Pode não
ter sido o mais importante.
Afinal,
somos campeões das Américas.
Um dos
times mais temidos do continente.
Pode não
ter sido o mais emocionante.
Tivemos duas
viradas, é verdade.
Mas não
chega perto de duas decisões por penais.
Nem de uma
defesa de pênalti aos 47 do segundo tempo.
Não foi o
mais difícil também.
Não
enfrentamos o Defensores del Chaco.
Nem o
caldeirão dos Leprosos.
Ainda
assim, esse título tem um gosto especial.
Muito especial.
Muito
melhor aos outros.
A Copa do
Brasil mais difícil e merecida.
Uma Copa do
Brasil vencida apenas contra times da elite.
O Palmeiras
foi à primeira fase da Libertadores:
Apenas o Bonus Track.
Mas depois
vieram os fantasmas.
O gosto de
enfrentar o Corinthians.
Contra a
mídia, contra CBF.
Contra os injustos
2 x 0 de São Paulo.
Contra o 1
x 0 no terceiro minuto no Mineirão.
Mas aqui é
Galo.
E o Galo
vence o impossível.
E o
primeiro fantasma se foi.
Adeus
Corinthians.
Era a vez
do Flamengo.
Maldito
Flamengo.
O maior
rival fora de Minas.
A maior
rivalidade interestadual do país.
Aquele time
maldito.
Malditos
árbitros. Maldito Wright.
Malditos
sejam os fantasmas dos anos 1980.
Malditos
sejam a Globo e a CBF, amantes da camisa rubro negra.
Maldito
seja o Maracanã.
Desde o
título de 1971 aquela grama tem sido maldita.
E outros 2 x 0 na conta.
Conturbados
dias de Jô, André e Conceição.
Na
turbulência, os profetas apocalípticos decretavam nossa derrota.
O primeiro
sinal do fim da saga veio aos 34 do primeiro tempo.
E o
Flamengo saía na frente.
Flamenguistas
alertavam:
“Aqui não é
Corinthians”.
É verdade.
Mas, de
novo, aqui é Galo.
Terra onde
não há impossível.
E a épica
virada em cima dos amaldiçoados urubus.
Adeus Flamengo.
Voltem ao
inferno malditos fantasmas.
Deem nosso
alô ao Wright, ao Aragão, à Globo, à CBF.
Por si, o roteiro
já valia a pena.
O caminho
já era lindo demais para se preocupar com título.
A taça não
importaria.
Não fosse o
rival da decisão o Cruzeiro.
O maior
rival.
O melhor
time do Brasil.
O todo
poderoso.
O bicampeão
brasileiro.
E todo esse mimimi ridículo.
Mas diante
de toda prepotência o Galo é Galo.
A
expectativa já era a maior da história.
Já pensou?
Corinthians,
Flamengo e Cruzeiro?
Nesta
ordem, a ordem crescente dos infelizes.
Ordem
crescente da rivalidade.
Seria
difícil.
Era o
clássico do século.
O maior
clássico da história.
Mas na
final não precisa de sufoco.
Não
precisava.
No nosso
cemitério, rendemos o adversário.
2 x 0 com
requintes de crueldade.
2 x 0
barato.
O nosso
salão de festas era o palco da final.
Nada tão
perfeito.
Aliás, algo
poderia ser mais perfeito.
Ganhar lá.
Ser campeão
não bastava.
Tínhamos de ganhar lá.
Diante
deles.
Calar, com
apenas 1800, todo o estádio.
O gol veio.
Depois de
muitas tentativas.
Apenas um
gol, poderia ser 4.
Mas não
teria tanta graça.
Matamos com
propriedade o “melhor time do Brasil”.
Mostramos
que o Mineirão é nosso.
Só nosso.
Nosso salão
de festas.
Fomos
campeões.
Somos
Campeões.
E que
título!
Não há como
superar ser campeão passando por cima de Corinthians, Flamengo e Cruzeiro.
Gritar é
Campeão é bom.
Da forma
que foi não tem preço.
Ver 1800 calando 35000 não tem preço.
Um título
do Galo, com a cara do Galo.
O Galo é
campeão.
O novo rei
do mata –mata.
O melhor
mandante do mundo.
O time mais
temido da América.
Ninguém que
ver o Galo pela frente em um mata-mata.
O Galo é o
time para o qual impossível não existe.
O time dos
títulos inesquecíveis.
O melhor
título de todos os tempos.
Nem eu consigo me entender sob tanta emoção.
Mas o Atlético não se entende.
Se sente.
Porque não basta BH ser Galo.
Não basta Minas Gerais ser Galo!
Não basta Brasil ser Galo!
O importante é que aqui, aqui é Galo!