segunda-feira, 29 de junho de 2015

Para torcida não. Pela torcida.

Ontem, no recorde de público do campeonato, o Galo jogou no horário modinha do Brasileirão 2015. A partida das 11 da manhã. Embora não tenha sido tanto quanto foi no jogo contra a Caldense, o Mineirão, outra vez, estava como uma Savassi. Prato cheio para os solteiros e corneteiros de plantão.

E o Galo até começou até bem, fazendo o que deveria fazer: partindo para cima de uma defesa absurdamente fechada. Estava claro que eles vieram para ficar todo mundo atrás e tentar achar um gol, mas se não achasse, também estava de bom tamanho. Antes da bola do Leo Silva entrar, diga-se, eles não chegaram nem perto de ter essa bola.

E nem chegariam, pois, verdade seja dita, o Joinville é um time horroroso. É daqueles, que, e quem joga pelada vai entender, de tão ruim desanima até o adversário, que se acomoda, tornando o jogo enfadonho. Algo parecido com o que aconteceu entre Argentina e Jamaica. É o tipo de partida que se torna perigosa. O jogo se torna morno, sonolento e, às vezes, o time ruim acaba achando gol nessa brincadeira. Então, recuperar o ânimo para voltar à frente do marcador é difícil.

Além disso, e isto é tão evidente quanto dois e dois são quatro, não se está bem todos os dias, não se joga bem todos os dias. E o jogador, mesmo o peladeiro, depois de algum tempo em campo percebe quando o dia não é de santo. 

Ontem era um desses dias ruins, isso estava claro, realmente a pior partida do ano. O problema é que era o jogo do horário da modinha, e parte dos torcedores da modinha pedem raça com o time ganhando, vaiam com o time ganhando e acham ruim, com o time ganhando, se alguém recua uma bola. Essa pressão ridícula de nego que não entende nada de futebol quase pôs tudo a perder.

Explico: existe uma grande diferença entre jogar para a torcida e pela torcida. Jogar para a torcida é querer agradar a arquibancada a qualquer custo, mesmo que não sendo a melhor opção. É colocar o jogador que todo mundo quer, é acelerar sempre, é dar chutão, é ser vertical, intenso e irresponsável. Jogar pela torcida é dar a alma pela vitória, independente de quando se joga bem ou mal. O que eu espero de um jogador do Galo é que ele jogue sempre pela torcida e esqueça o "para" a torcida.

Voltando ao jogo, o Levir colocou os dois jogadores que deveria ter colocado, embora, admito, teria mantido o Giovanni Augusto e tirado o Maicosuel. Na terceira mudança, vendo a situação que se desenhava, de chutões sem sentido e aceleração burra do jogo, colocaria o Cárdenas e não o Carlos. Mas, de maneira geral, foram substituições boas. O que aconteceu, no entanto, é que, as vaias e a pressão desnecessárias de parte da torcida fizeram com que os jogadores quisessem jogar para a torcida, em vez de pela torcida.

Assim, no final do jogo, com o time ganhando, sabendo que não estava na melhor das tardes, ao invés de segurar a bola, ficar com ela, ter paciência e subir só na boa, para matar o jogo; o Atlético acelerou. E, em um dia ruim, quando se acelera, tenta o contra-ataque em todo lance, a qualquer custo é óbvio que 90% dos lançamentos vão ser errados. Os chutões vão ser abundantes e a bola vai e volta, sem dar respiro para a defesa.

Ontem foi cena recorrente: o Atlético recuperava a bola. Ficava com ela limpa e tranquila. Se o jogador tocasse de lado a torcida vaiava. Então eles pegavam a bola e olhavam para frente, tentavam conduzi-la com velocidade e lançar com pressa, jogavam para a torcida, erravam os lançamentos, faziam a jogada errada. No Brasileiro, ganhar por 1 ou por 1000 são três pontos. Ganhar em dias ruins é que o faz o time ser campeão. Jogar para a torcida quase colocou tudo a perder ontem.

Se ganhar, mesmo jogando mal, não vão ter vaias no fim. Para o torcedor modinha, que vai até jogar contra se o time não tiver o tempo todo dando show, no fim do jogo valerão os três pontos. Se o time tivesse arrebentado com a bola, como aconteceu contra o Santos, e tomasse o empate, esses mesmos pela-saco do inferno estariam xingando Deus e o mundo, querendo a cabeça de todos.


Jogadores, joguem por nós, não para a gente. A arquibancada, não tem condições psicológicas de pensar o jogo e usar a inteligência. Vocês têm. Se o dia é iluminado, partam para dentro. Façam 1, 2, 3, 4, 5. Como foi o dia contra o Avaí, em que dava para ter sido uns 8. Se o dia não é bom, mas o jogo já está 1x0 para gente, fiquem com a bola, enrola, bate escanteio curto, já que 1x0 ou 4x1 nos rendem os mesmos três pontos. 

Não fosse o time do Joinville uma das piores coisas que vi na vida, fosse a Caldense do Mineiro em campo, estejam certos de que a coisa seria diferente e poderíamos ter perdido mais dois valiosos pontos em casa.