Não tenho compromisso com o erro, não quero nem torço para estar certo, torço e quero o bem do Galo. Não vivo de Atlético ou de blog, ou de cliques. Vivo o Atlético.
Por isso, com muita alegria, vi, ontem, que o Cuca acertou o
time. Até postei aqui outro dia sobre o Fio
de Esperança. E a esperança está se confirmando. Até porque as ações valem
mais do que palavras, sempre valerão e, embora não admita, as ações do treinador demonstram, claramente, que, como eu, ele não tem compromisso com o erro.
Não quero inferir se a pressão teve efeito na mudança de
atitude, ou se foi a diretoria, o comentário do Hulk. Prefiro acreditar que é
mérito do treinador. Sampaoli e Cuca têm três coisas em comum, e só três: ofensividade,
ambição pela vitória e asco à derrota (é diferente de ambição pela vitória,
aliás, sem a outra isso até atrapalha, celebrando a frase célebre do Luxemburgo
“o medo de perder tira a vontade de ganhar”. O asco à derrota pura e
simplesmente, não o deixaria incomodado após o empate para contra o La Guaira).
Parêntese feito, imagino que o treinador percebeu o óbvio
para cumprir suas ambições: não dava para simplesmente descartar o que o
Sampaoli fez, ainda mais tendo em vista que o time foi moldado para jogar mais
posicional e menos Cucabol. E, novamente, não adianta dizer que aquele monte de
cruzamentos foi decisão mera e exclusiva dos jogadores, porque a câmera no
Cuquinha não deixa dúvidas...
No jogo seguinte, contra o Athletic, apesar do desempenho
não ser tão espetacular, o Galo começou a mudar o mindset. Como
ressaltei, ao invés do “põe na área” de Cuquinha contra o La Guaira,
ouvi à beira do campo Cuca gritar “Franco, faz um dois, um dois”.
Naquele dia, o time começou a TENTAR jogar com a bola no chão. E a partir
daquele jogo, e só a partir daquele jogo, o time começou a evoluir, e, cada dia
mais, joga um misto salutar de Cuca e Sampaoli. Do treinador
argentino, mantém a bola no chão; sai jogando constantemente; e, em
vários momentos, faz pressão na saída do adversário (o terceiro gol do Atlético
ontem poderia ter sido assinado por um time sampaolista). Do Cuca, o time
alterna essa pressão com linhas mais baixas, dando mais campo para o adversário; usa por vezes as bolas longas; pontas jogam mais pelo centro e voltam bem
mais.
Essa combinação parece estar dando certo, embora, evidentemente, precisa de mais ajustes. O time precisa ficar ainda mais próximo quando está com a bola. Também é preciso definir a questão da marcação do Tchê Tchê e seu posicionamento ofensivo com o Nacho, e o próprio Cuca sabe disso, tanto que corrigiu no intervalo. Defensivamente, a entrada do Jair e mudança de posicionamento do Tchê Tchê em relação ao primeiro volante e ao próprio Nacho, acertou o meio de campo. Ofensivamente, Tchê Tchê jogou muito bem os 90 minutos, mas é preciso atentar para que ele e Nacho não concorram por espaço no campo, ocultando o futebol de um ou de outro.
Aliás, Tchê Tchê foi outro que não teve compromisso com o
erro. Mostrou personalidade, admitiu suas falhas e trabalhou para melhorar (embora
ache que lhe falte coragem para matar as jogadas, parece que ele tem receio de
fazer faltas), mostrando o bom jogador que é, e comprovando que Fernando Diniz estava errado sobre ele. Certamente, o meia terá muito o que agregar.
Mas futebol é isso, críticas nas horas corretas e elogios também. Fato é que desde a partida contra o Athletic o Galo está evoluindo, e isso é o mais importante.
Ainda falando de evolução de jogo, houve uma melhora
substancial. Igor Rabello mais seguro e Alonso errando menos. E esse mérito é
muito do novo sistema do Cuca, em que, mesmo sem volantes mordedores (que aliás,
estão cada vez mais sem espaço), proporciona uma ocupação defensiva do espaço
que começa dos atacantes e que protege mais a defesa. Veja que atualmente, ao se defender, há sempre dois ou três jogadores do Galo na marcação.
Óbvio, ainda há o que evoluir, há o que melhorar, ainda bem;
afinal, o auge precisa se dar no ápice da temporada, lá no fim do ano... e que o Cuca e Atlético continuem assim: evoluindo, sem compromisso com os erros.