quarta-feira, 10 de junho de 2015

Pelo bem do Galo, fique em casa

Desde 2012 muito torcedor do Atlético apareceu, ou reapareceu. Depois da Liberta e do aumento do preço dos ingressos, então, dependendo do jogo, o Estádio parece até a Savassi nos áureos tempos. 

Sinceramente, às vezes prefiro ir ao Mineirão como visitante, com apenas mil vozes capazes de calar o estádio, como no clássico da semifinal do Mineiro, do que em partidas como a final contra a Caldense no Mineirão, dias pródigos em torcedores “modinha”.

O estádio fica muito melhor, muito mais vibrante quando vão apenas os torcedores de verdade, que estão em todos jogos, nos momentos bons e ruins, gente acostumada ao campo desde os tempos de ingressos a preços populares. Nós, que vamos a todos os jogos, ou em tantos quantos possíveis, já até reconhecemos as caras comuns. Nem nos conhecemos, sequer nos falamos ou sabemos o nome um do outro. Dependendo do caso, não temos nem a ideia de em qual setor do estádio o cara vai. Mas, invariavelmente, nos vemos ao redor das ruas do Horto e sabemos: aquele ali sempre está aqui.

Naquela semifinal no Mineirão, por exemplo, éramos apenas dois mil e reconheci ao meu redor um monte de gente que sempre vejo nos jogos do Galo. Seja na Libertadores, seja no Mineiro, em jogos grandes ou pequenos. Pessoas que estão com o Galo até o fim, que sabem o espírito de ser atleticano.

Gente que odeia perder um clássico, que vai embora para casa puto após a derrota, mas sabe que Galo é Galo, por isso estaremos juntos com ele sempre. São essas pessoas que fazem da torcida do Galo ser "a torcida do Galo", patrimônio de nosso futebol. São os dois mil que foram ao Mineirão, os 400 recebendo os jogadores no aeroporto após a derrota contra o Inter, ou mesmo os poucos que aplaudiram o time após a vergonhosa derrota no clássico.

Gente que já foi no estádio e apoiou incondicionalmente Bilu, Thiago Feltri, Márcio Mexerica, André Luiz, Luizinho Netto, Amaral, Fábio Baiano e tantos outros... Gente que após um empate fatídico contra o Vasco, que decretou o pior momento de nossa história, cantou a plenos pulmões o hino do Galo e que, mesmo em minoria (uma das poucas vezes que vi isso quando o clássico era dividido) cantou e vibrou pelo Atlético no primeiro clássico após o rebaixamento, um empate por 1 x 1. São inúmeros, capazes de encher vários Mineirões, mas acabam perdendo espaço. 


Estou lembrando disso, da verdadeira torcida do Galo, porque após o jogo de Sábado, li e ouvi um monte de torcedor de internet, desses da modinha, dizer que ia vaiar jogador hoje. Criticaram aos montes e chegam a ser até injustos em determinados momentos, afinal, após a derrota, não vi, por exemplo, ninguém pedir a cabeça do Giovanni Augusto. Ninguém gosta de perder, ainda mais clássico. Era fato, contudo, que um dia iria acontecer.

Me pergunto, sinceramente, onde estavam esses torcedores quando o Atlético caiu para segundona, ou quando passou anos e mais anos lutando para não cair. Quando levamos seguidas goleadas do Cruzeiro ou quando nós amargamos o jejum de clássicos. Onde eles estavam nos momentos difíceis? Será que eles acompanhavam futebol? Sinceramente não sei. Torço pela vitória, mas amo o Galo. 

E agora, após uma derrota - que, apesar da forma, na teoria não é nenhum absurdo - não é hora de cair de pau sobre o time. Ao menos se quisermos ver o time campeão do Brasileirão, ou ao menos na luta pelo título, que desde 1999 nunca esteve tão viva. É hora de apoiar incondicionalmente, de jogar com o time e buscar a vitória, de ser a torcida do Galo. 

E, por favor, se você não está com este espírito, se não o conhece,  pelo bem do Galo, fique em casa hoje. Caso contrário, vamos juntos ao Horto, porque ele ganhando, ele perdendo, o Galo está no coração.