Não restam dúvidas: nesta altura do campeonato, o Brasileirão do Atlético é o clássico de
Domingo. Ganhar do Cruzeiro pela segunda vez no Brasileirão, a primeira no novo
Mineirão é nossa principal meta no momento. Mas não era para ser.
Há muito
tempo, quando ele ainda era um dos melhores treinadores do Brasil, o Luxemburgo
falou que um campeonato disputado se decide no confronto contra os pequenos.
Entre os grandes, o perde e ganha de pontos será constante e normal. Por isso,
a tendência é que a equipe com menos tropeços diante dos pequenos seja a vencedora.
Isso se
comprova cada vez mais. Um time que entende todos os jogos como iguais, tem
mais de chances de ser campeões à um time que faz o jogo da vida os grandes
confrontos. Para se ter ideia, no “Campeonato dos Clássicos”, ou seja, um
Brasileirão particular de 20 jogos entre os 11 maiores times do Brasil
disputando a primeira divisão, o Galo seria o terceiro, imediatamente à frente
do Cruzeiro (que nesta disputa paralela tem um jogo e dois pontos a menos).
Atrás apenas de São Paulo e Corinthians, respectivamente.
Quando ouvi isso, pensei em fazer um levantamento: o Galo
jogou 12 vezes, perdeu 4 (Grêmio, São Paulo, Flamengo e Corinthians), empatou 2
(Corinthians e Grêmio) e ganhou, pasmem, 6 (Cruzeiro, Santos, Palmeiras, Inter,
Fluminense e Botafogo). E como um time
desses não está no topo da tabela? Vamos fazer uma comparação com o rival: em
11 jogos eles perderam 3 (Atlético, São Paulo e Corinthians), empataram 3 (São
Paulo, Fluminense e Botafogo) e ganharam 5 (Flamengo, Santos, Palmeiras, Grêmio
e Inter). Então porque estamos distantes do topo da tabela? Nos jogos mais
difíceis, comprovamos, não há superioridade.
A razão é
simples. Os vacilos contra os pequenos. Poucos se atentam a isso, talvez pela
repercussão da vitória entre os grandes, mas esses jogos são imprevisíveis e
qualquer resultado tem de ser esperado no planejamento. Um sempre mata o outro
e os pontos nesses jogos acabam por se equilibrar. O problema são os pequenos. Não
que seja só problema do Galo, o vice líder tem 4 derrotas das quais uma foi
para a Chapecoense em casa, e outra para o Coritiba fora.
Não dá para
vacilar contra esses times, e esse é o problema do Atlético. É inadmissível
para quem quer estar no topo, perder em casa para o Goiás, empatar com o Bahia
e o Criciúma, também em casa, deixar a vitória escapar contra a chapecoense no
último minuto, empatar com o Coritiba (lanterna à época), fora de casa ou ser
tão categoricamente dominado pelo Sport no Recife. São esses os jogos que nos
tiram do topo da tabela.
Esses
jogos, exceto no campeonato de 2009, muito atípico, são jogos que dificilmente o
campeão perde pontos. Ora, o São Paulo, em 2007, quando foi campeão com sobras,
sofrendo apenas 4 gols, não ganhou do Atlético. Perdeu no Morumbi, 1 x 0, gol
do Paulo Henrique, e empatou no Mineirão 1 x 1, sendo que o Lenilson marcou o
gol do Atlético e o Coelho ainda perdeu um pênalti.
Não ganhou
do Galo, mas duvido que perdeu tantos pontos bestas quanto esses perdidos pelo Atlético, sobretudo em casa. Considerando a fase do Sport, é até plausível que se a
equipe tivesse jogado bem, perdesse. Mas os outros, eram obrigação. E nesta
brincadeira, considerando só essas partidas que me vieram à memória, seriam 11
pontos a mais. Seríamos, hoje, portanto, os vice-líderes com 42 pontos.
Na teoria
pura, não fosse as circunstâncias que nos distancia muito mais do que deveria
do G4, o jogo prioritário em termos de Campeonato, para quem busca o título,
seria a partida de hoje, contra o Goiás, no Serra Dourada. A de Domingo um bônus.
O São Paulo, vice-líder, parece não ter pensado nisso. Priorizou o clássico
paulista, poupando seu principal jogador, e perdeu três pontos quase certos contra o Coxa. Fez isso em
troca de 3 duvidosos, embora, óbvio, muito mais saborosos contra o Corinthians.
Para o
Atlético chegar ao G4, ele vai ter de jogar mais do que jogou o campeonato
inteiro, suar sangue, e melhorar seu desempenho, sobretudo contra os times sem expressão. Não
dá para perder pontos para esses times medíocres. Entretanto,
circunstancialmente, nesta semana o jogo da vida alvinegra é Domingo, até porque precisamos recuperar os pontos perdidos para os medíocres do campeonato.