Muitos
falam em tática, técnica, fundamento, organização. Teorizam demais o futebol.
Ao ver comentaristas e até, como alguns canais insistem em chamá-los, “especialistas”
em futebol, chego perto de crer que o esporte o qual aprendi a amar se tornou
uma ciência exata, quase uma matemática. E todo mundo entende e fala com muita
propriedade, embora, há de se convir, quem jogou futebol, nem que uma peladinha
semanal, percebe que muitas das coisas ditas por tais especialistas são
inimagináveis. Alguns, diga-se, não conseguem nem compreender o que é uma
arquibancada.
Mas futebol
não é nada disso. Na verdade ele é, essencialmente, tomada de decisão. O resultado não
provém do melhor, do pior, das teorias. O placar é pura e simplesmente reflexo tomadas
de decisão. Claro, não há como negar, mudar time que está ganhando, mexer no
que está dando certo reflete em campo. Por isso, não tenho medo em afirmar que
a mudança de esquema do Atlético, voltando a jogar com dois volantes foi um
erro. Não à toa perdemos os dois jogos com esse esquema.
Não há como
discordar que joga OU Pierre OU Josué. Dois marcadores puros e exclusivos não
dá. O time não cria nada. Também acho ser um erro do Levir insistir no Marion
como alteração para mudar o jogo. Jogador de contra-ataque não muda jogo. Aliás,
pessoalmente, não gostei de nenhuma das alterações. Por fim, não há
questionamentos com relação à falta que faz o Guilherme.
Apesar
disso tudo, na prática, o resultado se resume às tomadas de decisão em campo. Ora,
mesmo com os erros de escalação e substituição, o que podemos dizer do jogo de
ontem? O Atlético dominou jogou, era para ter vencido. Mas, as tomadas de
decisão erradas nos levaram à derrota. Quantas vezes assistindo à partida de
ontem você não se pegou xingando a TV e mandando o jogador chutar?
Pois então,
é básico no futebol: para ganhar tem que chutar. O Galo e sua mania
insuportável de querer fazer gols de dentro da área, entrando com jogador e bola dentro
do gol. Muitas vezes é por puro medo de arriscar, o que é ridículo. Por isso, apesar de isolar a bola, afinal,
não é uma de suas características, elogiava o Luan em cada uma das tentativas,
mesmo nos “field goals”.
Poderia ter sido diferente, afinal é tudo uma questão de decisões. Como seria
se naquela bola em que o Alex Silva ficou de frente para o gol, com medo por
ter errado um lance anterior, muito mais difícil, chutasse? Mas ele decidiu
tocar para o lado, onde não tinha ninguém de preto e branco. E se, no fim do
jogo, o Tardelli, ao receber de costas para o gol, livre, sem ninguém perto, em
vez de ligar o automático e tentar fazer o pivô, naquele um dois de futsal,
tivesse percebido estar sozinho, girasse e chutasse? E na bola em que o Luan
correu sozinho desde o campo de defesa, um jogador abre completamente livre de um lado, e o
Tardelli passa, completamente marcado? Imagina se o Luan não escolhesse tocar
para o Tardelli?
É uma
questão de decisões. Em uma dessas, se o Galo vira o jogo, a parte teórica não
vale nada, afinal, futebol não é teoria. Futebol não é prancheta. A teoria e a
prancheta funcionam quando o resultado vem. Agora cabe ao Atlético, ao Levir,
incentivar essas tomadas de decisões e, sobretudo, dar confiança aos atletas
para chutar ao gol, porque sozinha a bola não entra.