segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Como faz gol?

Muitos falam em tática, técnica, fundamento, organização. Teorizam demais o futebol. Ao ver comentaristas e até, como alguns canais insistem em chamá-los, “especialistas” em futebol, chego perto de crer que o esporte o qual aprendi a amar se tornou uma ciência exata, quase uma matemática. E todo mundo entende e fala com muita propriedade, embora, há de se convir, quem jogou futebol, nem que uma peladinha semanal, percebe que muitas das coisas ditas por tais especialistas são inimagináveis. Alguns, diga-se, não conseguem nem compreender o que é uma arquibancada.

Mas futebol não é nada disso. Na verdade ele é, essencialmente, tomada de decisão. O resultado não provém do melhor, do pior, das teorias. O placar é pura e simplesmente reflexo tomadas de decisão. Claro, não há como negar, mudar time que está ganhando, mexer no que está dando certo reflete em campo. Por isso, não tenho medo em afirmar que a mudança de esquema do Atlético, voltando a jogar com dois volantes foi um erro. Não à toa perdemos os dois jogos com esse esquema.

Não há como discordar que joga OU Pierre OU Josué. Dois marcadores puros e exclusivos não dá. O time não cria nada. Também acho ser um erro do Levir insistir no Marion como alteração para mudar o jogo. Jogador de contra-ataque não muda jogo. Aliás, pessoalmente, não gostei de nenhuma das alterações. Por fim, não há questionamentos com relação à falta que faz o Guilherme.

Apesar disso tudo, na prática, o resultado se resume às tomadas de decisão em campo. Ora, mesmo com os erros de escalação e substituição, o que podemos dizer do jogo de ontem? O Atlético dominou jogou, era para ter vencido. Mas, as tomadas de decisão erradas nos levaram à derrota. Quantas vezes assistindo à partida de ontem você não se pegou xingando a TV e mandando o jogador chutar?

Pois então, é básico no futebol: para ganhar tem que chutar. O Galo e sua mania insuportável de querer fazer gols de dentro da área, entrando com jogador e bola dentro do gol. Muitas vezes é por puro medo de arriscar, o que é ridículo. Por isso, apesar de isolar a bola, afinal, não é uma de suas características, elogiava o Luan em cada uma das tentativas, mesmo nos “field goals”.

Poderia ter sido diferente, afinal é tudo uma questão de decisões. Como seria se naquela bola em que o Alex Silva ficou de frente para o gol, com medo por ter errado um lance anterior, muito mais difícil, chutasse? Mas ele decidiu tocar para o lado, onde não tinha ninguém de preto e branco. E se, no fim do jogo, o Tardelli, ao receber de costas para o gol, livre, sem ninguém perto, em vez de ligar o automático e tentar fazer o pivô, naquele um dois de futsal, tivesse percebido estar sozinho, girasse e chutasse? E na bola em que o Luan correu sozinho desde o campo de defesa, um jogador abre completamente livre de um lado, e o Tardelli passa, completamente marcado? Imagina se o Luan não escolhesse tocar para o Tardelli?


É uma questão de decisões. Em uma dessas, se o Galo vira o jogo, a parte teórica não vale nada, afinal, futebol não é teoria. Futebol não é prancheta. A teoria e a prancheta funcionam quando o resultado vem. Agora cabe ao Atlético, ao Levir, incentivar essas tomadas de decisões e, sobretudo, dar confiança aos atletas para chutar ao gol, porque sozinha a bola não entra.