segunda-feira, 13 de maio de 2019

Erros de avaliação

A torcida do Galo está irracionalmente chata, com comportamento persecutório e nocivo ao time. É óbvio, por exemplo, que o Victor não vive grande fase. Agora, achar que os gols do Palmeiras eram defensáveis, já é sacanagem. Xingar o Rocha, bisonho. Deveriam falar do Alexandre Tadeu que abriu mão do melhor lateral do Galo nos últimos 25 anos, empatado, talvez, com o Dedê, mas com muito mais serviços prestados. Vaiar antes do fim da partida é ridículo, algo muito Nutella e que reflete uma bizarrice que ouvi de um torcedor no fim do jogo: "quero vir em um jogo que eu tenha certeza que o Galo vai ganhar". Cara, se for assim, não é jogo...

E esse é só mais um dos erros de avaliação de ontem. O primeiro, que até foi transparecido na fala do Elias, foi da diretoria. Não era jogo para o Mineirão. Por mais que não houvesse TV, era dia das mães. A diretoria superestimou as três primeiras vitórias e, claramente, não acompanha a torcida. Nem estou falando em aspirações, mas no sentido mercadológico mesmo, de monitoramento de público. Qualquer um que fizesse isso perceberia que os 9 pontos no Brasileirão e a classificação à Sul-americana não foram suficientes para recuperar a sintonia com a torcida. Talvez, uma vitória contra o Palmeiras fosse, enfim, virar essa chave, era jogo para o Horto. Além disso, ainda falando de estádio, o Horto é um caldeirão e o Mineirão quase campo neutro, sobretudo para um time como o Palmeiras.

Eis o segundo erro de avaliação. E este foi geral, desde a diretoria até os torcedores, passando por comissão técnica e jogadores. O time do Palmeiras, por mais que não seja uma maravilha de organização, por mais que seja um elenco subaproveitado, é um timaço. Muito melhor do que o Atlético, sendo que grande parte dos reservas deles seriam titulares, com sobras aqui. Por isso, a diretoria deveria ter criado mais dificuldades para eles, levando o confronto para o Horto. Nós, da torcida, deveríamos ter mais paciência, entender que não estávamos enfrentando um adversário qualquer. O treinador deveria ter entendido isso e jogar mais fechado. Sobretudo, após o primeiro gol, ter mais cautela para dar tempo da equipe se recuperar emocionalmente e até entender que o empate era um bom resultado. O time, embora não tenha pecado por falta de raça, deveria perceber a necessidade de correr triplicado na marcação, de não dar espaço atrás. Deveriam entender, também, que, sendo um time inferior, não pode deixar escapar as chances nos momentos em que se está bem no jogo.

Os dois últimos aspectos foram fundamentais. O Palmeiras é um time que resolve mais no talento do que na organização. Neste sentido, o Galo fez um bom primeiro tempo. Jogou de igual para igual, até criou chances, mas as desperdiçou. Poderia ter feito o primeiro gol, o que mudaria, por completo, a história do jogo. Acontece que a marcação do Atlético, sobretudo na cabeça da área, estava frouxa, atrasada. Não dá para ser assim contra um time talentoso como o Palmeiras. Depois de um bom primeiro tempo, quase nos acréscimos, os caras acertam um chute absurdo e abrem o marcador. O empate não era ruim. Primeiro tempo acabando, vamos segurar o jogo, marcar os caras e renovar as energias no intervalo. Não pode tomar um gol assim.

Faltou o Horto, faltou a sintonia. O time desestabilizou emocionalmente e quis começar o segundo tempo dando uma resposta imediata, como fez contra o Ceará. Erro de estratégia: o Palmeiras não é o Ceará. Era necessário recobrar a confiança aos poucos, crescer no jogo, porque, certamente, o Palmeiras se retrairia. Mais uma falha de marcação e o segundo gol logo no início do segundo tempo acabou de desmontar o time emocionalmente, com o auxílio, impiedoso e burro das arquibancadas. A partir de então, o não teve mais jogo para o Atlético, apesar da correria e entrega dos atletas. Neste sentido, aliás, todos se doaram ao máximo, apesar de ter me incomodado muito a saída do Ricardo Oliveira pelo meio do campo, em vez da linha de fundo.

Não podemos mais ter erros de avaliação. É preciso erguer a cabeça, reconhecer que a derrota foi para um time muito superior. Entrar em campo quarta em sintonia com a arquibancada e tendo a consciência que essa cisão só atrapalha ao clube. Entender que estamos em um estágio de formação e que ir para cima não é uma opção no momento. É hora de ser inteligente, porque não há terra arrasada, e não podemos deixar que fique. Os 9 pontos iniciais no Brasileirão foram essenciais até para isso, afinal, temos uma sequência dura pela frente, e gordura para queimar. O campeonato, como bem disse o Guardiola, se decide nas primeiras rodadas e contra os pequenos. Os pontos de ontem eram perdíveis. Agora bola para frente, porque acima de tudo, todos somos Galo.