Os três pontos em Cuiabá foram fundamentais,
embora, mais uma vez, tenha contado com muito mais
sorte do que juízo. Claro, estou feliz com os três pontos, mas não se
iludam: o time precisa jogar mais. E a única comparação possível de se fazer
com a partida contra o Botafogo no ano passado é que, em ambas, o vencedor
contou com a sorte. Os jogos contra Chapecoense e Fortaleza mostra o quanto é
insegura a fórmula do 1 a 0.
Não acho que jogar no
contra-ataque seja uma tática inválida, pelo contrário. Mas, para isso, é
preciso ousar o contra-ataque. Ontem, o Galo sentou-se na vantagem, aquela
nítida de sensação de que os jogadores já se sentiam vitoriosos, o que é muito
perigoso, já que uma bola vadia podia atrapalhar tudo.
O que mais me incomodou na
partida de ontem, no entanto, é que não havia necessidade disso: Cuca não
precisava ter mudado a estrutura do time para o jogo contra o Cuiabá. Mas ele o
fez. E o fez para poder encaixar o Tchê Tchê. Com a bola que vem jogando o
Zaracho, ele não pode ficar de fora. O Arana é o titular absoluto da lateral-esquerda,
então, para não deixar o Tchê Tchê de fora, ele tirou o ponta-esquerda e voltou
ao 4-4-2.
Acho o Tchê Tchê um excelente
jogador, uma bela contratação. Agora, não acho que ele seja bom o suficiente para
se moldar um esquema em torno dele. Ele não é o R10. Hoje, se tiver que montar
esquema em função de alguém, que seja do Nacho e do Hulk. Se a vaga do Tchê
Tchê tiver que ser sacrificada, que se sacrifique!
Essa relação visceral do Cuca com
o volante é tamanha que ele mexeu no time e alterou a função do Tchê Tchê para
não o substituir! Em um determinado momento, ele ficou de ponta. E, evidentemente,
o rendimento dele ficou muito aquém nessa função. Aliás, ele só foi substituído
pelo Jair (que eu gosto mais) no fim da partida para ganhar tempo! Isso porque
durante grande parte do jogo ele ficou literalmente perdido, sem função em
campo!
Não acho que o Cuca seja o pior
ou o melhor treinador do mundo. Não acho que é hora de mudar o técnico, mas que
é preciso que ele repense algumas coisas, isso é claro! Uma delas é essa
relação visceral. A impressão que a gente tem é que se o Everson sentir, o Tchê
Tchê vai para o gol!
O elenco do Galo é muito bom para
jogar só isso, muito bom para depender tanto de um só jogador e jogar em função
de um jogador: o time do Galo não tem, nem pode ter, dono!
Espero, sinceramente, que o
discurso do Cuca ontem seja só da boca para fora e que ele esteja de fato
preocupado com a atuação de ontem, porque, por mais que queiram normalizar a
pífia atuação mascarada pelo triunfo, quanto melhor o desempenho, mais próximo
o time estará das vitórias.
Além do mais, mesmo internamente,
é muito melhor aprender e corrigir com os erros após vitórias do que após
derrotas, em que tudo parece – e muitas vezes é – oportunismo.
No mais, 3 pontos para se
comemorar e um campeonato inteiro para se disputar. O importante é sempre estar
próximo aos líderes para conseguir terminar a 38ª rodada, a única que importa,
na 1ªposição.