Ontem, no recorde de público do campeonato,
o Galo jogou no horário modinha do Brasileirão 2015. A partida das 11 da manhã. Embora não
tenha sido tanto quanto foi no jogo contra a Caldense, o
Mineirão, outra vez, estava como uma Savassi. Prato cheio para os solteiros e
corneteiros de plantão.
E o Galo até começou até bem, fazendo
o que deveria fazer: partindo para cima de uma defesa absurdamente
fechada. Estava claro que eles vieram para ficar todo mundo atrás e tentar
achar um gol, mas se não achasse, também estava de bom tamanho. Antes da bola do Leo Silva entrar, diga-se, eles não chegaram nem
perto de ter essa bola.
E nem chegariam, pois, verdade
seja dita, o Joinville é um time horroroso. É daqueles, que, e quem joga pelada
vai entender, de tão ruim desanima até o adversário, que se acomoda, tornando o
jogo enfadonho. Algo parecido com o que aconteceu entre Argentina e Jamaica. É
o tipo de partida que se torna perigosa. O jogo se torna morno, sonolento e, às
vezes, o time ruim acaba achando gol nessa brincadeira. Então, recuperar o
ânimo para voltar à frente do marcador é difícil.
Além disso, e isto é tão evidente
quanto dois e dois são quatro, não se está bem todos os dias, não se joga bem
todos os dias. E o jogador, mesmo o peladeiro, depois de algum tempo em campo percebe quando o dia não é de santo.
Ontem era um desses dias ruins,
isso estava claro, realmente a pior partida do ano. O problema é que era o jogo
do horário da modinha, e parte dos torcedores da modinha pedem raça com o time
ganhando, vaiam com o time ganhando e acham ruim, com o time ganhando, se
alguém recua uma bola. Essa pressão ridícula de nego que não entende nada de
futebol quase pôs tudo a perder.
Explico: existe uma grande
diferença entre jogar para a torcida e pela torcida. Jogar para a torcida é
querer agradar a arquibancada a qualquer custo, mesmo que não sendo a melhor
opção. É colocar o jogador que todo mundo quer, é acelerar sempre, é dar
chutão, é ser vertical, intenso e irresponsável. Jogar pela torcida é dar a
alma pela vitória, independente de quando se joga bem ou mal. O que eu espero
de um jogador do Galo é que ele jogue sempre pela torcida e esqueça o "para" a
torcida.
Voltando ao jogo, o Levir colocou os dois
jogadores que deveria ter colocado, embora, admito, teria mantido o Giovanni
Augusto e tirado o Maicosuel. Na terceira mudança, vendo a situação que se desenhava, de chutões sem sentido e aceleração burra do jogo,
colocaria o Cárdenas e não o Carlos. Mas, de maneira geral, foram substituições
boas. O que aconteceu, no entanto, é que, as vaias e a pressão desnecessárias de
parte da torcida fizeram com que os jogadores quisessem jogar para a torcida, em vez
de pela torcida.
Assim, no final do jogo, com o
time ganhando, sabendo que não estava na melhor das tardes, ao invés de segurar
a bola, ficar com ela, ter paciência e subir só na boa, para matar o jogo; o
Atlético acelerou. E, em um dia ruim, quando se acelera, tenta o contra-ataque
em todo lance, a qualquer custo é óbvio que 90% dos lançamentos vão ser
errados. Os chutões vão ser abundantes e a bola vai e volta, sem dar respiro
para a defesa.
Ontem foi cena recorrente: o
Atlético recuperava a bola. Ficava com ela limpa e tranquila. Se o jogador
tocasse de lado a torcida vaiava. Então eles pegavam a bola e olhavam para
frente, tentavam conduzi-la com velocidade e lançar com pressa, jogavam para a
torcida, erravam os lançamentos, faziam a jogada errada. No Brasileiro, ganhar por 1 ou por 1000 são três pontos. Ganhar em
dias ruins é que o faz o time ser campeão. Jogar para a torcida quase colocou
tudo a perder ontem.
Se ganhar, mesmo jogando mal, não
vão ter vaias no fim. Para o torcedor modinha, que vai até jogar contra se o
time não tiver o tempo todo dando show, no fim do jogo valerão os três pontos.
Se o time tivesse arrebentado com a bola, como aconteceu contra o Santos, e
tomasse o empate, esses mesmos pela-saco do inferno estariam xingando Deus e o
mundo, querendo a cabeça de todos.
Jogadores, joguem por nós, não
para a gente. A arquibancada, não tem condições psicológicas de pensar o jogo e
usar a inteligência. Vocês têm. Se o dia é iluminado, partam para dentro. Façam
1, 2, 3, 4, 5. Como foi o dia contra o Avaí, em que dava para ter sido uns 8. Se o dia não
é bom, mas o jogo já está 1x0 para gente, fiquem com a bola, enrola, bate
escanteio curto, já que 1x0 ou 4x1 nos rendem os mesmos três pontos.
Não fosse o time do Joinville uma das piores coisas que vi na vida, fosse a Caldense do Mineiro em campo, estejam certos de que a coisa seria diferente e poderíamos ter perdido mais dois valiosos pontos em casa.