quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Respeitem o Santo


Durante muito anos a torcida do Galo sofreu. Diziam que havia uma cabeça de burro enterrada no Mineirão. E o nome que mudou a história do Atlético, recuperando seu caminho de glórias pós um hiato muito sofrido se chama Victor.  Sem o Santo, que não ganhou esse apelido a toa, não teria Libertadores de 2013, Copa do Brasil de 2014, Recopa de 2014. Não teríamos tido uma sequência, creio que inédita, de cinco participações seguidas em Libertadores.

Isso por si, já dá ao Victor um crédito eterno, independentemente de ele, ontem ter tido, sua pior atuação com a camisa do Galo. Se você não tem respeito ou gratidão pelo Victor, me desculpe, você não é atleticano. O tamanho dele na história do Atlético não se discute.

Ainda que não houvesse esse crédito, a simplificação e redução do atleta por conta de uma má atuação é completamente cruel. Bom, vocês lembram qual foi o último jogo do Atlético com público no estádio? Refresco a memória de vocês: o único clássico do ano. O Galo venceu por 2 a 1. Naquela partida, em março, quando o mundo ainda estava normal, Victor salvou o Atlético de empatar com o Cruzeiro. Jogou muito.

Apesar dos vômitos dos “entendidos”, qualquer um com um mínimo de noção e convívio no futebol sabe: goleiro é a posição em que a falta de ritmo é aquecimento é mais sentida. E não é só isso. Como deve estar a cabeça dos goleiros do Atlético, sabendo do esforço colossal para trazer o Everson, que nem é lá grandes coisas?

Victor entrou frio, sem ritmo, enferrujado mesmo. Nessas horas, é bom torcer para a bola demorar um pouco a chegar, para que o goleiro tenha tempo de aquecer. Logo no primeiro lance dele no jogo a bola, fácil, veio e ele, sim, falhou.

A partir daí, a falta de ritmo e o corpo frio ganham um componente a mais: a falta de confiança. Sobretudo para um goleiro, ainda mais na situação específica dele, em que os goleiros do Atlético estavam sendo postos na berlinda, naquele momento, a confiança abala e você, definitivamente, perde o chão.

Então, não acabem com a carreira do Santo, tampouco desrespeitem o maior goleiro da história do Atlético. Não sejam ingratos, porque o Victor tem crédito, tem história e, acima de tudo, nossa idolatria e respeito.