segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Um na entrada e outro na saída. Só falta o cartão fidelidade.

Sexta feira, aqui mesmo (http://paixaopretaebranca.blogspot.com.br/2014/09/o-quebra-cabeca-do-levir.html), escrevi sobre o quebra-cabeça do Levir Culpi com relação à escalação para o clássico. A primeira possibilidade que aventei, inclusive, foi justamente a formação inicial do Galo. Achava, e achei até o momento do jogo, uma escalação temerária, ousada demais. Sexta disse – “E do meio para frente, são 6 jogadores para 4 vagas.Ou melhor, 5 para 3, já que o Tardelli, obviamente, não pode ficar de fora. Uma tentativa ousada, excessivamente, seria a entrada do Dátolo como volante, reduzindo para 4 os postulantes à 3 vagas. Mas é muito arriscado. Talvez em uma circunstância de jogo, mas não de início.

Na hora pensei: ele é louco. Só pode ser. E que eu mais temia, como já dizia sexta, era o fato de, se por um lado tínhamos um time capaz de pressionar a saída de bola do adversário, por outro, não teríamos opções no banco para mudar a partida. Mas, devo admitir, dar o braço à torcer, ontem o Levir se portou como um enxadrista. O cálculo era simples. 5 jogadores defensivos e 5 ofensivos, parecia óbvio que ele abriria o time e partiria para cima do Cruzeiro.

Mas o comportamento do time surpreendeu a todos. Até ao Marcelo. O objetivo de ter 5 jogadores de frente era fechar o time e ter qualidade na saída rápida. O time estava completamente fechado, jogando por uma bola. E, parecia que o Levir realmente assistiu os jogos do Cruzeiro e sabia que os principais pontos fortes deles eram a saída de bola e os cruzamentos no ataque. E sabia também que estes eram os pontos fracos do cliente. E colocou jogadores de velocidade para apertar a saída de bola e explorar as costas laterais.

O Atlético deixou o Cruzeiro se cansar com a bola no pé, para, cirurgicamente, decidir o jogo. E, diferentemente de alguns jogos e anos anteriores, em que não conseguíamos decidir diante à milhões de chances. E os três principais personagens do jogo apareceram. Em uma jogada pela esquerda, já no fim da primeira etapa, Emerson Conceição cruzou a bola. Everton Ribeiro não saiu, deixando o Carlos em posição legal. E o menino não perdoa. Menos de um minuto depois, o mesmo Everton, perdeu a bola. De novo, a estratégia cirúrgica, Dátolo e Tardelli se incumbiram de definir. Em jogos difíceis tem de ser assim: quando tem chance, tem que matar. Mais um gol de cruzamento, mais um gol pressionando a saída. O Levir realmente conhecia os pontos fracos do adversário.

O Galo tomou um gol besta, em uma jogada do Everton Ribeiro em cima do Emerson Conceição. Gol deles. Depois, o Everton Ribeiro cruzou, Emerson Conceição falhou de novo e sofremos o empate. O enxadrista, então, contou com a sorte. O juiz não deu um pênalti no Luan e, em seguida, quando eles tentaram inovar no jogo e arriscar as tabelas, mandaram uma na trave.

Desta vez o Levir se portou realmente como enxadrista. Eles já haviam desistido de jogar pelo fundo, perceberam que o Atlético conhecia bem as armas que tinham. Então tentavam cruzar do meio de campo e tabelar da ponta para o meio. O Luan, machucado, deu lugar ao Josué, fechando ainda mais o meio. O Conceição, também contundido, deu lugar ao Douglas Santos, melhorando exponencialmente a marcação pela esquerda. E o Eduardo entrou para não deixar o Egídio jogar. Era hora de esperar.

E o óbvio aconteceu: o Cruzeiro cansou. A partir dos 35 o Atlético subiu um pouco a marcação e fez o óbvio, outra vez: pressionou a saída de bola. Na primeira vez o Dátolo quase fez. Depois, em uma jogada besta, o Eduardo pressionou a saída de bola na ponta direita. O zagueiro deu um chutão para cima. A bola sobrou no meio. O Galo trabalhou ela por alguns segundos até o Donizete achar o Carlos dentro da área. Não tem perdão. Aliás, o maior de Minas, também é o melhor, e não pode deixar seu cliente na mão.

Estamos perto do primeiro objetivo,entrar no G4. Estivemos lá por alguns momentos da partida. E na rodada só o Fluminense e o São Paulo não venceram. Mas estávamos em nosso sítio, nosso salão de festas. E, pela primeira vez desde que o clássico começou com a palhaçada de não ter duas torcidas divididas igualmente, o visitante ganhou. E tinha de ser o Galo, até porque o visitante, o maior de Minas, estava jogando em casa e contra nosso cliente cinco estrelas. Cliente que, podem até ganhar uma faixa de campeão, mas com dois carimbos de nossos estabelecimentos: O de entrada, em nossa casa, pelo Horto; e a saída pelo nosso sítio, o Mineirão.


Obrigado e voltem sempre. Aliás, aguardamos ansiosamente pela visita na Copa do Brasil, para podermos entregar o cartão fidelidade.