Estava torcendo pelo Palmeiras.
Não pela predileção que tenho em São Paulo pelo Palmeiras, não pela bobagem de
torcer para brasileiro, muito menos pela ruindade do time. Até porque a
ruindade de Palmeiras e Tijuana são
equivalentes. Também não é por conta da violência dos mexicanos, que só sabem
dar porrada. Isso deve nos preocupar mesmo é no Domingo, porque o Cruzeiro vai querer
tirar os jogadores do Galo da Libertadores. Queria o Palmeiras porque ir à
Tijuana jogar três dias depois de um clássico não é fácil.
Em vôos comerciais,por exemplo, o tempo de
chegada é de cerca de 14 horas de viagem, saindo um dia e chegando em outro. No
nosso caso, ao menos duas paradas. A primeira em São Paulo e a segunda na
Cidade do México. Tijuana, na Baja Califórnia, fica exatamente na fronteira com
os Estados Unidos. Fica à 0 km do Tio Sam, em cima da borda. Extremamente
longe. O clima na cidade também não dos melhores. No meio do deserto, na
primavera local, a cidade é seca e insuportavelmente quente e abafada. O ambiente da cidade também assusta. Dominada
pelo tráfico, a cidade de Tijuana faz a Rocinha parecer a Disneylândia. Traficantes que,
inclusive, financiam os Xolos, como o time é conhecido.
Em campo, o estádio é grande e a
torcida não exerce grande pressão, apesar dos símbolos alusivos ao cartel do
tráfico do norte do México. O campo, porém, será, talvez, nosso maior
adversário. O gramado é sintético, mas não daqueles aprovados pela FIFA,
usados, por exemplo, na Rússia, por conta do inverno. Aqueles simulam bem a
grama natural. A grama do estádio do Tijuana é simplesmente a mesma grama
desses campos de pelada society que vemos por aí. Desses que enchem nossas
meias e chuteiras de borracha preta que ficam pela casa. Chuteira de trava são
inúteis e quem der carrinho vai sair ralado. A bola, como nas peladas, estará
viva, sempre quicando.
Nada, porém, que torne impossível
sair de lá com um bom resultado. O Corinthians, por exemplo, perdeu por um a
zero garfado. O Palmeiras, também garfado, com um pênalti não marcado, empatou
em zero a zero com uma grande atuação do goleiro Bruno, aquele que entregou a
classificação. Viajar para São Paulo seria melhor, jogar no Pacaembu seria
melhor. Mas quem quer ser campeão tem que enfrentar tudo isso. Domingo é jogar
com o regulamento embaixo do braço, para sermos campeões sem nos desgastar
muito e quarta é só ter tranquilidade e quem sabe a marcar um golzinho lá,
porque quando o Tijuana cair no horto, estará, como sempre, morto.