Ontem, quando o Tijuana marcou o
primeiro gol, ainda estava tranquilo. Quando segundo gol mexicano foi marcado,
junto ao som dos foguetes dos “Marijuanas”, me veio um certo desespero. Naquele
exato momento pensei no meu ingresso para o jogo da semana que vem, criei o
título para o post de hoje: “Lutar até morrer”, ou algo do tipo. Pensava também no
preço que estávamos pagando pelo título Mineiro. Mas time competitivo, para
ganhar um torneio como a Libertadores, tem que jogar contra tudo e todos,
gramado, juiz, torcida, pressão, dias ruins. E tem contar com a sorte também.
Eis que, em um lance de sorte, em uma falha da zaga ao rebater o escanteio
cobrado por R10, a bola sobra pro Tardelli, que colocou a bola, de maneira chorada, pra dentro do gol.
Já estava aliviado. Comemorei na
janela de casa, com os dizeres, de antemão me desculpem pelo palavreado: “Chupa
Mariada Filha da Puta”, irado com o prematuro foguetório no segundo gol dos
Xolos. Ali já era quase certo que estaríamos classificados. O resultado era
ótimo e o título do meu post já seria: “O Gol da classificação”. Considerando todos os contratempos, desde a
grama sintética à viagem longa e o pouco tempo entre o a final do Mineiro e o
jogo no México, já torcia para o final urgente e rápido da partida, aquele
placar era o ideal.
Mas quem tem Ronaldinho e Tardelli
tem que esperar até o final, sempre. Acrescenta-se à esta receita de técnica e
habilidade um jogador como o Luan. Um guerreiro, raçudo, vibrante e lutador. A
cara do Galo. Nos acréscimos, enquanto eu rezava para o jogo acabar, a bola, na
lateral do campo, para nos pés do R10. Minha mãe, agoniada, gritava para ele
chutar a bola pra frente. Meu pai e eu nos tranquilizamos: nos pés dele, a bola
e o Galo estavam seguros. E gênio é gênio. O cara, com um olho, fez uma fila e entregou
para o outro craque do time, como joga o Tardelli, que, como queria Cuca no
início do ano, assumiu o desafio de dividir a responsabilidade com o R10. Nesta
hora, ouvi uns poucos gritos, que não entendi. Eram os que acompanhavam o jogo
pelo rádio. Na hora então que o DT9 colocou aquela bola pro Luan, para ele
ganhar na força, na raça, já suspeitava: o impossível devia ter acontecido.
Dez segundos depois da vibração
dos poucos vizinhos, a bola entrou na televisão. Emocionados como o Luan, que,
mais uma vez, mudou completamente o jogo, ficamos todos aqui. Fui de novo à
janela, ainda revoltado com o prematuro foguetório, e gritei: “chupa vice”.
Nesta hora, o título do post havia mudado para “Chupa Marijuana”, mas decidi
ser mais comedido, afinal, arrogância é do lado de lá. O empate teve o gostoso
sabor de vitória, afinal, vencemos a defesa invicta em casa duas vezes e
trouxemos a decisão para nosso matadouro. Além disso, independentemente de
qualquer coisa, esse empate é um resultado daqueles de campeão, daqueles que
vêm na sorte, mesmo quando no dia está dando tudo errado.