quinta-feira, 18 de junho de 2020

Respeitem Santo

Antes de mais nada, preciso me desculpar pela falta de frequência. A ausência do futebol efetivamente está tornando o noticiário uma série de especulações e notícias fora do campo, quase como nos finais de temporada, só que sem nenhuma perspectiva de volta. Até porque, voltar o Galo e não poder ir no estádio, é de cortar o coração.

De toda forma, o motivo de eu não estar escrevendo é menos nobre que o Galo: excesso de trabalho, que me atingiu de sobremaneira por conta da pandemia. Assuntos não faltaram (na verdade não faltam), um texto com todos ficaria complexo e confuso, por isso, aos poucos, prometo, vou tentando colocar tudo em dia.

Mas vou começar por aquele que mais incomodou durante toda a pandemia: a possibilidade de saída do Victor. Sampaoli é um grande técnico, não tenho dúvidas disso, mas, aqui, o Santo padroeiro - consolidado e festejado - é outro. São Victor merece e sempre será idolatrado pela torcida do Atlético, e ainda que alguns achem isso puro saudosismo, relembro o clássico do início do ano em que ele, mais uma vez, fez milagre e impediu um desastroso empate naquela partida.

Devo confessar, até, que gosto muito do Rafael. Mas não dá para simplesmente descartar o Victor. Ele é diretamente responsável pelas maiores conquistas do Atlético e - que me perdoem os Deuses do futebol - me arrisco a dizer que foi mais importante do que o Ronaldinho para o Atlético. Ele não é apenas o maior goleiro da história do clube, mas, certamente, um dos 10 maiores jogadores da história e um dos 5 mais vitoriosos. Existe um Galo pós-Victor, afinal, os menos novos se lembram o quanto sofremos na meta entre a saída do Diego Alves e a chegada do Santo.

Não importa o tamanho do Sampaoli, do Alexandre Mattos. Eles têm que comer muito arroz com feijão para chegarem aos pés do Victor no Atlético. O Victor atingiu aquele patamar que torna impossível - ao menos para mim - vê-lo atuando em outro clube. No Brasil então, impraticável. É tipo o Léo Silva: o cara tem que aposentar aqui e ter um cargo.

Não estou dizendo que ele deve ser um titular cativo, isso não existe. Mas daí a cogitar não renovar e simplesmente descartá-lo dos planos porque, supostamente, ele ruim com os pés não faz sentido. Até gosto dos conceitos de futebol moderno, mas tudo tem limite. Goleiro tem que defender as bolas. Victor é um dos goleiros com o melhor indíce de defesa de pênaltis no Brasil. É um número absurdo. Chegou a ser de 25% em 2018 (6 anos de Galo, à época e tinha 25% dos pênaltis defendidos). Isso sem contar nos que foram errados na trave e para fora...muitas vezes porque o atacante se sente intimidado.

Espero que a diretoria do Atlético saiba lidar com a situação e entenda que, por melhor que seja o Sampaoli, ele não é o dono do Galo. E, repito, respeitem o Santo. A camisa 1 do Atlético tem dono. No mais, quanto mais bons goleiros, melhor.