grande adversário, mas o raio não vai cair duas vezes no mesmo lugar.