Depois de quatro meses sem jogar, só treinando, o Galo voltou à campo contra o América. O empate - muito justo, por sinal - fez voltar à tona nas redes sociais aquela raça nojenta: os cornetas sem noção. Os caras criaram uma expectativa surreal, acham que o treinador é Deus, que o time já estaria pronto e que é “favoritaço” ao Brasileiro.
Bem menos. Antes de tudo, um pouco de realidade à expectativa. Sampaoli é um grande técnico, mas está longe de ser infalível, tampouco de ser mágico a ponto de montar uma máquina do nada. Gostaria de recordar que, ano passado, este mesmo Sampaoli tomou de 5 a 1 do Ituano, foi eliminado da Sul-americana na primeira fase pelo River do Uruguai e saiu da copa do Brasil, perdendo em casa, para nós. Então, muita calma nessa hora.
Não era plausível esperar uma máquina de jogar futebol, por mais que houvesse tempo de treinamento. Ainda assim, principalmente no primeiro tempo, gostei do que vi. Um time com padrão de jogo, jogando bem, tocando bola - em um estilo que, confesso, vai matar muita gente do coração -, mas muito bom de se ver. Evidentemente, confesso, teria escalado um time um pouco diferente, aliás, cada torcedor, cada treinador tem uma escalação um pouco diferente, mas não vem ao caso.
Do outro lado um bom adversário. Um time que já joga junto há bem mais tempo, bem montado, com um bom treinador e, sem dúvidas, o segundo melhor time de Minas Gerais hoje, bem superior ao Cruzeiro - como time e organização, não como elenco. Em outras palavras, o América, apesar dos pesares, é o adversário mais forte do Atlético no Mineiro, aliás, o time mais forte que enfrentamos em 2020.
Isto posto, Sampaoli está longe de ser infalível. E o Lisca, verdade seja dita, matou o argentino no intervalo. Ao retirar um meia e colocar dois laterais, dobrando a marcação no Savarino, o time do Galo se perdeu completamente. Sampaoli mexeu, mas errou. E ele mesmo sabe disso. Também não vem ao caso.
Fisicamente, o Atlético também sentiu bastante, talvez devido a forma de jogar do primeiro tempo. Ainda assim, antes do empate - já depois dos dois milagres do Rafael - perdeu uma chance clara com Marrony de matar o jogo. Marrony, aliás, que foi muito mal.
O empate veio e tem uns caras que nunca devem ter jogado uma pelada na vida, vindo reclamar do Fábio Santos. Amigo, ele fez o que tinha que fazer. Houve um erro de posicionamento crasso da zaga e, se você quer culpar alguém pelo acidente do lance, culpe o Alonso, que estava no lugar errado, muito mal posicionado. Mas a gente sabe que tem nego que simplesmente tem achar motivo para reclamar do Fábio Santos. Vai entender…
Como disse, gostei do primeiro tempo. No segundo, Lisca deu um nó no Sampaoli. Um tempo para cada time, um gol para cada. Justo. Chato, mas chuto. De toda forma, o resultado é bom para aprendermos algumas coisas óbvias, que parecem não entrar na cabeça das pessoas:
- Todos os treinadores erram. Todos vão errar em algum momento
- Não existe time formado em passe de mágica
- Atlético está longe de ser favorito ao Brasileirão
- Não dá para esperar o auge de um time que está parado há tanto tempo
- O Galo vai ganhar, perder, empatar. Vai jogar bem e vai jogar mal. Não queiram fazer cabeças rolar por isso
- Quem sabe agora, com um treinador de peso, as pessoas comecem a entender que trocar de treinador todo dia não vai fazer nenhum time jogar magicamente
- Afinal, futebol profissional não é Playstation.
- Deem tempo ao tempo. Qualquer cobrança agora é absurda, infundada e sem noção. Foi UM jogo, repito, UM jogo.
O importante é que o futebol voltou! E quarta tem Galo de novo. E que essa pré-temporada seja bem útil para que, aí sim, estejamos preparados no Brasileirão.