terça-feira, 11 de novembro de 2014

Adeus rotina

Se você me disser que está cumprindo seus afazeres normalmente, responderei enfaticamente que é mentira. Ninguém em Belo Horizonte está normal. A cidade, dividida entre nós e os azuis, não está e nem poderia estar em seu ritmo cotidiano. Do porteiro ao presidente da companhia, todos, em alguma medida, em algum momento somos interrompidos pela ansiedade do clássico dos clássicos. O maior clássico do mundo em uma grande decisão.

Não há quem não pense nisso, ou que, em determinado momento da noite, não sonhe com o grande dia. A Copa do Mundo do Catar em 2022 parece estar mais próxima se comparada ao dia 27/11/2014. Nem precisa ir tão longe. A próxima quarta feira, parece, só chegará depois do carnaval.

Estou, sim, ansioso. Muito. Pernas trêmulas, coração disparando a cada momento em que penso na partida. A ansiedade triplica pelo fato de, pela primeira vez, não ter conseguido ingresso. Se não tiver os bilhetes, a ansiedade só vai aumentar. Afinal, ela só se apazigua quando chego próximo ao estádio e percebo não estar só. Mas como atleticano, ainda não desisti de conseguir um ingresso.

Fato é que vivemos momentos de expectativa absurda. É algo inimaginável, afinal estamos simplesmente a dois passos de completar algo triunfal. Eliminar Corinthians, Flamengo e Cruzeiro para conquistar um título. O queridinho da televisão e os dois maiores rivais. Meu Deus, ainda não deu para processar tudo isso.

Mais uma vez, porém, não somos favoritos. E gosto disso. Deixa a arrogância para o outro lado, como usual. Somos apenas o outro time da decisão, o desafiador do "melhor time do Brasil". Somos um time cuja virtude maior é acreditar. Acreditamos sim, mas sabemos: não vai ser fácil. Somos humildes o bastante para isso, mesmo para reconhecer que não somos favoritos.

Nossa receita para tentar ganhar é simples. Se chama sintonia. Entre nós e os jogadores. Todos sabemos para vencer teremos deixar a vida. Os jogadores vão ter de suar sangue, deixar corpo e alma em campo. Nós, da arquibancada, teremos de sangrar as gargantas. Termos fé. Nada será capaz de nos esmorecer. Até porque o time que redefiniu o impossível merece nossa fé do primeiro ao centésimo oitavo minuto.

Cada jogador vai ser apoiado como se um ente querido. Estaremos com eles sob qualquer circunstância. Somos um só e acreditamos, até o fim. Custe o que custar, vamos batalhar até o final, até a madrugada do dia 27 de Novembro.


Enquanto isso, vamos aguardando um dos maiores dias da nossa gloriosa história, tentando, na medida do possível, viver a vida na normalidade. Embora, até agora, isso tenha sido impossível.