O Levir é muito bom treinador, mas ontem mexeu mal pra cacete.
Com um volante só, o Carlos não podia sair, porque pelo menos marca bem. Aliás ele estava até bem no jogo.
Se era para tirá-lo, tinha que colocar alguém com a mínima capacidade de
marcação ou de retenção de bola. Definitivamente esse alguém não é o
Maicosuel. E no início do segundo tempo, bem antes do gol, se tinha um claro
desenho da partida. O Galo não conseguia reter a bola, porque não tinha em
campo jogadores com essa característica.
Giovanni, Maicosuel e Thiago
Ribeiro, não são jogadores que ditam ritmo, tampouco têm capacidade de marcação (um deles não tem nem vontade de ter). A situação ficou pior na direita, pois o Patric, com sua mente insana e
inteligência fora do comum – infelizmente no mal sentido -, jogava mais avançado
do que o próprio ponta. Assim, para tirar o Carlos, a opção número 1 deveria
ser o Donizete. Reforçar a marcação. A segunda, o Cárdenas, que é capaz, a
despeito de muitas cornetas de plantão, ditar o ritmo do jogo, desacelerar o
adversário e ainda marca um pouquinho. A terceira, o Guilherme – titular absoluto,
se estiver inteiro.
Depois, mais uma vez já no desespero, em
uma fogueira desgraçada, o Levir colocou o Guilherme. Alteração perfeita, mas
que deveria ter sido feita bem antes. Além disso, em uma lógica que só ele entende,
tirou o Pratto e colocou o Jô. O Pratto não tem jogado bem, mas tem muito mais
capacidade fora da área do que o Jô, jogador, diga-se, de quem gosto bastante. O incompreensível nessa mudança,
contudo, não é isso. A cada 50 bolas alçadas na área, o Galo acerta uma. Então
para que colocar o Jô se os caras são incapazes de acertar um cruzamento?
Mesmo assim, outra vez, o time
não se apresentou tão mal, quanto o resultado. Ainda que, novamente, tenha perdido para um
adversário fraquíssimo; ainda que, novamente, o maior problema tenha sido ele
mesmo, a autossuficiência após a virada de jogo. Esse é o resumo do jogo, mas,
futebol, é muito mais que isso, é detalhe. E o jogo que vemos no estádio
é muito diferente do que o transmitido pela televisão.
A situação defensiva do Galo só não
está pior porque um cara tem jogado muita bola, tem sido um verdadeiro monstro
em campo. Ele se chama Rafael Carioca. O cara conhece muito de bola, de
posicionamento, de marcação e sabe jogar. Já faz um tempo que ele tem sido o
principal jogador do time, disparado. Já era para ser ídolo, foi o único
que se salvou integralmente nas duas últimas partidas. Um excelente jogador,
muito melhor, inclusive, do que o Elias, que tanta gente sonha. Se posiciona melhor,
toca melhor, marca melhor, pensa mais o jogo. Só não faz tantos gols...
Queria falar sobre ele após uma
vitória, porque, quando o time vai bem, ele passa tão desapercebido que
esquecemos o tanto que ele vital ao time. O verdadeiro motor atleticano. E ontem, apesar do empate, ele jogou demais. O melhor em campo disparado.
Do outro lado da moeda, um vilão
que ninguém nota. Muitos xingam o Dátolo, às vezes de maneira justa, mas, na maioria, nem tanto. Vi, inclusive, por conta da cor das chuteiras, gente xingar o Dátolo quando,
na verdade, é esse outro jogador quem está no lance. Aliás, podem falar o que
for do Dátolo, mas uma coisa ele tem de sobra: raça. Raça e coragem, porque ele
nunca se esconde do jogo. Aliás, acho que a comparação com o ano passado tem sido cruel com ele. Afinal, ele é o líder de assistências e artilheiro do Galo no Mineirão. O problema é que, desde que aceitaram o Patric, pegaram o Jesus para Cristo. E olha que, tanto ontem, quanto sábado vi gente xingando o Dátolo em lances que não era ele quem estava com a bola, pela semelhança da chuteira com um outro jogador, este sim, irritante.
Para ele falta raça, falta. Ontem, na nossa frente, mais uma vez,
ele provou isso. O Giovanni Augusto entregou mais um gol ao adversário. Ele parou
de acompanhar a marcação imaginando um impedimento que não tinha o menor
cabimento. Ele olha para o Patric, que estava no Lucas Lima, e desiste completamente do lance, deixando o lateral passar.
Ele é um bom jogador, sim, fato. Faz excelentes jogadas. Mas é aquele jogador frio, sem raça, sem alma. Se cortar o braço dele é capaz de não cair uma gota de sangue. Quando ele perde a bola e fica olhando,
parado. Não volta, não marca, nem atrapalha o adversário. É daqueles caras que
só jogam com a bola no pé. Com um volante só, se os meias e atacantes não fizerem pelo menos
uma sombra, é caixão. Vejo críticas monstras recaindo sobre tantos outros que, por pior que estejam, ao menos fazem ao máximo e vão ao limite.
E ninguém se lembra do Giovanni Augusto, que está sempre longe do máximo,
dificilmente se entrega e segue errando por pura preguiça e displicência.
Ontem, no exato momento do empate
santista, todos que estávamos atrás do gol xingamos o Giovanni Augusto. Daquela
posição ficou evidente de quem foi a falha no lance, aliás, a completa omissão no lance. Alguém tem que avisá-lo
que para vestir o manto sagrado, tem que ter raça. Repito, ele é, sim, um ótimo
jogador. Mas, se Deus quiser, o Guilherme está voltando.
De toda sorte, as críticas na
internet estão pesadas demais, exageradas demais. Pedir a cabeça do Levir? Mandar todo mundo embora? A
torcida perdeu a noção, apesar dos erros e da frustração, o Atlético não é o Barcelona. E, se
quisermos ser campeões, precisamos jogar juntos. Desde 2012 ganhamos um título
por ano, menos, bem menos.
Mas, mesmo assim, admito: eu não
vejo a hora do Giovanni Augusto sentar no banco... ou dar um sanguinho.