Ontem foi o jogo da virada.
Muitos podem, e com toda razão, falar de sorte e das circunstâncias, mas saber
aproveitar a sorte e as circunstâncias a favor são características de campeão. Que
assim seja. O início do jogo do Galo foi preocupante, lembrando mais o time das
últimas três rodadas do que o da primeira fase da Libertadores. Confesso até
que tive medo. Até porque o mais do que jogar mal, o time, ou grande parte dele
estava nervoso. Não tinha saída de jogo, marcava mal, era passiva.
Ainda antes da expulsão, o
Atlético melhorou um pouco, pareceu se acalmar, mas ainda estava pior que o São
Paulo, cheio de moral e que perdeu alguns gols nas falhas de marcação do lado
direito. Aí, o meu mais novo ídolo, Lúcio foi expulso, infantil e
ridiculamente. O time do Atlético, que embora não estivesse bem, todos sabemos
que é um time muito bom. A experiência e a calma de um Atlético soberano que
cozinhou o jogo e sabia que cedo ou tarde chegaria ao gol, que veio, no final
do primeiro tempo, com um cruzamento sensacional do Bernard para uma cabeçada
genial do Ronaldo.
O segundo tempo veio e o Galo,
então, foi senhor da partida. Jogou fria e corretamente, uma fireza quase
européia, sabendo que a virada era questão tempo. Rodando a bola esperando um
espaço que veio em uma bela troca de passes concluida brilhantemente pelo
Tardelli. Poderia ter feito mais, não o fez, mas também, como era essencial,
não correu riscos. Ganhou fora de casa e marcando dois gols.
O principal, porém, é a moral que
o grupo e o time retomam. Uma vitória que se torna muito importante neste
sentido, daquelas que deixam claro o sangue que corre nas veias dos jogadores.
Comparo àquela vitória contra o Sport, no Brasileirão do ano passado, uma
vitória difícil, suada, mas que valeu mais do que uma goleada. Agora o Atlético
está confiante, o caminho da vitória apareceu de novo e o bom futebol, com
talento e experiência deu indícios, sobretudo, com participação do Tardelli
(como está jogando o Tardelli), que o melhor da América está voltando. Agora,
com prudência, vamos ao Horto, nosso matadouro, consolidar a passagem para as
quartas de final.
Essa vitória, contando com a
sorte, com o acaso, com bom futebol, com inteligência, com raça, com suor, com
união, é vitória de campeão, a vitória da virada, da retomada. E, convenhamos, se formos campeões, será muito
melhor passando por São Paulo, Palmeiras, Boca do que enfrentando Garcilasso, Santa
Fé, Alianza Lima ou Sportinhg Cristal…