quinta-feira, 30 de maio de 2019

Qem tem Victor, tem Santo

A princípio apontaria as questões do jogo, questões, inclusive, que já matutava no Horto em caso de empate: a postura do time, as substituições do Rodrigo, a atuação do Igor Rabello (melhor durante os 90 minutos). Mas decidi apenas curtir a classificação. Até a próxima fase, contra o Botafogo, vai ter tempo de sobra para discutirmos isso. Até a assinatura gratuita do DAZN vence antes do jogo. Além disso, já era dia 29 quando cheguei em casa, e, depois de uma beatificada atuação do Victor, decidi esperar mais 24 horinhas para ser adequado à publicação.

Em 2012, me lembro como se fosse ontem, o prefeito, então presidente do Galo, Alexandre Kalil anunciava a contratação do Victor. Chamou a torcida de chata e ainda reforçou que se era goleiro o que queríamos, ali estava o goleiro. Neste ponto ele se equivocou: ali não estava um goleiro, estava um Santo. De lá para cá, por diversas vezes me rendi ao Santo Goleiro. Até quando não precisava. Em 2013, após um tranquilo 3 x 0 contra o Araxá, escrevi sobre o Homem de Gelo, até então, não beatificado. Victor, desde que chegou, pegou simplesmente 20 pênaltis. Um aproveitamento de quase 50%. Vocês têm alguma ideia do que é isso? Todas às vezes que alguém bate pênalti contra a gente são quase 50% de chances de ela parar no Victor!

E como foi Santo este homem, a quem, muitos desrespeitaram covardemente. Victor erra, claro que sim. Até os Santos erram. Mas tem um crédito infinito. Este homem está entre os 5 jogadores mais importantes na história do Galo e, graças aos seus milagres, o time recuperou sei patamar original. O melhor é que, como todo Santo, Victor não se curvou aos críticos. Trabalhou e recuperou sua boa forma e seu status no altar alvinegro. Mostrando que, quando o cara é foda, ele aparece no jogo grande.

E dia 30 de maio, claro, é muito especial. Já contei a história deste dia algumas vezes aqui. Uma, logo após o ocorrido; outra em outro 30 de maio. Fazendo um jabazinho, está também no meu livro. De toda forma, a história continua viva. Como eu sai do sitio perto de Sete Lagoas para ver o jogo; como eu só tive a noção do tempo quando vi as reações das pessoas ao meu redor; como jurei que o juiz tinha mandado voltar; como tive de parar o carro para me restabelecer antes de continuar viagem, e como, ali, tive a certeza do titulo. 

Depois vieram as disputas de pênalti na semifinal e na final e meu Santo Protetor, cujo dia é hoje, ganhou tanto a minha veneração que na noite do título, ou melhor na madrugada do dia 25.07.13, pouco antes de iniciar a disputa dos pênaltis daquela final, prometi - e vou cumprir - se o Galo for campeão, quando tiver um filho, ele se chamará Victor.

Dia 28.05.2019, quase 6 anos após, e muitos outros milagres na conta, naquele mesmo Horto, naquele mesmo gol, e, em um dos lances, com aquele mesmo pé, Victor fez o inacreditável. Na hora que fomos aos pênaltis tinha algumas dúvidas. Sabia que o Victor pegaria algum, quase sempre pega. Mas só conhecia três batedores: Fábio Santos (o oficial), Léo Silva (que bateu na final da Liberta) e Luan (que vez por outra cobra um). Inacreditavelmente, não precisamos de mais que isso. Torci muito para que o Galo fosse o segundo a bater, como foi contra o Olímpia em 2013. O batedor teria mais segurança após as prováveis defesas do Victor.

O Santo Homem defendeu a primeira. Não bastasse, defendeu a segunda e terceira. Os batedores desconhecidos não precisaram nem entrar em ação. Mais uma vez Victor. Mais uma vez Santo e, creio eu, mais uma vez profético e simbólico. A chave virou. A confiança voltou. A Sul-americana será nossa, porque quem tem Victor, tem Santo.  Aliás, o dia de São Victor é hoje, mas pode ser prorrogado... Maio não é só mês das mães e das noivas, é mês de São Victor do Horto

E este Santo estará sempre no altar dos atleticanos. Digo mais: que, encerrada a carreira deste Mito, que se faça uma estátua, um altar para ele, seja no novo Estádio, seja no CT, seja na Sede seja na Praça 7. Ele merece.