quinta-feira, 25 de março de 2021

Feliz Cento e Galo Anos!

 


Seria errado dizer que o Atlético é o meu primeiro amor. Porque ao dizer isso estaria pressupondo que não nasci atleticano. Atleticano não vem de berço, vem de útero.

Os fetos comuns chutam e ouve. Os atleticanos, além disso, gritam Galo. Grito que levam para sempre, que move uma massa, que inebria todo um estado. Tenho amigos de fora de MG que se espantam com um fenômeno natural para gente. Por isso, a primeira coisa que faço com eles em um bar, como debute, é propor um teste:

“ Solta um copo de vidro no chão”

Você que já esteve em BH sabe exatamente o que acontecerá em seguida. Não vou estragar a surpresa de quem ainda não veio.

Um fato indiscutível é que nós, atleticanos, precisamos ser estudados. Mas seria inútil, afinal, há coisas que a ciência simplesmente não consegue explicar. A paixão do atleticano é uma delas. E, com quase 35 anos, 33 de estádio, falo sem o menor medo de errar: não são nos bons momentos que o amor se prova. São nos maus. É naquele rebaixamento em que carregamos o time no colo, em que, com lágrimas nos olhos, cantávamos o hino a plenos pulmões. Ao ponto de eu ouvir na ESPN naquela noite alguns jornalistas dizerem duas coisas: uma é que caiu de pé. E a segunda é que ali já tinha subido.

Há pouco tempo, o João Guilherme, cuja mãe é alvinegra, e narrou tanto o rebaixamento quanto o título da Libertadores (em ambos eu também estava lá), disse que compreendeu a paixão do atleticano naquela partida fatídica contra o Vasco. https://www.instagram.com/tv/CATgaCVFxyg/

E carregamos aquele time nas costas para voltar, porque nunca foi milagre, sempre foi Clube Atlético Mineiro. Na saúde ou na doença. O Galo me fez sofrer, chorar, sorrir, me extasiar de alegria. Cada segundo torcendo para o Galo é um alívio. Te faz esquecer os problemas, te faz sair da cama, te faz sentir vivo.

Até porque o mundo não começou ontem e quem tem mais ou menos a minha idade sabe que torcer para o Galo nunca foi só alegria. Passamos tempos sombrios, mas nós somos atleticanos, se torcemos contra o vento, não vão ser meras crises e administrações ruins que vão nos derrubar.

O Atlético é gigante porque somos gigantes. Porque ele é a nossa a vida. Sério, vocês conseguem imaginar o que seria de vocês se naquele 25.03.1908, no Parque Municipal, aquelas almas iluminadas não tivessem fundado o Galo?

Eu não.

Por isso, hoje, no aniversário de 113 anos, eu só posso dizer ao Galo uma coisa: muito obrigado! Obrigado por ser parte da minha vida, da minha identidade, por todas as alegrias e tristezas, por me fazer sentir vivo...

Ser atleticano, não se explica, se sente. E isso não tem preço.  

E o vento? O vento perdeu mais uma!