quarta-feira, 15 de maio de 2013

Welcome to Tijuana


Estava torcendo pelo Palmeiras. Não pela predileção que tenho em São Paulo pelo Palmeiras, não pela bobagem de torcer para brasileiro, muito menos pela ruindade do time. Até porque a ruindade de Palmeiras e Tijuana  são equivalentes. Também não é por conta da violência dos mexicanos, que só sabem dar porrada. Isso deve nos preocupar mesmo é no Domingo, porque o Cruzeiro vai querer tirar os jogadores do Galo da Libertadores. Queria o Palmeiras porque ir à Tijuana jogar três dias depois de um clássico não é fácil.

Em vôos comerciais,por exemplo, o tempo de chegada é de cerca de 14 horas de viagem, saindo um dia e chegando em outro. No nosso caso, ao menos duas paradas. A primeira em São Paulo e a segunda na Cidade do México. Tijuana, na Baja Califórnia, fica exatamente na fronteira com os Estados Unidos. Fica à 0 km do Tio Sam, em cima da borda. Extremamente longe. O clima na cidade também não dos melhores. No meio do deserto, na primavera local, a cidade é seca e insuportavelmente quente e abafada.  O ambiente da cidade também assusta. Dominada pelo tráfico, a cidade de Tijuana faz a Rocinha parecer a Disneylândia. Traficantes que, inclusive, financiam os Xolos, como o time é conhecido.

Em campo, o estádio é grande e a torcida não exerce grande pressão, apesar dos símbolos alusivos ao cartel do tráfico do norte do México. O campo, porém, será, talvez, nosso maior adversário. O gramado é sintético, mas não daqueles aprovados pela FIFA, usados, por exemplo, na Rússia, por conta do inverno. Aqueles simulam bem a grama natural. A grama do estádio do Tijuana é simplesmente a mesma grama desses campos de pelada society que vemos por aí. Desses que enchem nossas meias e chuteiras de borracha preta que ficam pela casa. Chuteira de trava são inúteis e quem der carrinho vai sair ralado. A bola, como nas peladas, estará viva, sempre quicando.

Nada, porém, que torne impossível sair de lá com um bom resultado. O Corinthians, por exemplo, perdeu por um a zero garfado. O Palmeiras, também garfado, com um pênalti não marcado, empatou em zero a zero com uma grande atuação do goleiro Bruno, aquele que entregou a classificação. Viajar para São Paulo seria melhor, jogar no Pacaembu seria melhor. Mas quem quer ser campeão tem que enfrentar tudo isso. Domingo é jogar com o regulamento embaixo do braço, para sermos campeões sem nos desgastar muito e quarta é só ter tranquilidade e quem sabe a marcar um golzinho lá, porque quando o Tijuana cair no horto, estará, como sempre, morto.