A frase do Levir Culpi dita, na
excelente coletiva de ontem, para resumir o time do Galo não pode se
restringir ao gramado. Tem de ser uma filosofia de equipe, passando, inclusive,
pelo treinador, que também precisa ser humilde em seu trabalho e refletir sobre
suas convicções. Tem de passar também pela diretoria, para que o clube mantenha
sua austeridade e, com ela, a ambição.
Os elogios são muitos e vêm de
todos os lados, aliás, muitos deles já vinham antes da liderança e agora se
aumentam exponencialmente. É verdade são, em parte, merecidos. Uma vitória
maiúscula sobre o Inter, a quebra de tabu e a demonstração de, em grande parte
do tempo, um time maduro, encorpado e que sabe o que quer. Além de ser um time que tem sido bem regular.
Mas nós podemos acreditar nisso,
os caras lá dentro, do Belmiro ao Nepomuceno, não. Nos lembramos claramente do que
aconteceu a última vez em que os elogios tomaram a cabeça dos jogadores do
Galo. Foram 5 pontos perdidos em casa. É verdade que recuperamos esses pontos
perdidos ganhando do Inter e do Flamengo fora, mas, esses pontos de
recuperação, poderiam ser bônus e uma margem para o segundo colocado.
Sinceramente, não gosto dessa
pressão de liderança. Acho, hoje, a posição do Grêmio a mais confortável delas.
Quase como franco atirador, ninguém fala, ninguém exalta e os gaúchos, mineira
e ironicamente, vão chegando. Bola temos muito mais do que os gremistas, mas só
bola nunca ganhou nada.
Ontem, assistindo a entrevista do
Levir, acho que ele aprendeu a lição dos maus resultados contra Cruzeiro e
Santos. O jogo do Beira Rio foi equilibrado, perdemos alguns gols incríveis – o
Pratto está precisando colocar o pé na forma – mas o Inter teve certo
domínio. O primeiro gol do Galo foi uma jogada que começou toda errada, mas deu
certo. Isso não retira o mérito do time, que jogou bem. Que, depois do primeiro
gol soube jogar e deu uma verdadeira aula de como se portar com um homem a mais
em campo. No final, o Galo poderia ter até feito mais, mas não foi nenhum
passeio.
O treinador reconheceu isso. O
grupo também. Aliás, ontem, finalmente, o Levir colocou a mão na consciência e
disse que pode variar o time conforme o adversário. Jogos com um volante,
outros com dois... Também reconheceu a importância de jogadores do banco, e das
alternativas diferentes para situações diferentes. Gostei de ouvir ele citar o
Cárdenas, por exemplo. E não nos esqueçamos do reforço que volta do México e
que o Levir vai ter que colocar para jogar. Hoje temos time, bola e elenco para
sermos campeões. Mas, com humildade, mineiramente. Porque somos a bola da vez,
e cada partida, a partir de agora será uma verdadeira batalha.