segunda-feira, 20 de maio de 2013

BH que se cuide


Hoje, enquanto os jogadores viajam comemorando rumo à Tijuana, fim do México, a gente comemora. E temos mesmo que comemorar. Como todos sabemos, o que para gente sempre é Mineiro, para os recalcados azuis seria Champions League se vencessem e agora que ganhamos, em um fingimento descarado que ninguém engole, vira “rural”.  Ontem foi dia de acabar com minha voz, no Mineirão e na Praça 7, comemorando o primeiro título do ano, primeiro de muitos. O título, porém, como tudo no Galo, custou caro, veio no sufoco. Com o sofrimento habitual.

O Galo, por pura soberba ou apenas por estar com cabeça na América do Norte, sentou em cima da vantagem no primeiro tempo. Não esteve bem, apesar das duas ou três chances claras que criou. Sofreu dois gols de pênaltis infantis, mas bem marcados. Aliás, não houvesse esses pênaltis o Cruzeiro não faria o gol, pois, tirando esses lances, eles chegaram umas duas vezes, no máximo. No segundo tempo, o ritmo foi outro. Ainda longe de ser o melhor da América, de ser o time que vai entrar em campo no México, jogando para o gasto, o Atlético matou o Cruzeiro, perdeu um milhão de chances, mas como só jogava por um gol, o fez, para nosso delírio na arquibancada.

Somos bicampeões, com justiça, pois, há dois anos, somos os melhores de Minas Gerais, com sobras. A torcida, como sempre, um show à parte. Aliás, uma menção extremamente honrosa aos heróis alvinegros que ficaram no setor misto do lado oposto de onde nós, os 10%, estávamos. Ficaram embaixo da torcida do Cruzeiro e só eram percebidos, juntamente com os alvinegros nos camarotes daquele lado, quando as camisas se agitavam no hino. No fim do jogo ficou claro quantos eram. Realmente muitos, até porque, caso contrário, um deles não teria a ousadia de, ao lado de uma faixa de uma organizada do Cruzeiro, acima do escudo inflável do time mandante, estendeu, para o mundo inteiro ver, uma bandeira alvinegra.

O setor misto abaixo das antigas cabines de rádio, como o esperado, era nosso. Completamente preto e branco. Nós, os quase seis mil concentrados na antiga torcida do América, cantando ininterruptamente. No início e no fim do jogo, mal dava para notar essa história de mandante. A rua de trás do Mineirinho, em toda sua totalidade, estava, desde as 13, tomada pela torcida alvinegra. Foguetório, bandeiras alvinegras e tudo o que pré-jogo tem direito. Ali já era notável: éramos mais de 6000, com certeza. Ainda em minoria, evidentemente, dominamos os setores Premium e, creio eu, dez mil alvinegros comemoraram no Mineirão. Ao fim do jogo, idem. A saída do estádio e os arredores da Antônio Carlos, aliás, a própria avenida, tomada de duas cores: preto e branco. Posteriormente a sensacional festa da Praça 7, literalmente tomada, ocupada pela nação atleticana. Aliás, como diz um amigo meu, BH não está preparada para o Galo ganhar uma Libertadores. Aquela festa, linda, contagiante, era por conta do Campeonato Mineiro, se ganharmos o título da América, podem decretar uma semana de feriado.

Mas Mineiro, só para relembrar os recalcados de plantão, do qual somos bicampeões, já temos 42. Então, passada a festa, voltemos ao trabalho, pois, como nos contou o Cuca ontem em cima do trio, temos uma decisão quinta. Um jogo muito importante, que pode definir nossa vida na maior competição que disputamos neste ano e que estamos há 6 jogos de ganhar. Nunca esteve tão perto, nunca tivemos tanta chance. BH que se prepare.