Nem todos
os craques são campeões. Nem todos os campeões são craques. Existem alguns
jogadores, por mais que seja odiados pelos torcedores, naturalmente campeões.
Não sei se é instinto, faro, luz divina. Mas são jogadores campeões por onde
passam, independentemente da qualidade técnica. Às vezes eles fazem diferença
fora de campo, no vestiário, não sei como explicar, mas esse tipo de jogador
existe.
Existe e
são importantes, de um modo ou outro para o time. Alguns por serem decisivos,
outros por crescerem monstruosamente nas partidas decisivas, sendo simplesmente
frios e até aqueles que tornam bom o clima no vestiário. Podemos até não
querê-los titulares, mas não podemos dar o luxo de não tê-los no elenco. Óbvio
jogadores vêm e vão, aos poucos a idade chega, o custo benefício pesa, mas é
sempre bom ter um desses no elenco.
Alguns vão
querer me expurgar da Terra, mas o Atlético campeão dos últimos anos tinha esse
tipo de jogador, alguns, até execrados pela torcida. Um time vencedor, como
este Atlético, se faz de jogadores com gosto pelos títulos, e que têm conquista
nas veias. Não é de raça que estou falando é algo a mais, sobrenatural mesmo. Muitos
conquistaram isso no Atlético, como o Donizete, Leo Silva, Pierre... Pensem na
carreira deles antes de chegarem ao Galo e no tamanho das conquistas que
tiveram.
Outros
vieram para cá assim, sendo fundamentais para, de uma maneira ou outra, passar
esse algo para os outros. O Victor e o Réver, por exemplo, foram campeões da
Copa do Brasil com o Paulista de Jundiaí. O Dátolo já havia ganhado de tudo um
pouco com o Boca e o Tardelli, ainda que no banco, com o São Paulo.
Esses são
os exemplos de jogadores que hoje são indiscutíveis. Contudo, existem outros
cuja importância acaba sendo esquecida por várias razões e que têm esse algo a
mais no sangue. Não são jogadores essenciais ao jogo, mas talvez seja
essenciais ao elenco, aquele cara que você pode ter no grupo, mesmo que seja só
para tocar pandeiro.
Começando
pelo que saiu, o Richarlysson é um pouco assim. Gostem ou não, foi campeão com
o São Paulo, foi campeão com o Atlético e, apesar de muitos não admitirem, teve
participação importante, tanto na conquista da vaga direta, quanto na própria
Libertadores. Não foi fundamental, obviamente, mas teve sua importância. Hoje,
evidentemente, não dá mais para ele, mas há de se reconhecer o valor de sua
carreira.
O segundo
desses jogadores é o Edcarlos. O zagueiro, que até vem tendo uma passagem nota
6, foi simplesmente campeão do mundial de clubes. Não é um primor e eu admito
que fui contra sua contratação e ainda hoje me assusto quando ele é
escalado, mas não vamos esquecer, no apagar das luzes do Mineirão, era ele quem
estava ali para marcar o quarto gol contra o Corinthians.
O último,
porém, é o jogador do Atlético cuja alma campeã é a mais evidente. Não é nem
nunca foi um gênio. Não é para ser titular. O custo benefício, até pela idade,
já não é tão bom. Mas devemos agradecê-lo sim por sua passagem no Galo. Afinal,
no banco ou em campo, são raros os jogadores que, como ele, crescem nas horas
decisivas.
Me lembro
quando ele chegou ao Galo, um amigo de São Paulo, são paulino, em uma viagem
que fiz para lá, quando soube de sua contratação disse: “cara, jogadoraço.” Não
é para menos. Ele foi campeão da Libertadores com o São Paulo, campeão do mundo
com eles; disputou uma copa do Mundo; foi capitão e dono do Wolfsburg da
Alemanha.
No Galo não
era titular. Nem tinha de ser. Mas era o toque de experiência que faltava ao
time do Cuca. E, apesar das críticas, não há como esquecer as horas decisivas nas
quais ele cresceu como um monstro. Na semifinal da Libertadores, contra o
Newells, no Independência foi avassalador. Na final contra o Olímpia no
Mineirão idem. Recentemente, na primeira partida da final da Copa do Brasil,
voltou a jogar muita bola.
O Josué não
é mais o jogador regular que foi no São Paulo. Hoje ele costuma guardar as boas
atuações para as horas de decisão. Não é um craque, mas tem seu valor. Até acho
que seu custo benefício, pela idade, principalmente, pode ficar alto e é justo
não renovar o contrato. Entretanto, e sei que muitos vão crucificar, temos de
reconhecer seus momentos no Galo, um grande jogador para o grupo e que,
certamente, terá muita serventia para onde for.