Hoje, enquanto os jogadores
viajam comemorando rumo à Tijuana, fim do México, a gente comemora. E temos mesmo
que comemorar. Como todos sabemos, o que para gente sempre é Mineiro, para os
recalcados azuis seria Champions League se vencessem e agora que ganhamos, em um fingimento
descarado que ninguém engole, vira “rural”.
Ontem foi dia de acabar com minha voz, no Mineirão e na Praça 7, comemorando o primeiro título do ano, primeiro de muitos. O título, porém, como
tudo no Galo, custou caro, veio no sufoco. Com o sofrimento habitual.
O Galo, por pura soberba ou
apenas por estar com cabeça na América do Norte, sentou em cima da vantagem no primeiro tempo.
Não esteve bem, apesar das duas ou três chances claras que criou. Sofreu dois
gols de pênaltis infantis, mas bem marcados. Aliás, não houvesse esses pênaltis
o Cruzeiro não faria o gol, pois, tirando esses lances, eles chegaram umas duas
vezes, no máximo. No segundo tempo, o ritmo foi outro. Ainda longe de ser o
melhor da América, de ser o time que vai entrar em campo no México, jogando
para o gasto, o Atlético matou o Cruzeiro, perdeu um milhão de chances, mas
como só jogava por um gol, o fez, para nosso delírio na arquibancada.
Somos bicampeões, com justiça,
pois, há dois anos, somos os melhores de Minas Gerais, com sobras. A torcida,
como sempre, um show à parte. Aliás, uma menção extremamente honrosa aos heróis
alvinegros que ficaram no setor misto do lado oposto de onde nós, os 10%, estávamos.
Ficaram embaixo da torcida do Cruzeiro e só eram percebidos, juntamente com os
alvinegros nos camarotes daquele lado, quando as camisas se agitavam no hino.
No fim do jogo ficou claro quantos eram. Realmente muitos, até porque, caso
contrário, um deles não teria a ousadia de, ao lado de uma faixa de uma
organizada do Cruzeiro, acima do escudo inflável do time mandante, estendeu,
para o mundo inteiro ver, uma bandeira alvinegra.
O setor misto abaixo das antigas
cabines de rádio, como o esperado, era nosso. Completamente preto e branco.
Nós, os quase seis mil concentrados na antiga torcida do América, cantando
ininterruptamente. No início e no fim do jogo, mal dava para notar essa história de mandante. A rua de trás do Mineirinho, em toda sua totalidade, estava, desde as
13, tomada pela torcida alvinegra. Foguetório, bandeiras alvinegras e tudo o
que pré-jogo tem direito. Ali já era notável: éramos mais de 6000, com certeza.
Ainda em minoria, evidentemente, dominamos os setores Premium e, creio eu, dez
mil alvinegros comemoraram no Mineirão. Ao fim do jogo, idem. A saída do
estádio e os arredores da Antônio Carlos, aliás, a própria avenida, tomada de
duas cores: preto e branco. Posteriormente a sensacional festa da Praça 7,
literalmente tomada, ocupada pela nação atleticana. Aliás, como diz um amigo
meu, BH não está preparada para o Galo ganhar uma Libertadores. Aquela festa,
linda, contagiante, era por conta do Campeonato Mineiro, se ganharmos o título
da América, podem decretar uma semana de feriado.
Mas Mineiro, só para relembrar
os recalcados de plantão, do qual somos bicampeões, já temos 42. Então, passada
a festa, voltemos ao trabalho, pois, como nos contou o Cuca ontem em cima do
trio, temos uma decisão quinta. Um jogo muito importante, que pode definir
nossa vida na maior competição que disputamos neste ano e que estamos há 6
jogos de ganhar. Nunca esteve tão perto, nunca tivemos tanta chance. BH que
se prepare.