sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O quebra cabeça do Levir

Ontem o Galo fez um excelente primeiro tempo. No segundo, claramente se poupando para o clássico, administrou a partida e, apesar dos 3 x 2, não correu nenhum risco, em uma partida fácil. Uma partida suficientemente boa na primeira etapa para colocar algumas pulgas atrás da orelha do treinador, com as atuações excelentes de Dátolo e Guilherme.

Ontem era o dia para o teste do Douglas Santos, mas não dá para entender a insistência do Levir Culpi com o Emerson Conceição. Pior: na hora de colocar o Douglas Santos, ele não tira o Emerson e coloca dois laterais, fazendo os dois ficarem completamente perdidos em campo - e, por incrível por pareça, era possível fazer o Emerson ficar mais perdido. Isso quer dizer, no fim das contas, que na guerra de Domingo, vamos ter que com a água do Conceição mesmo. Isso, confesso, me preocupa absurdamente.

Confesso, assisti poucos jogos do Cruzeiro, e espero que o Levir tenha visto mais, de toda forma, a maioria dos gols que vi eles fazendo tem origem de cruzamentos da direita para esquerda, não necessariamente do fundo. Logo no lado do Emerson. E, vendo a partida de ontem, reparando mais uma vez como ele marca mal, temo muito as jogadas por aquele setor.

Não deposito a menor confiança nesta baba. Então vamos ter de matar as jogadas antes delas acontecerem, ou seja, os volantes vão ter que suar muito para não deixar a bola chegar à lateral direita deles. Além, óbvio, da precaução redobrada com as bolas aéreas. Outra arma perigosa dos rivais são os chutes de fora, responsabilidade, redobrada, de novo, aos volantes.

Além disso, eles pressionam muito a saída de bola. Outro temor quando a bola vai à lateral esquerda. Já que o gênio da ala, o bom moço, se embola sozinha com a criança. Não podemos dar chutões, temos que ficar com a bola, mas perder na saída de jogo é fatal.

E não precisa de fórmula mágica para derrotar o Cruzeiro. Os principais erros deles, que originam os gols, são as bolas aéreas nas costas dos laterais. O problema é que o Atlético acerta, no máximo, dois cruzamentos por jogo, se muito. Para ganhar temos de usar as mesmas armas usadas por eles no ataque, quase como um espelho, pois, eles projetam no adversário exatamente as suas próprias falhas de retaguarda.

Pressionar a saída, portanto, é fundamental. Contra o São Paulo, por exemplo, o primeiro gol nasceu assim, bem como diversas outras chances do tricolor, porque os zagueiros e laterais, se pressionados, entregam. Principalmente no lado esquerdo. E, tendo a oportunidade, tem que matar o jogo. Não pode perder gol em um clássico contra um adversário forte. O Grêmio, por exemplo, perdeu gols incríveis, e sofreu a derrota, em um cruzamento da direita, no finzinho.

A partida de Domingo é um jogo de xadrez. Pura estratégia. E do meio para frente, são 6 jogadores para 4 vagas. Ou melhor, 5 para 3, já que o Tardelli, obviamente, não pode ficar de fora. Uma tentativa ousada, excessivamente, seria a entrada do Dátolo como volante, reduzindo para 4 os postulantes à 3 vagas. Mas é muito arriscado. Talvez em uma circunstância de jogo, mas não de início.

Guilherme, Dátolo, Luan, Carlos e Jô disputam para se juntar ao Tardelli. Muitos aspectos entram em campo neste momento. A partida que o Guilherme e o Dátolo fizeram ontem os credenciam à ocupar duas das vagas, mas não é tão simples.

Pensando em pressionar a saída de bola e sair com velocidade nas costas dos laterais, poderíamos pensar em uma formação com Dátolo, Luan, Tardelli e Carlos. É, certamente, a formação mais veloz, com maior capacidade de pressionar a saída. Contudo, por mais que fase do Jô seja ruim, a pior partida do Atlético nos últimos tempos foi contra o Grêmio, a única sem o centro-avante fixo de área. Além disso, se precisarmos não haveria velozes no banco. Ou seja, no segundo tempo, considerando a intensidade desses atletas, perderíamos a capacidade de contra-atacar. Por fim, com esta formação só Dátolo seria capaz de fazer lançamentos em profundidade, facilitando a marcação; além de não termos ninguém para explorar as bolas aéreas. 

Pensando, então, em uma formação que amplie a capacidade de lançamentos, e colocando uma opção de velocidade no banco, pode-se tirar o Carlos ou o Luan para a entrada do Guilherme. O camisa 17 é um excelente lançador, tem visão de jogo muito boa e pode ser usado como um centroavante, revezando com o Tardelli. Aí, para o segundo tempo, teríamos mais uma opção de velocidade no banco. Por outro lado, a capacidade de marcação se reduz muito, pois, de todos os 6, os que menos marcam são, em ordem crescente, Tardelli e Guilherme. O camisa 9 até pressiona a saída um pouco, mas isso não faz parte do repertório do 17, que nem biotipo para esse tipo de jogo tem. 

Colocando o Jô no ataque, o Guilherme vai para o banco junto com um dos homens de velocidade, Carlos e o Luan. Aumentamos as chances de bola aérea, conseguimos um meio termo na marcação de saída, embora percamos alguém que acompanha o defensor até o fim. O dinamismo fica prejudicado, mas pode se ganhar a jogada de pivô. O banco, neste caso, teria à disposição para mudar o jogo um velocista e um jogador que pode ser de cadência no meio ou definidor.

Sinceramente, não tenho resposta para este quebra-cabeça, vou deixar para o Levir. Mas, no lugar dele, pensaria a estratégia a partir de alguns pontos. Tardelli, óbvio, está dentro. Ao seu lado, no meio, um homem de cadencia e bom passe, ou seja, Dátolo ou Guilherme. À frente, ao menos um de velocidade, ou seja Luan ou Carlos. E o Jô no centro, já que a bola aérea é um dos pontos fracos deles. Se esta configuração não é a melhor formação possível, é  a mais equilibrada, proporcionando ainda, opções no banco para mudar o jogo. 


Vamos ver como pensa o Levir e vamos para cima dele Galo! Afinal, freguês é freguês.