O inferno que criamos no Horto funcionou. Em um jogo cheio de reviravoltas, cheio de emoções, em um teste para
cardíaco, que não me deixou dormir direito até agora, que ainda me deixa
boquiaberto, em um dia inesquecível, o Galo chegou a sua primeira final de
Libertadores. Classificação suada, no peito e na raça contra um time muito bom,
que não só valorizou muito nossa classificação como merece todo nosso respeito
e os parabéns. Foi um grande adversário. Grande mas que não resistiu, e não porque é inferior tecnicamente, e o é. Essa parte eles até superariam com a vontade argentina. Mas Caiu no Horto Tá Morto. Aí até os mais experientes falham. Aí o volante que anulara o Ronaldo na última semana, sente e devolve uma bola morta nos pés do Guilherme. Aí dois jogadores, com a chance de botá-los na frente após dois penais desperdiçados pelo Galo, isolam. Aí o Maxi Rodriguez, baita jogador, vê o gol pequeno diante do Victor e da massa. Ouvir um couro uníssono de "Eu acredito", vindo do nada, no momento em que eles, argentinos, menos esperavam que a torcida brasileira fosse comportar com os hinchas hermanos, foi demais para eles. Aí a perna pesa, a cabeça pesa, a falta de sono pesa, o caldeirão pesa. E para gente alivia. O peso descarregado em lágrimas, orações, gritos, e as mais diversas e passionais reações que se possa imaginar. Ainda bem.
Mas, apesar da
emoção não ter passado, apesar da euforia e a adrenalina daquela semifinal
inesquecível ainda estar em nossas veias, apesar da voz não ter voltado,
tampouco a concentração, apesar de tremer todas as vezes que vejo ou ouço a
reprise da disputa por pênaltis, apesar de tentar empurrar a bola com o olho
para dentro do Gol todas as vezes que revejo o chute do Guilherme, que, diga-se
de passagem, jogou muita bola e, enfim, se pagou; o Newell’s é passado. Estamos
a dois jogos e duas semanas de fazer história, de parar Belo Horizonte, de
conseguir um sonho, de chegar ao Paraíso.
Sinceramente,
ainda não sei o que será de mim caso sejamos campeões da Libertadores. Ainda
não consigo imaginar, mas sei que estamos perto, nós, que, sem a menor sombra
de duvida, somos a torcida que mais merece esse título no Brasil. Nós que
estamos com um grito preso na garganta, estamos a dois passos do paraíso.
Faltam 180 minutos para que possamos, se tudo der certo, entrar para história,
e para esses jogadores, a quem já devemos ser muito gratos independentemente de
qualquer coisa, entrarem para história do Clube, coisa de se fazer uma estátua
para cada um deles - e um extra pro São Victor, sério se estivesse em vias de ser pai, meu filho se chamaria Victor, ideia, que, certamente, muitos futuros papais em 2013 e 2014 já estão tendo.
Mas calma, muita
calma. Estão e estamos nos colocando como favoritos, relembrando a final da Conmebol de
1992, mas não tem nada ganho ainda. E nem pensem que será fácil. Apesar dos problemas administrativos do Olimpia, apesar do Galo ser um time melhor (o Santa Fé também era), estamos falando
de um time tricampeão da Libertadores, com sete finais no currículo e campeão
mundial. Um time copeiro, que também não chegou a esta final a toa. Apesar de
ainda estar tomado pela emoção, de todos nós estarmos, ainda temos que dar dois passos para chegar ao paraíso, um em Assunção, outro em BH. Vamos juntos, e sem
essa de ficar chorando estádio. Se não for no Independência, transformaremos o
Mineirão em um inferno. Jogadores, diretoria, comissão técnica, torcedores,
todos temos que ser só um, desde o jogo de Assunção. Não chegamos até aqui, do
jeito que chegamos, em vão. Eu acredito. Sim, nós podemos. O difícil vai ser
levar a vida cotidiana até o dia 24 de Julho, mas YES WE C.A.M.