sexta-feira, 14 de junho de 2019

Jardineiro de verdade

Galo jogou bem. O São Paulo parecia o CSA: acuado, dominado, recuado. Abusava da porrada que o Vuaden, péssimo como sempre, não coibia. Amarelou em não expulsar o Hudson (por pelo menos duas vezes) e tinha um critério bem absurdo quando o assunto era cartão: contra os Bambis, total parcimônia; contra o Galo, rigor absoluto.

A diferença entre São Paulo e CSA é a qualidade. No gol, o bom Thiago Volpi pegou bem, muito ajudado pela ansiedade do Gao. Na frente, o Pato precisou de duas chances para fazer um gol, em um lance que o Adilson, amarelado, temeu ser expulso e não fez falta no Nenê. 

Quem não faz leva. O Galo teve inúmeras chances de matar o jogo e não matou. Depois do empate, em uma bola vadia paulistana, o Atlético ainda teve a chance de voltar à frente no marcador, mas aí os erros de decisão pesaram. Sobrou gente querendo ser salvador da pátria e faltou carregador de piano. Patric, ainda antes do empate, poderia ter voltado a bola para o Alerrando, mas chutou na zaga. Geuvânio, em um lance claro de rolar para trás, mostrou o porquê é reserva e porquê o Cazares é diferenciado. Quis ser herói e fazer sem ângulo. Virou vilão, levantasse a cabeça veria três companheiros livres para marcar. Levantar a cabeça, sabe? Como o Cázares fez contra o Santos antes de dar a bola ao Chará? Pois é... Luan, incomodado por estar zerado no Brasileirão, também se precipitou nas finalizações, sobretudo em uma no fim do jogo em que, afobado, fechou o olho e chutou. 

De fato, faltou decisão. O time todo esteve bem, mas hoje faltou aquela atuação acima da média. Aquele dia que o Cazares está mais do que inspirado, ou que o Chará acerta até o que ele não tentou. Na prática, tivemos um time todo nota 7, mas ninguém foi 8 ou 9, para matar o tricolor. No final, contra um freguês de carteirinha, um resultado muito pior que o desempenho: o empate e um mês em 5° lugar aguardando as caloteiras pela Copa do Brasil, no dia 10.

Existe, contudo, algo para além do desempenho que me agradou muito: a entrevista do Rodrigo. Enfim, estou convencido de que, a não ser que chegue o Becaccece ou o Coudet, ele é o nome para treinar o Galo. Ele leu o jogo como nós lemos, ficou incomodado com o empate, como nós ficamos e gostou do desempenho como nós gostamos. Embora, ainda ressalve a postura "URTista" fora de casa.

Brigar com o Palmeiras no Brasileirão é praticamente impossível, no mínimo impensável. Na Copa do Brasil, eliminar o Cruzeiro é a missão. O título mais plausível é a Sul-americana. Mas o melhor do Galo este ano, se não se iludirem como ano passado, é o legado. Esse time, com esse treinador, tem tudo para ser um grande time no ano que vem. Mas, repito, não se deixem levar por un desempenho, até o momento, superior às expectativas. Calma, vamos pensar em longo prazo por que a semente está plantada e, dessa vez, por Rui Costa, um jardineiro de verdade.