Bons e ótimos
jogadores, jogadores acima da média e até diferenciados são muitos. Jogadores com
inteligência para jogar futebol, gênios e craques são poucos. Alguns com
inteligência para jogar bola, diga-se de passagem, nem chegam a ser craques. O
fato é que nenhum jogador joga bem sempre, todos passam por fases ruins e
realizam jogos aquém da expectativa. Entretanto, o primeiro grupo, dos acima da
média, quando não estão bem, são bem marcados e não aparecem na partida, em
nada acrescentam ao time, a não ser pela chance que sempre existe desses
jogadores decidirem a peleja em um lapso, uma jogada individual. Os que têm
inteligência para jogar bola, craques ou não, estes conseguem, mesmo sem aparecer na
partida, sem ver a bola, anulados – em tese – serem importantes para o time, ainda
que a torcida nem note sua presença.
O Ganso, por
exemplo – que, confesso, me enganou - mesmo mal, mesmo não sendo o que prometeu,
é extremamente inteligente. É um jogador, inclusive, que se tivesse cumprido metade do
que prometeu, seria titular da seleção, já que não há ninguém tão inteligente quanto
ele lá. Em 2011, ano que o Santos foi campeão da Libertadores, o Ganso provou sua inteligência em uma partida,
se não me engano, válida pelas quartas de final da Libertadores contra o Cruz Azul no México. O Santos não estava bem, Ganso não
estava bem. Um dos volantes mexicanos grudou no meia, que não conseguiu jogar,
não viu a cor da bola. O então camisa 10 santista, percebendo a situação, foi
para o canto do campo, abdicando do jogo, acompanhado por seu cão de guarda,
abrindo espaço no meio de campo para o Arouca jogar - espaço que deveria ser ocupado por aquele que estava ao lado do Ganso, o anulando competentemente.
Não estou
falando do Santos por causa do jogo de hoje. Queria ressaltar especificamente aquela atuação do PH Ganso para comparar com as últimas partidas do
Ronaldinho, que, não preciso nem ressaltar, é extremamente superior à eterna promessa hoje no São Paulo. O Ronaldo das últimas partidas, inclusive da última, em que foi
decisivo, não foi tão participativo nem tão espetacular quanto estamos
acostumados, pelo menos não na frequência e intensidade que estávamos vendo.
Alguns cronistas, sobretudo de São Paulo, começaram até a criticar as atuações
do craque. Inclusive, uma dessas criticas, que disse que apesar dos dois
gols o Adriano havia anulado o Ronaldo na partida, me motivou a falar do
assunto. Concordo. A marcação individual faz com que sua participação no jogo não fosse intensa. Não anulou, porém, sua genialidade. Mesmo quando, em tese, não joga bem, o R10
conduz o time do Galo. Digo mais, mesmo se ele estiver jogando terrivelmente mal - o que não é o caso-, se ele sair o time se transforma negativamente.
Os motivos são simples. O Galo joga com uma linha de três jogadores atrás do centroavante extremamente
rápida e habilidosa, que jogam melhor com espaço. Um deles, o Ronaldinho, sempre está acompanhado de um ou dois
marcadores individuais, afinal, se derem espaço ao jogador duas vezes melhor do mundo ele fatalmente vai arrebentar, colocar alguém na cara do gol ou ele
mesmo entrar no gol. Com um ou dois marcadores a menos, só por conta do R10,
Tardelli, Bernard , Luan, até o Marcos Rocha pela direita têm mais espaço para jogar e
menos dois para marcá-los. Mais campo e
possibilidades para eles acertarem um lançamento e colocarem um companheiro na cara do gol, mais espaço para correrem e partir para dentro da defesa. Às
vezes, com o apoio do Cuca, quando está marcado e anulado, o Ronaldinho vai
para comando do ataque, colado ao gol. Com isso o meio de campo adversário fica aberto, já que isso acua o
adversário, que além dos zagueiros terá um dois ou volantes que estão por conta
de marcar nosso camisa 10. Ele pode não pegar na bola constantemente, mas se sobrar no
pé dele, é decisivo. Enquanto o resto do time do Atlético deita e rola no meio de
campo, que terá pelo menos um adversário a menos.
O Grêmio
experimentou esse veneno. O Adriano colou no Ronaldinho. Era capaz de acompanhá-lo
até ao banheiro. Estava difícil para o camisa 10 armar. Mas ele foi para o
ataque e deixou o Tardelli, Luan e Marcos Rocha jogando no meio e acuando o tricolor
gaúcho. Em uma dessas, a bola partiu do pé do Rocha, livre, para o Alecssandro dentro da pequena área sofrer o pênalti. Óbvio que depois disso o panorama do jogo
mudou e com os gaúchos partindo para cima ficou mais fácil para o craque do
Galo. Mas antes do gol, com o Ronaldo “sumido”, o Galo dominava o jogo já que
sem o Adriano, colado no R10 lá dentro da área, a intermediária do Grêmio
tinha um buraco em que o Luan e o Tardelli deitavam e rolavam. Jogador inteligente, mesmo sem encostar na bola, sem aparecer no jogo, faz o time inteiro
jogar. Se ele além de inteligente for gênio, as poucas vezes em que ele aparecer vai ser para mudar o jogo, fazendo dois gols e colocando os companheiros na cara do gol. Poucos times tem este jogador, nós temos.