quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O melhor título de todos os tempos



Pode não ter sido o mais importante.
Afinal, somos campeões das Américas.
Um dos times mais temidos do continente.
Pode não ter sido o mais emocionante.
Tivemos duas viradas, é verdade.
Mas não chega perto de duas decisões por penais.
Nem de uma defesa de pênalti aos 47 do segundo tempo.
Não foi o mais difícil também.
Não enfrentamos o Defensores del Chaco.
Nem o caldeirão dos Leprosos.
Ainda assim, esse título tem um gosto especial.
Muito especial.
Muito melhor aos outros.
A Copa do Brasil mais difícil e merecida.
Uma Copa do Brasil vencida apenas contra times da elite.
O Palmeiras foi à primeira fase da Libertadores:
Apenas o Bonus Track.
Mas depois vieram os fantasmas.
O gosto de enfrentar o Corinthians.
Contra a mídia, contra CBF.
Contra os injustos 2 x 0 de São Paulo.
Contra o 1 x 0 no terceiro minuto no Mineirão.
Mas aqui é Galo.
E o Galo vence o impossível.
E o primeiro fantasma se foi.
Adeus Corinthians.
Era a vez do Flamengo.
Maldito Flamengo.
O maior rival fora de Minas.
A maior rivalidade interestadual do país.
Aquele time maldito.
Malditos árbitros. Maldito Wright.
Malditos sejam os fantasmas dos anos 1980.
Malditos sejam a Globo e a CBF, amantes da camisa rubro negra.
Maldito seja o Maracanã.
Desde o título de 1971 aquela grama tem sido maldita.
E outros 2 x 0 na conta.
Conturbados dias de Jô, André e Conceição.
Na turbulência, os profetas apocalípticos decretavam nossa derrota.
O primeiro sinal do fim da saga veio aos 34 do primeiro tempo.
E o Flamengo saía na frente.
Flamenguistas alertavam:
“Aqui não é Corinthians”.
É verdade.
Mas, de novo, aqui é Galo.
Terra onde não há impossível.
E a épica virada em cima dos amaldiçoados urubus.
Adeus Flamengo.
Voltem ao inferno malditos fantasmas.
Deem nosso alô ao Wright, ao Aragão, à Globo, à CBF.
Por si, o roteiro já valia a pena.
O caminho já era lindo demais para se preocupar com título.
A taça não importaria.
Não fosse o rival da decisão o Cruzeiro.
O maior rival.
O melhor time do Brasil.
O todo poderoso.
O bicampeão brasileiro. 
E todo esse mimimi ridículo. 
Mas diante de toda prepotência o Galo é Galo.
A expectativa já era a maior da história.
Já pensou?
Corinthians, Flamengo e Cruzeiro?
Nesta ordem, a ordem crescente dos infelizes.
Ordem crescente da rivalidade.
Seria difícil.
Era o clássico do século.
O maior clássico da história.
Mas na final não precisa de sufoco.
Não precisava.
No nosso cemitério, rendemos o adversário.
2 x 0 com requintes de crueldade.
2 x 0 barato.
O nosso salão de festas era o palco da final.
Nada tão perfeito.
Aliás, algo poderia ser mais perfeito.
Ganhar lá.
Ser campeão não bastava.
Tínhamos de ganhar lá.
Diante deles.
Calar, com apenas 1800, todo o estádio.
O gol veio.
Depois de muitas tentativas.
Apenas um gol, poderia ser 4.
Mas não teria tanta graça.
Matamos com propriedade o “melhor time do Brasil”.
Mostramos que o Mineirão é nosso.
Só nosso.
Nosso salão de festas.
Fomos campeões.
Somos Campeões.
E que título!
Não há como superar ser campeão passando por cima de Corinthians, Flamengo e Cruzeiro.
Gritar é Campeão é bom.
Da forma que foi não tem preço.
Ver 1800 calando 35000 não tem preço.
Um título do Galo, com a cara do Galo.
O Galo é campeão.
O novo rei do mata –mata.
O melhor mandante do mundo.
O time mais temido da América.
Ninguém que ver o Galo pela frente em um mata-mata.
O Galo é o time para o qual impossível não existe.
O time dos títulos inesquecíveis.
O melhor título de todos os tempos.
Nem eu consigo me entender sob tanta emoção.
Mas o Atlético não se entende. 
Se sente.
Porque não basta BH ser Galo.
Não basta Minas Gerais ser Galo!
Não basta Brasil ser Galo!
O importante é que aqui, aqui é Galo!